Assisti a todos os filmes da Marvel em uma semana e agora eu amo essa merda
Ilustração: Ryan Meinderding/Marvel Studios.

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Entretenimento

Assisti a todos os filmes da Marvel em uma semana e agora eu amo essa merda

Isso dá mais ou menos 40 horas e 18 filmes só pra entender essa bagaça de que vocês vivem falando.

Matéria originalmente publicada em VICE US.

Vou te contar um segredo: até uns anos atrás, eu não tinha visto nenhum filme do Marvel Cinematic Universe além de Homem de Ferro. O primeiro. De 2008. É sério, não vi nem Pantera Negra.

E mais uma coisa que você deveria saber: quando eu era uma criança na era das fitas VHS, meus pais não me deixavam assistir filmes de ação. Eles compravam todo tipo de filme de arte (aparentemente porque eles não imaginavam que Bela da Tarde iria me estragar por toda a vida). O resultado disso é que eu nunca manjei muito de filmes super mainstream.

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Mas com todo o auê gerado em torno do lançamento de Vingadores: Guerra Infinita — aparentemente o plot são todos os heróis entrando em guerra com um dedão com pernas chamado Thanos? E isso deu dinheiro pra cacete? — eu pensei que era hora de me atualizar nos dez anos de filmes de super-heróis fazendo o dever de casa.

Foi assim que eu acabei gastando em torno de 40 horas (pensa só) assistindo os 18 filmes da Marvel ao longo de uma semana. Essas são as minhas impressões.

Homem de Ferro (2008) ou “O playboy que deu início a toda uma franquia” (Tempo de exibição: 2h 6m)

Faz longos dez anos desde que esse filme mostrou a transformação de Tony Stark (Robert Downey Jr.) de um arrogante, rico e bêbado degenerado em um degenerado fofo, amante-da-América, montado no metal. É o enredo clássico de espionagem corporativa, mas me diverti muito gritando para o Tony Stark e suspirando quando ele e sua assistente Pepper (Gwyneth Paltrow) trocavam sorrisos e rubores. Eu nunca tinha assistido os créditos finais antes, então quando Nick Fury (Samuel L. Jackson) o líder da S.H.I.E.L.D., apareceu, eu descobri que, se não tivesse sido tão impaciente no cinema, eu não estaria tão chocada em saber que tinham mais filmes a caminho. Um milhão de filmes.

O Incrível Hulk (2008) ou “Brancos fazendo merda na ciência” (2h 15m)

Vish. Muitos sentimentos. Essa versão da saga de Bruce Banner (Edward Norton) traz problemas sérios de Síndrome do Estresse Pós-Traumático, esquadrões da morte secretos do governo e Liv Tyler. Eu me diverti MUITO menos vendo isso do que assistindo Homem de Ferro. Eu não comecei essa maratona para enfrentar problemas reais, OK?

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Em termos de Hulks, Edward Norton é o meu favorito disparado: olhar pro seu rosto suado e traumatizado me levou direto ao Clube da Luta. Mas também, eu não vi nem um minuto da versão de Eric Bana dirigida pelo Ang Lee.

Homem de Ferro 2 (2010) ou “EI, TONY, PARA DE FICAR SE ACHANDO, OBRIGADA” (2h 4m)

De volta ao Tony, meu irresponsável favorito. Homem de Ferro 2 introduz a Viúva Negra (Scarlett Johansson) porque parece que o Tony precisa de proteção, afinal ele não para de falar que é o Homem de Ferro. Eu não esperava que um amadurecimento emocional de Tony enquanto ele se adapta ao seu alter-ego metálico, mas não achei isso ruim.

Eu não sei se rolou algum vilão digno de nota na franquia até o momento, mas o estranho, vingativo e sarcástico Chicote Negro (Mickey Rourke) foi divertido de ver. Nota paralela: muito bom ver o melhor amigo do Tony James Rhodes de volta depois do primeiro filme, mesmo que seja com um rosto completamente diferente agora. (Ele foi interpretado por Terrence Howard no primeiro filme e por Don Cheadle no segundo…) Não, não tem nada de estranho nisso!

Thor (2010) ou “It’s Hammer Time!” (1h 55m)

Eu passei todo esse filme levemente mesmerizada pela beleza nórdica de Chris Hemsworth. Aquele queixo quadrado me arrastou por uma porção de blá-blá-blá de ficção científica/mitologia. Eu consigo apreciar o detalhamento meticuloso na criação de todo um mundo; só não consigo lembrar nada dele. Vou deixar você com o seguinte: a incapacidade de Thor em levantar o Mjølnir (seu grande martelo de CGI) é o momento macho mais triste de toda a história dos machos no cinema.

