Todas as fotos por Fernando Gomes
Fazendo festa pelo direito de lutar, a Afrobapho é uma iniciativa que se estendeu de uma página no Facebook para a noite de Salvador em forma de música, dança, performances e muito tombamento. Das caixas, só sai som de preto: divas norte-americanas, funk carioca, queer rap, trap e, como não podia deixar de ser já que estamos na Bahia, pagodão. Todos os hits contemporâneos do pop marcam presença: " Work", "Hotline Bling", "Formation", " Tombei"… todas estavam lá sendo ovacionadas com coreografias, gritos e sarrações.A parte estética da festa, com ensaios fotográficos e vídeos de divulgação, além das apresentações politizadas das drag-queens, mostram que a parada ali vai além da diversão e hedonismo."O projeto AfroBapho nasceu para que vozes marginalizadas na intersecção entre raça, gênero e sexualidade pudessem encontrar vivências semelhantes, troca de informações e para colaborar com a construção de um espaço de representatividade e fortalecimento", revela Alan Costa, idealizador do projeto.A festa surgiu quando ele percebeu a necessidade de levar para o mundo real as relações criadas na rede. Outro motivador foi a vontade de dar visibilidade aos talentos do queer negro de Salvador e ao mesmo tempo absorver e propagar o que a cultura negra mundial tem oferecido, trazendo à tona pautas marginalizadas até mesmo no próprio meio LGBT. "Estamos começando agora e ainda estamos tentando levar a mensagem que queremos passar ao público. Contamos com parcerias de organizações como o projeto Desabafo Social e recentemente fizemos uma parceria com a Anistia Internacional, com foco no projeto Jovem Negro Vivo. A festa, além de ser um lugar para diversão e entretenimento, é também palco de relações e leituras sociais. Por isso, achamos muito importante esse conteúdo no nosso evento", conta Alan.O documentário Paris Is Burning foi a principal referência estética para a criação da Afrobapho. "Fiquei muito tocado por essa obra e comecei a pesquisar sobre o universo queer e a notar que existiam várias referências do queer negro, mas que não eram tão conhecidas ou celebradas", declara. Foi a partir daí que ele começou a buscar mais pessoas que se identificassem com esse universo e formou seu bonde para dar o pontapé inicial no projeto, que também tem como referências as festas Batekoo e Don't Touch My Hair. "Somos um time grandioso, que chamo de Casa AfroBapho, em referência ao conceito de "House/Haus" na perspectiva dos grupos LGBTQ do ball culture americano". Além dos DJs e performers do grupo, a equipe vai além com os profissionais envolvidos na parte audiovisual que produz vídeos de divulgação seguindo a proposta de chamar atenção saindo dos trilhos normativos de comportamento.Apesar de todo esse conteúdo, a festa ainda está só começando. Colamos na segunda edição, que rolou na última sexta de abril (29) comprovamos que o rolé é baphônico mesmo e fizemos essas fotos que você confere aqui aí na sequência.Siga a VICE Brasil no Facebook, Twitter e Instagram.
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