Coreia do Norte afirma ter testado um míssil que pode chegar ao Alasca

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Coreia do Norte afirma ter testado um míssil que pode chegar ao Alasca

O míssil Hwasong-14 foi lançado e voou 930 quilômetros.

Esta matéria foi originalmente publicada na VICE News .

Na última terça-feira (3), o líder norte-coreano Kim Jong Un anunciou que testou com sucesso um míssil intercontinental e alertou que a arma poderia "alcançar qualquer lugar do mundo". Depois que um especialista disse que o míssil poderia chegar ao Alasca, o presidente Trump reagiu com um tuíte: "Esse cara não tem mais o que fazer da vida?"

A data do lançamento coincidiu com o feriado de 4 de julho nos EUA, o Dia da Independência. O míssil Hwasong-14 decolou do campo aéreo de Banghyon no noroeste da cidade de Kusong, e voou 930 quilômetros antes de cair no mar entre a Coreia do Norte e Japão, segundo o exército sul-coreano. O Comando do Pacífico dos EUA rastreou o míssil por 37 minutos até ele cair no Mar do Leste, o rotulando como um míssil "terrestre de alcance intermediário".

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"Como a potência mundial nuclear com os melhores foguetes ICBM, a Coreia do Norte vai acabar com as ameaças de guerra nuclear dos EUA e defender a paz e a estabilidade na península coreana", reportou a Central Coreana de Televisão. Segundo a agência estatal KCNA, o teste foi "conduzido sob o comando pessoal de Kim Jong Un".

Apesar de EUA, Japão e Coreia do Sul alertarem sobre a ameaça crescente dos testes de mísseis da Coreia do Norte, analistas acreditam que Pyongyang está a anos de ter um míssil balístico nuclear capaz de atingir os EUA. O teste da terça-feira vai forçar uma reavaliação dessas previsões.

David Wright, físico e diretor do programa de segurança global Union of Concerned Scientists, disse que durante o teste de terça, o míssil teve uma trajetória vertical, alcançando uma altitude de mais de 2.700 quilômetros. Ele disse que se o míssil fosse lançado numa trajetória normal, ele poderia alcançar os EUA.

"Se os relatórios estão corretos, o mesmo míssil poderia alcançar cerca de 6.700 quilômetros numa trajetória padrão", disse Wright. "O alcance não seria o suficiente para atingir os 48 estados continentais ou as grandes ilhas do Havaí, mas permitiria que ele chegasse ao Alasca."

Joseph Dempsey, um analista do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, nos EUA, disse que o fato de que o míssil voou por 37 minutos sugere que o esse foi o teste de "algo com maior capacidade".

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Numa resposta na madrugada no Twitter, Trump questionou quanta provocação o Japão e a Coreia do Sul ainda irão aguentar, enquanto novamente tentou forçar a China a tomar uma ação mais substantiva.

Trump e o presidente chinês Xi Jinping desfrutaram de um breve período de lua de mel, mas as relações entre Washington e Pequim deterioraram nas últimas semanas, depois que Trump, aparentemente, perdeu a paciência.

Na terça-feira em Pequim, o governo chinês não parecia seguir o conselho de Trump, e pediu calma depois do lançamento do míssil, afirmando simplesmente que se opõe a Pyongyang violar essas regras. A China está disposta a manter o status quo na península coreana, já que uma guerra seria muito ruim para a região e especificamente para o país.

Na Coreia do Sul, o presidente eleito Moon Jae-in, que tenta abrir as linhas de comunicação com Pyongyang, alertou a Coreia do Norte para não cruzar a "linha vermelha", e acrescentou que ele não sabe que consequências o Estado comunista pode encarar se continuar provocando outros países. "Espero que a Coreia do Norte não cruze o ponto sem volta", disse Moon durante uma reunião com o ex-primeiro-ministro britânico David Cameron.

A Coreia do Norte é proibida de desenvolver e testar armas balísticas por sanções impostas pela ONU. Mas Pyongyang tem acelerado seus testes com mísseis em 2017 — o desta terça foi o 14º teste desde o começo do ano.

Tradução: Marina Schnoor

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