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Capitão América: O Primeiro Vingador (2011) ou “Cap’n Murica” ou “Tem certeza que esse não é o primeiro filme do Hellboy?” (2h 5m)

Aí sim! Agora chegou o universo cinemático que eu vim ver! Dito isso, eu NÃO consegui deixar de comparar esse filme ao primeiro Hellboy. Magia oculta, tundra congelante, rostos vermelhos, soldados meio nazistas (ou totalmente nazistas)… mas, apesar das semelhanças, esse foi meu filme favorito da Marvel até o momento. Steve Rodgers (Chris Evans) é nobre, seu escudo é feito de Vibranium (nos vemos em Wakanda) e seu inimigo Caveira Vermelha (Hugo Weaving), membro do #EsquadrãoTestão tá aí para mandar uma vilania mais vilanesca. Cap é mais emocionalmente acessível do que seus compatriotas bilionários/monstros verdes/deuses do trovão. E aparentemente, depois de umas dez horas, estou começando a ficar afeiçoada a personagens fictícios.

Os Vingadores (2012) ou “Vamos destruir Nova York (de novo)” (2h 23m)

A turma toda tá aqui! Honestamente, eu fiquei entediada com esse filme. Eu vi Nova York ser destruída tantas vezes que já estou amortecida. Claro, é daora ver Thor, Homem de Ferro, Capitão América, Hulk: agora com Mark Ruffalo, Viúva Negra e Gavião Arqueiro (Jeremy Renner, que teve uma introdução meia boca em Thor) juntos de galera, mas eu queria mesmo era ver os Vingadores reunidos num café, pique Friends, para rolar um pouco de diálogo pré-destruição. É difícil se importar com eles quando eles têm, tipo, umas dez falas cada um em todo o filme. Além disso, é alien de CGI pra caramba! Agora vou ali descolar um shawarma.

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Homem de Ferro 3 (2013) ou “Homem de Ferro demais” (2h 15m)

Tony Stark bem lixo de sapatos Ferragamo. Amei. Mas Tony Stark também precisa de um psiquiatra, um DE VERDADE, não um terapeuta tipo Bruce Banner, de um longo retiro de ioga, e precisa PARAR DE FALAR COM A IMPRENSA. Sim, ele é um gênio com um coração que sangra vermelho, azul e branco, mas ele não tem nenhum senso de autopreservação. A melhor parte desse filme é ver ele enfrentar as consequências de quebrar o código dos super-heróis: proteger a sua identidade a qualquer custo. Ver a casa dele afundar nas profundezas foi um tanto satisfatório. Estou cansada de reviver o Terrível Passado do Tony™, por sinal. A gente entendeu — ele era um cuzão. Mas rola uma dancinha/rebolada do Tony no filme, então vamos passar essa.

Thor: O Mundo Sombrio (2013) ou “O Loki precisa de um terapeuta” (1h 52m)

“A sua herança era morrer quando criança!” Bem, CARAIO Odin (Anthony Hopkins), bela maneira de conquistar o amor do seu filho homicida! Eu também me vestiria de preto e tentaria sabotar meu irmão se eu fosse Loki (Tom Hiddleston). E eu tenho 100000% de certeza de que o Rei da Noite de Game of Thrones está nesse filme… Prestar atenção no (obrigatório) blá-blá-blá de ficção científica/mitologia foi mais fácil dessa vez porque eu sabia que Thor ia girar aquele martelo e que os corpos voltariam ao chão. Loke é um gigantesco complexo de inferioridade embrulhado em couro. Mas esse tipo de disfunção gera um ótimo drama!

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Capitão América: Soldado Invernal (2014) ou “Amigos: Quantos temos mesmo?” (2h 16m)

R-A-P-A-Z. Capitão América voltou depois de ficar congelado por décadas, e ele está arrasando. As tentativas de Steve de se adaptar ao mundo moderno são encantadoras (aquele caderninho!), mas eu senti uma tristeza horrível porque todo mundo que ele conhecia morreu ou tá bem velhinho. Pode rir se quiser, mas eu não tinha ideia de que o Soldado Invernal na verdade era o Bucky (Sebastian Stan) depois de uma lavagem cerebral. Nessa você me pegou Marvel!

