O primeiro grande ato do MPL. Foto: Raphael Tognini/ VICE
Em outubro de 2012, acompanhamos um protesto do MPL no Dia Nacional da Luta Pelo Passe Livre na capital paulista. Mais tarde, publicamos um documentário sobre essa rodada inicial no qual a molecada avisava: em 2013, o MPL vai parar São Paulo.As jornadas de junho começaram quentes, logo após o aumento de R$ 0,20 na tarifa. Já no primeiro ato convocado pelo MPL, no dia 6 de junho, milhares de pessoas aderiram. O ato saiu de controle depois da reação da polícia após os manifestantes fecharem a Av. 23 de Maio. Sem entender muito do que aconteceu, muita gente optou classificar o movimento inteiro como um grupo de arruaceiros — "vândalos" e "baderneiros" eram os adjetivos mais usados.Procurando ganhar força com a repercussão e aumentar a pressão sobre os governos estadual e municipal, o MPL convocou rapidamente um segundo ato, marcado para o Largo da Batata. Quando a marcha seguiu para a Marginal, mais bombas da polícia. Apesar disso, nada de balbúrdia por parte dos manifestantes.Qualquer um que não tivesse de chapéu e testemunhasse o terceiro ato, que saiu no dia 11 da Paulista rumo ao centro debaixo de forte chuva carregando uma pequena multidão, saberia que não tinha mais volta. São Paulo já havia parado, e a tarifa teria que baixar. Ainda assim, após mais tretas com a polícia, subindo do Terminal Parque Dom Pedro II até, novamente, a simbólica Avenida Paulista, Geraldo Alckmin e Fernando Haddad seguiam irredutíveis em negociar a redução da tarifa. Pelo contrário: o governador pediu para a polícia ser mais dura ainda com, bem, os vândalos.O que nos leva ao fatídico quarto ato, no dia 13 de junho. Enquanto os editoriais da "grande mídia" pediam mais porrada pra cima dos manifestantes, mais gente ainda se reuniu no Teatro Municipal. Subindo a Consolação, a massa parou, barrada pela polícia. Antes de o trajeto ser negociado, o recado da polícia veio rápido, à bala de borracha e muito lacrimogêneo. O que antes era uma batalha simbólica pelo cartão postal da cidade, se transformou num massacre. Os policiais encurralavam todo mundo, prendiam às pencas, atiravam a esmo. Dezenas ficaram feridos, incluindo gente que estava apenas de passagem pela área. Entre eles, mais de vinte jornalistas, de diferentes veículos, no exercício da profissão – muitos deles cobriam de perto os protestos desde o Primeiro Ato. A reação truculenta e completamente desproporcional amplamente documentada virou radicalmente a mesa na opinião pública (que, diga-se bem a verdade, já mudava aos poucos nas ruas desde o começo da jornada). A condenação da ação do estado foi praticamente unânime, e viria a selar o destino dos 20 centavos. Depois da segunda-feira, 17, tudo seria diferente.Agradecimentos especiais: Antônio Jordão e TVT http://www.tvt.org.br/
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