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A mensagem que os EUA recebeu na terça-feira foi simples assim: demografias não representam destino. Ou, talvez mais simples: ainda não.Os eleitores brancos — geralmente desprezados como misóginos racistas — afirmaram-se em grande escala. O comparecimento massivo na votação deste ano, que excedeu as projeções, mais que compensou a explosão na votação adiantada (com forte apoio dos hispânicos) que favoreceu Clinton em vários estados. E enquanto alguns simpatizantes de Clinton logo disseram que viam uma evidência de simples preconceito no apoio massivo a Trump, a história obviamente é um pouco mais complicada que isso."Não acho que ajuda dizer que foi 'raiva contra a economia vs raiva contra a cultura'", me disse Theda Skocpol, cientista política e socióloga de Harvard que estuda o Tea party. "Acho que foi um sentimento de ser ultrapassado, de uma perda de status que Trump expressou.""Também acho que podemos exagerar a sociologia disso", acrescentou Skocpol como precaução. "Acho que a carta do [Diretor do FBI James] Comey foi crucial. Ela criou uma janela por onde todos os ataques a Hillary puderam ser renovados."É fácil culpar a derrota de Clinton, pelo menos parcialmente, à aura de escândalo que, de maneira correta ou errada, cercou sua campanha. Mas apesar das falhas de Clinton, não eram os eleitores hispânicos, irados e aterrorizados com a perspectiva de Trump vencer, que iam salvar o dia? O que mais ouvimos antes da eleição era como Clinton estava dominando em mandar seus eleitores para as urnas, o que parecia garantir sua vitória.Os eleitores brancos — geralmente desprezados como misóginos racistas — afirmaram-se em grande escala.
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"Ainda temos que entender o que deu errado, honestamente", me disse Celinda Lake, uma especialista eleitoral dos democratas, no final da terça-feira. Ela continuou dizendo que viu provas de votos "escondidos" ou "secretos" na pesquisa de sua própria empresa e outras pesquisas no verão, nas quais a intenção de voto online capturou mais apoio para Trump do que as pesquisas por telefone. Isso pode representar uma versão específica do "Efeito Bradley", uma espécie de voto silencioso, batizado com o nome de um prefeito de LA cujas pesquisas previam uma vitória fácil na corrida eleitoral da Califórnia em 1982, mas que acabou perdendo. A explicação para essa discrepância, muitos observadores suspeitam, foi que eleitores brancos não querem admitir que estão contra o candidato negro nas pesquisas por telefone. Basicamente, eles não querem ser vistos como racistas.Talvez não saibamos como avaliar a opinião pública no final das contas.
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