Essa foi a maior quantidade de Nick Fury que eu já experienciei, e eu gostaria de ver mais dele; ele é um líder calmo e competente e têm credenciais de segurança para seu olho perdido, o que mostra que ele é um homem muito prático. Eu também AMO quando o Nick diz “Não confie em ninguém” e o Steve não só conta pros outros o que o Nick disse como sai confiando em todo mundo. Nota paralela: eu shippo o casal Steve e Viúva Negra. “Qual foi seu primeiro beijo desde 1945?” *Começa uma fanfic no Archive of Our Own*.

Guardiões da Galáxia (2014) ou “Eu não vim aqui pra chorar, filho da mãe!” (2h 5m)

Eu adorei essa família destemida e bagunçada com sua miríade de problemas emocionais e – o mais importante — a sua trilha sonora. Temos Star-Lord (Chris Pratt), uma jukebox ambulante abduzido por aliens quando criança; Rocket, o guaxinim cleptomaníaco (Bradley Cooper, rs); a planta senciente favorita de todos, Groot (Vin Diese); Gamora (Zoe Saldana) a assassina sempre irritada; e uma máquina de vingança ambulante chamada Drax (Dave Bautista). Temos um Enredo Básico™ com as Pedras do Infinito™, mas estou nessa pelo calor e pelo amor. Famílias escolhidas nos sustentam, e é bom ver que isso também funciona no resto da galáxia. Aliás: NINGUÉM ME FALOU QUE O BENICO DEL TORO ESTAVA NESSE FILME E ESTOU MAGOADA!

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Vingadores: A Era de Ultron (2015) ou “Cara, eu disse que eram Homens de Ferro demais” (2h 22m)

E estamos de volta! Nada como assistir a velha turma dando rolê, bebendo e sendo atacada por robôs conscientes. Eu fiquei animada em ver mais filmes de galera depois desse aqui; a química entre os heróis é boa, Nova York está relativamente segura e Tony e Bruce são os responsáveis por essa tempestade de merda dos robôs e todos sabem disso. Entendo o porquê de ter que assistir todos os filmes antes desse aqui; não há tempo hábil para nos refestelarmos em litros de desenvolvimento de personagens, mas há tempo para grandes explosões e destruição sem limites.

Homem-Formiga (2015) ou “Não vou mentir, assiste a esse filme meio por cima” (1h 58m)

Ao consultar-me com Especialistas da Marvel, me contaram que eu poderia ver esse pela metade. E foi exatamente o que fiz ao “assistir” ao filme durante o trabalho. Desculpa, Paul Rudd. Tudo o que eu entendi é que você tinha o tamanho de um humano, e depois não tinha mais. Ah, e o Michael Douglas está neste! A Marvel realmente conta com um elenco topíssimo.

Capitão América: Guerra Civil (2016) ou “Consequências! Finalmente!” (2h 28m)

O Capitão América REALMENTE ama o Bucky. Eu iria até o fim do mundo pela minha melhor amiga — não começaria uma guerra com minha equipe de super-heróis, mas pagaria a sua fiança, certamente. A decisão de Steve de proteger Bucky a qualquer custo deu uma trincadinha no meu coração; ele em tese perdeu a maior parte dos Vingadores. Começar uma guerra com seus amigos e camaradas para proteger a sua última ligação com o passado? Bom, faz bastante sentido. Os filmes do Capitão América são os que me levaram mais longe emocionalmente, e isso me surpreendeu constantemente! Deixem o Steve ser leal a um erro, mesmo sendo um fora da lei. Isso vai matar ele hora dessas.

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Doutor Estranho (2016) ou “Sherlock Holmes, só que formado em medicina” (1h 55m)

No que parece ser um remix do primeiro Homem de Ferro, temos aqui um homem arrogante e talentoso que é transformado completamente por um evento traumático e se transforma em um diligente protetor do…, bem do universo dessa vez. Eu nunca tomei ácido ou cogumelos antes, mas assisti esse depois de comer um brownie de maconha e pensei que estava tendo uma bad trip quando o Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) enfiava o Dromammu (interpretado também por Cumberbatch, rs), o vilão que parece um Ent, num loop temporal. *Suspiro*. Olha, Marvel, eu não quero mais conhecer ninguém novo. Por favor, pare de apresentar novos personagens.

