Fotos que Documentam o Movimento Desencadeado pela Morte de Eric Garner

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Fotos que Documentam o Movimento Desencadeado pela Morte de Eric Garner

As imagens foram tiradas no final de três protestos do ano passado em Nova York inspirados pela brutalidade contra um homem negro desarmado.

Todas as fotos por Christelle de Castro.

Dia 17 foi o aniversário de um ano da morte de Eric Garner nas mãos do Departamento de Polícia de Nova York. O assassinato de Garner, que foi filmado, ajudou a chamar a atenção dos EUA de volta para o problema da brutalidade policial e do legado não resolvido do policiamento com carga racial. E as 11 súplicas de Garner de "Não consigo respirar" se tornaram o grito de guerra da luta contra esse sistema, servindo como um catalisador que ajudou a mobilizar toda uma nova geração de ativistas.

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Christelle de Castro, uma fotógrafa e diretora de arte que mora em Nova York, estava lá quando as coisas começaram a ferver e as pessoas saíram às ruas para protestar. As imagens abaixo foram tiradas no final de três protestos do ano passado em Nova York inspirados pela brutalidade contra um homem negro desarmado. Veja as imagens e leia o que Christelle tem a dizer um ano depois de tudo.

VICE: O que te inspirou a documentar esses protestos?
Christelle de Castro: Minhas raízes estão na fotografia de rua. Mas, depois de sete anos trabalhando comercialmente, minha relação com isso mudou. Eu me esqueci como era carregar minha câmera todo dia e documentar coisas do cotidiano. Na verdade, quase saí de casa para meu primeiro protesto no ano passado sem minha câmera. Foi uma decisão de último minuto levar meu equipamento. Ativismo está no meu sangue – protestei contra Bush em São Francisco quando era adolescente. A diferença agora é que sou uma fotógrafa profissional; então, ganhei uma nova plataforma para o ativismo, o que defino como uma reportagem honesta através de fotos.

O que a morte de Eric Garner significou para você como uma artista não branca em Nova York ?
Como nova-iorquina, isso me deixou incrivelmente triste. Como uma pessoa não branca, me senti frustrada e com raiva. Com americana, acho que senti principalmente vergonha.

Um ano depois da morte de Garner, em que ponto você acha que estamos na questão de brutalidade policial?
Vamos falar de Sandra Bland, que foi encontrada morta em sua cela na cadeia recentemente. Os EUA foram construídos sobre violência direcionada contra os corpos de pessoas de cor, principalmente escravos afro-americanos. A brutalidade policial contra os negros é uma continuação desse legado. Não acredito que muita coisa mudou.

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Como você acha que podemos levar o movimento #BlackLivesMatter além e qual a responsabilidade de fotógrafos e artistas nisso?
Não acho que artistas têm a responsabilidade de serem ativistas. Meu trabalho é político às vezes porque sou uma pessoa política. Como pessoa não branca e nos dias de hoje, é difícil não ser. Por exemplo, 80% das minhas postagens diárias no Facebook são sobre raça e sexismo, mas essas conversas nas redes sociais são um reflexo da minha experiência como mulher queer não branca e não são necessariamente motivadas por um senso de responsabilidade como artista. Coloco ativismo no meu trabalho porque essa é minha maneira pessoal de expressão, de me conectar com os outros e de lidar com a situação.

Acho que os americanos têm a responsabilidade de mudar o currículo de história que é ensinado nas escolas. Nossos livros de história precisam ser honestos, por mais brutal que isso seja. Os estudantes aprendem uma versão leve e floreada sobre como os EUA foram "fundados" – isso só obscurece o colonialismo e quão insanamente bárbara, violenta e horrível era a escravidão.

Precisamos ser honestos com nossos filhos para não criarmos um bando de americanos uniformizados e preconceituosos. A ignorância do privilégio branco opera nessas histórias opacas. A falta de perspectivas sobre o que é escrito, contado e visto pelas lentes de pessoas não brancas é a principal razão para o currículo de história ser tão vago sobre a violência sob a qual o país foi construído. Precisamos dar aos estudantes mais teóricos negros, não brancos e queers, gente em que eles possam se inspirar e se sentir empoderados. Talvez assim todos nós possamos respirar.

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Todas as imagens por Christelle de Castro. Siga-a no Instagram.

Tradução: Marina Schnoor