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Os Jogos de Simulação Mais Aloprados da História

Fora os jogos mais populares e os de nicho, o gênero vem ganhando reconhecimento também pelos títulos mais bizarros, que brincam com a noção do que é um simulador e, por vezes, até o que pode ser considerado de fato um jogo.

Sempre gostei muito de jogos de simulação, desde quando eu era moleque e pirava em jogos de aviões de combate, numerosos demais para citar aqui, às primeiras experiências com Sim City 2000 até os jogos mais bizarros como um de Mac que joguei uma vez, no qual você controlava um bartender (não consegui nem fodendo lembrar qual era, mesmo com a ajuda da internet). Os jogos de simulação têm um objetivo em comum, que é o de emular alguma atividade, esporte ou trabalho da vida real, com mais ou menos verossimilhança, mas não fugindo de mais da fonte inicial que o jogo tenta adaptar. Ao menos em teoria. A série The Sims ainda é um dos maiores sucessos dos jogos de computador ocupando o primeiro e o segundo lugar dos jogos mais vendidos de todos os tempos com a primeria e a segunda versão.

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Alguns simuladores, como a série da microsoft Flight Simulator, que começou em 1981 e até o momento já teve 13 versões, se assemelham mais a um hobby de adultos chatos como a filatelia, o modelismo e a numismática, e de forma alguma falo isso como algo ruim. Entre os jogos, também existem alguns simuladores de trem, o que soa maravilhosamente chatíssimo, e a série Truck Simulator, desenvolvida pela empresa Checa SCS, que, aparentemente, faz do desenvolvimento de jogos de caminhoneiro seu ganha pão desde 2003 com a série 18 Wheels of Steel — isso é que eu chamo de se dedicar a uma causa.

Fora os jogos mais populares e os de nicho, o gênero vem ganhando reconhecimento também pelos títulos mais bizarros, que brincam com a noção do que é um simulador e, por vezes, até o que pode ser considerado de fato um jogo. Segue uma lista arbitrária de jogos de simulação que fogem um pouco (às vezes, um muito) do convencional, ordenados cronologicamente.

Desert Bus (1995, não lançado)

O duo de ilusionistas/humoristas/babacas profissionais americanos Penn & Teller aparentemente teve pelo menos uma boa ideia na vida: fazer esse simulador de ônibus em que você tem que fazer a viagem de Tucson até Las Vegas, em tempo real, o que dura cerca de oito horas. O jogo não pode ser pausado, a direção do ônibus vira ligeiramente para a direita, o que obriga você a ficar corrigindo a rota o tempo todo. Depois de completar a viagem de oito horas, o que acontece? Você ganha um (01) ponto e tem alguns segundos para fazer a escolha de fazer a viagem de volta. Maravilha.

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Essa é a tela que você vai ver o jogo inteiro.

Embora nunca tenha sido oficialmente lançado, já que o tenebroso Penn & Teller's Smoke and Mirrors acabou cancelado, alguns reviews do jogo à época acabaram saindo em revistas do ramo e, anos depois, alguém conseguiu vazar uma cópia do jogo. O resultado foi que a galera dos games foi ao delírio e, hoje em dia, é possível jogar o bagulho até em seu browser. Também tem uma galera que desde 2007 promove o Desert Bus For Hope, rodadas coletivas do jogo transmitidas ao vivo com a galera revezando para ver quanto tempo consegue jogar o jogo continuamente e recebendo doações dos espectadores para a caridade. Em 2011, o jogo foi lançado para iOS e Android e está disponível para quem quiser comprar, mas nem todos curtiram a experiência.

Simcopter (1996)

Bons tempos quando, nos idos anos 1990, eu jogava esse jogo absurdo com meu irmão. Um dos primeiros jogos 3D de mundo aberto, em SimCopter você fica dando rolê em uma cidade, que inclusive pode ser importada de um jogo salvo de SimCity 2000, praticando diferentes missões como resgatar bonequinhos de prédios em chamas, apagar incêndios, ajudar no direcionamento do transito, reprimir manifestações populares com seu possante megafone e voz autoritária, levar acidentados para o hospital, etc. Com vários detalhes inovadores à época, o jogo SimCopter tinha um ponto positivo muito forte, que era a zoeira: você pode resgatar um coitado que deve ser levado ao hospital e, logo em seguida, jogá-lo em um lago.

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Várias coisas no jogo são inovações bem interessantes, ele apenas perde um tanto nos gráficos datados que, apesar de seu charme tosco, não envelheceram bem e perdem mais ainda com o controle horroroso que vai fazer você sem querer bater em muitos prédios e mutilar sem querer muitos inocentes que logo depois você precisará levar para o hospital. Infelizmente, ao jogar o jogo hoje em dia, você irá quase automaticamente associá-lo ao GTA e suas missões opcionais mais chatas, o que faz o jogo perder muito de seu brilho, que parece só brilhar de verdade no bailinho da saudade do gamer mais velho.

