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Botamos as Mãos no 'Simulador de Batman Definitivo', 'Arkham Knight'

O capítulo final da trilogia da Rocksteady é maior do que qualquer jogo anterior do Batman, mas será que o seu tamanho fará tudo valer a pena?

Batman e Asa Noturna se juntam para bater nos capangas do Pinguim em Arkham Knight.

Ser o Batman num videogame nunca foi tão emocionante quanto nos últimos dois jogos da Rocksteady com o ícone da DC. O estúdio de Londres produziu Arkham Asylum em 2009, o que rendeu aplausos substanciais. Já Arkham City, de 2011, foi ainda melhor (pelo menos eu achei), levando a ação da infame instituição de Gotham para as ruas e os esgotos infestados de crime da metrópole.

A Rocksteady deu uma pausa depois de City para focar uma experiência de Batman exclusiva para consoles de nova geração, permitindo que a Warner Bros. Games Montréal preenchesse a vaga na época com a prequela Arkham Origins. A recepção foi morna e veio com críticas pela reciclagem de elementos de jogabilidade anteriores (além dos problemas com a taxa de quadros). Foi legal voltar a Gotham, mas, sem novos truques ou notas reais acrescentadas ao arsenal do Batman – fora sequências de análise de crimes –, Origins não tinha o fator convincente de Asylum e City. Mas o título deste ano, Batman: Arkham Knight, pretende corrigir esse curso crítico, levando a saga de volta aos elogios, às notas altas e ao prestígio que vêm com a entrega de um jogo AAA que realmente cumpre suas promessas. E o jogo está prometendo muito.

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Uma versão muito real do Batmóvel de Arkham Knight está em exposição no showroom Joe Macari, Londres.

"Foi uma enorme oportunidade para nos concentrarmos em consoles de nova geração, e isso nos deu a chance de introduzir coisas que queríamos ver há muito tempo", me disse Guy Perkins, da Rocksteady, depois que passei meia hora com Arkham Knight conhecendo vários cenários e sendo apresentado a lutas colaborativas, travessias muito bem acabadas nos topos de prédios, escaneamento de cadáver (que eu não deveria ver, mas terminei as outras coisas mais rápido do que meu guia esperava) e um resgate de bombeiro. E, então, temos a questão de um certo veículo fazendo sua estreia na série Arkham. "Ter a potência adicional (do PlayStation 4 e Xbox One) significou que conseguimos criar a cidade de Gotham em sua totalidade e trazer o Batmóvel. Estamos fazendo o jogo que sempre quisemos fazer, e Batman está no ápice de seus poderes nesse lançamento."

A adição do Batmóvel é empolgante, claro, e o time da Rocksteady tem tido o cuidado de garantir que a Gotham em larga escala – o mundo aberto de Knight deve ser cinco vezes maior que o de City – não esteja dividida em seções obviamente para carro e para se andar. "Abordamos o design de maneira que eles funcionassem um no outro; então, o Batmóvel é uma extensão de você", afirmou Perkins. "Se quiser usar o carro, você pode, mas não precisa sempre." Na prática, o Batmóvel é uma engenhoca inquieta que exige tempo para se domar satisfatoriamente. A versão que joguei não tem tutoriais propriamente ditos, e é bem provável que a versão final do game mostre os muitos poderes do carro mais detalhadamente. Várias vezes, me vi apertando o botão errado enquanto controlava a visão do carro da Rocksteady, me ejetando do banco do motorista quando queria acelerar ou ativando as armas quando só queria me afastar de um muro aonde eu não devia ter ido parar. Nas minhas mãos, o Batman de Arkham Knight não era tão legal quanto seus retratos cinematográficos.

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Hera Venenosa está entre os vilões do Batman que retornam em Arkham Knight.

Mas tudo bem, porque o Batman da Rocksteady não é o mesmo Batman dos quadrinhos, o Batman de Hollywood ou o Batman do desenho animado. Ele é criação dos próprios desenvolvedores: um personagem que se inspirou em versões anteriores do Cavaleiro das Trevas, embora seja único e original do meio dos videogames. "O estilo e o tom do nosso Batman é diferente dos outros", explicou Perkins. "Trouxemos Kevin Conroy de volta, fazendo a voz. Procuramos inspiração em todo tipo de lugar – pode parecer brega dizer isso, mas muita gente no estúdio é fanática pelo Batman. Todo mundo tem um Batman favorito, um ator, série ou programa. As pessoas amam o Batman em todos os seus disfarces; assim, que o nosso seja considerado entre todos esses é ótimo. É um privilégio maravilhoso."

Perkins quis destacar o aspecto emocional e pessoal da história de Knight, que vai colocar Batman contra o Cavaleiro de Arkham do título, um novo vilão original do estúdio, e o Espantalho, que juntou vários adversários conhecidos, como Charada, Pinguim e Hera Venenosa, para tentar derrubar o herói. No corte vertical que pude ver do jogo, há poucas pistas de como a história vai se desenrolar; no entanto, como os títulos anteriores da série primaram pelas narrativas ousadas, não tenho dúvida de que a Rocksteady vai realizar um enredo que mantenha o jogador fisgado além da busca pelo troféu e das corridas com o Batmóvel.