Guardiões da Galáxia Vol. 2 (2017) ou “PARA DE ME FAZER CHORAR, MARVEL” (2 h 18 m)

Eu chorei um monte. Entre a disfunção sororal, cortesia de Thanos (Josh Brolin), o dedão com pernas, o encontro de Star-Lord com seu pai-de-outro-mundo e o enterro do seu verdadeiro pai Youndu (com direito a Yousef/Cat Stevens na trilha sonora) esse filme me deixou mais emocional do que eu pensei que deixaria. O Bebê Groot e sua família amorosa e desequilibrada sobreviveram ao hype. O Groot Adolescente é um pesadelo pelo qual eu pagaria uma boa nota pra ver.

Homem-Aranha: De Volta ao Lar (2017) ou “Qual reboot do Homem-Aranha é esse?” (2h 13m)

Eu falei muita merda sobre esse filme. Eu vi a trilogia do Homem-Aranha com o Tobey Maguire nos cinemas, lá nos tempos antigos, antes do YouTube, e sofri bastante com o reboot com Andrew Garfield, então eu não conseguia entender a ideia de termos mais um Homem-Aranha.

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Mas eu curti essa versão entusiasmada e amadora do nenê Peter como Guri-Aranha (digo, Homem); e também o papel de Tony Stark como o tio bêbado que ele quer impressionar; ou a Michelle (Zendaya) e seus retratos de desespero; e Donald Glover e seu sorvete fizeram desse meu filme favorito da Marvel. Muito divertido. Nada de realismo áspero. Inspirador, porém uma bagunça. Tipo euzinha.

Thor: Ragnarok (2017) ou “It’s Not Hammer Time” (2h 10m)

Thor 3.0 finalmente me deu um deus em frangalhos. Seu mundo está desabando ao seu redor por causa dos pecados de seu pai. Poético. Temos irmãs rancorosas, questões paternais, o Hulk canalizando sua fúria em uma arena, e um corte de cabelo fera a tempo da primavera! Eu ri um pouco durante os outros filmes (não acho que tenha gargalhado consistentemente nesses filmes, tirando nos Guardiões e no Homem-Aranha), mas esse foi daora. Vai ter um outro filme do Thor, certo? CERTO?

Pantera Negra (2018) ou #OTalVibranium (2h 15m)

Então, é daqui que vem todo aquele Vibranium, galera! T’Challa (Chadwick Boseman) é um herói legal, mas é muito nobre pro meu gosto; eu curto mesmo é o Killmonger (e não tem nada a ver com o tanquinho do Michael B. Jordan. Nada. Juro). A estratégia de Killmonger não vai trazer nada além de caos, guerra e morte às pessoas que ele está tentando ajudar, mas ele é um homem de ação. Doeu ver ele partir. Todo mundo viu esse filme e ficou falando sem parar sobre ele, então é só revisitar seus tuites e artigos favoritos. Apenas saiba que a negritude é, e sempre vai ser, incrível, seja no mundo ficcional de Wakanda ou na vida real. Ah, e #Shuri4Life!

Vingadores: Guerra Infinita (2018) ou “Essa porra é séria, bicho” (2h 40m)

Atenção: ALTOS SPOILERS DAQUI PRA BAIXO.

ESPERA UM MINUTO. Eu fui lá e assisti 18 filmes e aí chega o Thanos, o Dedão Gigante, junta todas as Pedras do Infinito™ e acaba com metade do universo. Esse é todo o enredo, por sinal. Surpresa! E o Doutor Estranho, que tem poder sobre o TEMPO EM SI não consegue desfazer esse desastre antes? Quase joguei minha pipoca na tela.

Lá vai algumas coisas que eu não curti: Peter Parker chorando nos braços de Tony antes de ser transformado em cinzas, a morte de T’Challa (ele acabou de virar rei, pô!) e Groot morrendo DE NOVO. Reza a lenda que as últimas palavras dele para o Rocket significa “pai” e agora vou ter que assistir os dois Guardiões da Galáxia de novo só para me entristecer. Percebi que nenhum dos maiores Vingadores morreu, então acredito que a luva de Thanos discrimina entre personagens de primeira e segunda linha. Mas… que porra é essa? Eu sei que muitos desses heróis mortos têm sequências e spin-offs já marcados pro futuro próximo, e que o filme tem duas partes, mas eu ainda sinto como se tivesse tomado um soco no estômago.

Foi uma loucura. Assistir todos esses indivíduos — dotados de superforça, ou de tecnologia avançada, ou de walkmans só com as melhores da Alpha FM — convergindo para este filme valeu a agonia de assistir dez anos de filmes em uma semana. Você me conquistou, Marvel. Fui sugada. Pode levar meu dinheiro, mas trate de consertar essa bagunça!

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