Mr Mosquito (2001)

Ah, o Japão! Nesse jogo de Playstation 2, seu objetivo ao controlar um mosquito é vagar livremente pelas fases do jogo e completar missões que são, basicamente, infernizar a vida dos pobres habitantes. Com alguns toques estranhos como ficar picando o colo de uma mina que está tomando banho, guinando um pouco para o lado taradão dos nossos amigos nipônicos. Seus objetivos costumam ser picar partes específicas do corpo de seus alvos que, felizmente, não se limitam a mulheres. Com o passar das fases, os desafios começam a se multiplicar já que a família que você está aterrorizando vai ficando cada vez mais expert em se livrar de pernilongos desgraçados como você.

Mais para o meio do vídeo tem a infame fase do banho.

Por não tentar ser um simulador de pernilongo que preza 120% pelo hiper-realismo, ele consegue ser um jogo bem razoável. Um título japonês que me vem à memória como seguindo mais ou menos essa premissa de um simulador não tão simulador assim é a série, bem gostosa de jogar, Harvest Moon, em que você controla um fazendeiro que precisa tirar seu sustento da terra e arrumar uma esposa subserviente (ao menos no primeiro jogo da série que joguei inteiro) para ao final ser julgado por seus pais autoritários que dão seu score final.

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Pyongyang Racer (2012)

Aparentemente, o primeiro e único jogo desenvolvido 100% na República Democrática Popular da Coreia, também conhecida como Coreia do Norte, Pyongyang Racer foi feito por alunos da universidade Kim Chaeq de Tecnologia e uma galera da empresa Nosotek, com o objetivo de fazer uma propaganda da paradisíaca capital. No jogo de corrida, você controla um carro sem graça que corre em uma pista atrás de barris de petróleo que enchem seu combustível de fotinhos dos pontos turísticos mais belos da cidade, os quais eu nunca tinha ouvido falar antes e não ajudaram muito a criar uma vontade louca de conhecer melhor a cidade, não. Como tudo o que emana daquele país, o jogo parece uma propaganda insana feita por pessoas com o cérebro lavado no tanque de lavar roupa. É possível jogar o jogo de seu web browser, então, se você tá a fim de ver como é Pyongyang de acordo com a imagem oficial passada pelo governo mais maluco da região, vá no site e dê uma jogada nessa pérola. Detalhe para a guardinha de transito autoritária que fica te zoando o tempo todo enquanto você joga, bem bizarro.

Por um motivo que eu ainda não entendi, o jogo fica constantemente ridicularizando sua habilidade no volante.

Surgeon Simulator 2013 (2013, obviamente)

Ok, esse jogo me enganou. Quando eu o vi em promoção por apenas cinco mangos no Steam eu fui lá e comprei. Há algo mágico em adquirir alguma coisa sem saber absolutamente o que esperar dela. Lembro de quando eu era adolescente e comprei alguns belos discos sem saber do que se tratavam, era maravilhosa a ansiedade de ficar vendo o encarte do álbum antes de poder ouvi-lo… Opa, lembrei que também rolou isso com meu saudoso Megadrive quando comprei Toe Jam and Earl em uma viagem na qual não levei meu videoga junto e fiquei com o meu irmão lendo o manual do jogo. Eu sonhei em como seria o jogo, já que aquela história toda de pegar os presentes e abrir para conseguir os power ups era surreal demais para a minha mente infantil abarcar completamente.

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Não é à toa que alguns dos milhares de nomes que dão para o capeta é CANHOTO ou SINISTRO.

Enfim, Surgeon Simulator 2013, esse jogo xexelento… Você começa o jogo e é apresentado para a mesa do consultório de seu avatar, um cirurgião, e logo na hora de escolher começar o jogo, você repara que há algo estranho… No jogo, você controla um cirurgião, ou melhor, a mão esquerda de um cirurgião, que tem que praticar operações complexas como transplante de coração e neurocirurgia. O que chama a atenção é que o controle é todo feito por sua mãozinha esquerda, que você controla usando o mouse e o teclado, com teclas individuais para cada dedo e o mouse controlando a altura e rotação da mão. Obviamente, isso torna complicadíssimas atividades simples como atender o telefone de seu escritório, quem dirá fazer um transplante de coração. Ah, sim, quando você entra na primeira cirurgia, que é a de transplante, só há uma indicação "FAÇA UM TRANSPLANTE DE CORAÇÃO". Acho que não preciso dizer como esse jogo deixou muita gente puta da vida ao redor da internet, não apenas dos jogadores frustrados, mas também dos defensores dos supostos "Jogos de Verdade". Quando você aprende que a diversão do jogo na verdade é aprender a lidar com sua eterna mão esquerda e a física meio realista meio zoeira, o jogo fica bem mais divertido — mas não deixa nunca de ser frustrante pra caralho.