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"Já fizemos coisas assim no passado, como matar o Coringa no final de City – o que foi um movimento corajoso", frisou Perkins, se referindo à sequência climática em que, sim, a Rocksteady apagou o maior supercriminoso de Gotham. "Ele morreu mesmo. E isso muda Arkham Knight de uma perspectiva de narrativa, porque quem vai tentar tomar o lugar dele? O Espantalho saiu em City por uma razão, e foi para trazê-lo de volta agora. Assim como Coringa é parte da psique do Batman, o yin de seu yang, o Espantalho é quase o mesmo que Batman, tanto que ele usa o medo como arma-chave. Ele é um personagem interessante para colocar contra o Batman, já que ele não é fisicamente intimidador, mas mentalmente desafiador.

"O Batman não é indestrutível – ele é um cara numa fantasia, e essa vulnerabilidade é evidente. Temos essa história pessoal mostrando a própria agenda dele. A história que estamos contando é muito emocional – pelo menos, parece para nós. E a maneira como isso está sendo desenvolvido caminha sem cortes através das missões. Se você é um grande nerd do Batman, mesmo nossa história sendo nova, há milhares de coisas que você vai identificar e coisas que vão ressoar em você. E, mesmo se não for, esse ainda é um incrível videogame de ação e aventura, mas com o Batman."

O vídeo do gameplay de Batman: Arkham Knight.

Os ingredientes são os certos para o grande game de ação que Perkins está vendendo: os movimentos do Batman são fluidos e a nova Gotham parece o playground que esse herói digital sempre precisou, cheio de quebra-cabeças complexos e detalhes ambientais que fazem referência ao folclore. No que Origins não conseguiu fazer muito de novo pelas habilidades de Batman, Knight faz através da jogabilidade, acrescentando um punhado de novas funções que vão além da chegada do Batmóvel.

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Durante o ataque a um dos esconderijos de armas do Pinguim, meu Batman se meteu numa briga de socos com um grupo intimidador de capangas – mas não sozinho. Asa Noturna se junta a ele. E, apertando um botão, seus movimentos se combinam aos de Batman para atacar em dupla um inimigo individual. Um dos quatro botões da frente permite que o jogador seja o ex-Robin, abrindo novos movimentos únicos do ajudante. Juntos, eles derrotam os capangas e lidam com o estoque de armas que, de outro jeito, iria parar nas ruas de Gotham. O combate sempre foi algo elogiado nos jogos da série Arkham, e seu sistema fluido de combos e mecanismos de luta inspirou as brigas de outros jogos. Sabiamente, a Rocksteady não tentou mexer muito em time que estava ganhando.

"Consertamos algumas coisas, refinamos elementos", destacou Perkins. "Estamos acrescentando novos movimentos ao combate e aumentando o número de animações. Agora, você não precisa quebrar seu combo, você pode achar um caminho até o final dele. Temos movimentos em que você pode levantar um bandido do chão e partir imediatamente para a porrada, o que é muito incrível. Se você estiver lutando perto de um muro, o comportamento do Batman vai mudar: há ações sensitivas no contexto. Assim, o Batman pode pular no muro ou bater a cabeça do adversário nele. Há muitas mudanças, mas o combate fundamental continua ali e não mudou. E ficamos lisonjeados que outras pessoas tenham se inspirado no nosso sistema."

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A nova Gotham é cinco vezes maior que a do mundo aberto de Arkham City.

Enquanto isso, o Charada esteve ocupado convertendo partes do esgoto da cidade em armadilhas para explodir o Batmóvel – o trecho que joguei tinha plataformas controláveis que deslizavam sobre uma morte aquática, e fica a cargo do jogador apertar o botão na hora certa, enquanto mantém a velocidade do carro, para vencer o limite de tempo do Charada. É uma distração divertida, mas só – esse caminho vai ser uma parte que visitarei apenas de vez em quando durante a história principal, a menos que eu precise dela para progredir, e devo voltar lá depois que tiver completado o enredo. O Departamento de Polícia de Gotham também está aberto para negócios em Knight, e Batman pode pegar criminosos e os jogar dentro de celas durante o jogo. E tem mais: novos acessórios, novos aliados e a ameaça constante das forças militarizadas do Cavaleiro de Arkham, que ataca com tanques e carros blindados. Deve ter sido difícil para a Rocksteady saber exatamente qual o limite com as facilidades dos novos consoles, dada a potência deles.

"Quanto você vai tirar é sempre um desafio para os desenvolvedores", confirmou Perkins. "Mas o modo como abordamos isso foi pensando sobre o que realmente queríamos criar, que era o simulador de Batman definitivo. Precisávamos do carro. Precisávamos da cidade. Mas também ter certeza de que o que estamos fazendo é relevante, divertido, empolgante e que a novidade continue durante todo o jogo."

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Essa novidade consistente é algo que não posso confirmar depois de jogar apenas brevemente o Arkham Knight; porém, o que vi até agora me enche de confiança, e estou ansioso para ver o jogo completo. Adorei City, mas, mesmo tendo gostado da experiência tensa e claustrofóbica de Asylum, estar ao ar livre realmente me deu a experiência de Batman que eu sempre quis num videogame. Knight deve ser uma expansão bastante natural de City; e, se minha intuição estiver correta, e eu conseguir pegar direito os controles do Batmóvel, essa será a conclusão da trilogia de que a Rocksteady poderá ser orgulhar.

"Esse projeto é nosso jogo final do Batman, e isso tem sido uma montanha-russa emocional", concluiu Perkins. "Estamos tristes de que isso esteja acabando." Já nós, jogadores, temos de esperar para ver que lágrimas vão cair quando os créditos do jogo começarem a rolar.

Batman: Arkham Knight deve ser lançado para PS4, Xbox One e PC em 23 de junho.

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Tradução: Marina Schnoor