Goat Simulator (2014)

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Goat Simulator não parece um simulador de bode como o anunciado, parece mais uma mistura gostosa de Tony Hawk com GTA, na qual você controla um bode pronto para causar o CAOS e DESTRUIÇÃO em uma pequena cidade. Tendo sido criado a partir de uma gostosa brincadeira que o estúdio Coffe Stain fez entre um jogo e outro, o vídeo original do Alpha do jogo foi colocado no Youtube, onde recebeu atenção mundial e uma legião de fãs que clamavam pelo jogo completo. O que você faz hoje em dia quando milhares de pessoas estão dispostas a comprar um jogo que nem era para existir direito, mas que, afinal, não daria taaaanto trabalho assim para completar? Você coloca mais gente para trabalhar nele e o lança no Steam o quanto antes! E o que começou como uma piada acabou dando bem certo.

Lindos, lindos bugs.

Olha, mamãe, sem as mãos!!!

Mas o que há de verdadeiramente louvável nesse joguinho mal construído e cheio de bugs? Você pode se perguntar. Bom, o louvável desse jogo eu acho que realmente é não só ele ter uma premissa completamente ridícula, mas o fato de que os bugs fazem parte da diversão do jogo. Deixar os bugs que não deixassem o jogo travar foi uma escolha estética consciente dos desenvolvedores, e é nisso que o jogo mais ganha. É possível sentir que o pessoal se divertiu genuinamente em juntar esse aglomerado de coisas, e não há pretensão alguma no jogo, algo que tem sido cada vez mais raro nos videojogos. Claro que, assim como tem muita gente que gostou muito do jogo, existe um grande grupo de HATERS, que fica falando mal pra caralho do jogo a torto e a direito, inclusive com a já supracitada falácia do Não Jogo, mas se você conheceu os desenvolvedores de Goat Simulator, provavelmente, não foi por seus jogos mais sérios e sim por essa gostosa zoeria, então vamos relaxar um pouco pessoal.

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Catlateral Damage (em desenvolvimento)

Se você ja foi dono de alguma espécie de felino deve saber que um esporte muito praticado em seu tempo livre, entre um cochilo e outro, é andar pelos móveis da casa e ir metodicamente derrubando os objetos que lá se encontram. Impressionados com a magia das três leis da mecânica clássica, eles parecem não se cansar de testá-las com os mais variados objetos e, com interesse rigoroso, analisar cautelosamente cada resultado. Catlateral Damage é um jogo que está em desenvolvimento e que analisa justamente este traço da psique felina. Ao controlar um bichano, você controla um gatinho que tem que jogar o máximo de objetos no chão que o tempo permitir. Ainda em estagio preliminar de conhecimento, o jogo possui uma demo na qual você pode testar as habilidades de pulo e patada de seu "acatar" felino. Parece um puta de um jogo? Não. Parece um jogo divertido para jogar com sua namorada(o) num momento de leve descontração? Com certeza. Dá para jogar a versão Alpha direto do site.

Gatinho, gatinho, quem é o gatinho bonitinho? Não! NÃO, SEU CORNOOO!!!

Classroom Aquatic (em desenvolvimento)

Classroom Aquatic me parece, por enquanto, o melhor motivo para adquirir um Oculus, o capacete de realidade virtual que foi adquirido recentemente pelo Facebook, e que permite que você entre como nunca em um abiente 3D, garantindo uma imersão surpreendente e muita gente com náuseas e dores de cabeça lancinantes. O jogo em sua demo do ano passado e vídeos que foram liberados até agora mostram você controlando um estudante de intercâmbio em uma escola de golfinhos inteligentíssimos. Entre provas de múltipla escolha sobre neoplasticismo, equações quase impossíveis de resolver e questões metafísicas específicas ao Idealismo Alemão , seu objetivo é colar as respostas de seus colegas superdotados. Em ambiente 3D você precisa dar aquela esticada no pescoço para ver o que seus coleguinhas estão respondendo em suas provas enquanto evita os olhares julgadores deles e do professor que fica vagando pela sala em meio ao exame. Aparentemente, o jogo completo não irá se resumir apenas a colar nas provas de múltipla escolha, mas ainda estamos no aguardo para saber que surpresas esse pessoal está guardando para nós.

Siga o Pedro Moreira no Twitter: @pedrograca