O que o Sexy Hot pretende com o mercado pornô brasileiro?
O ator pornô Nego Catra no Prêmio Sexy Hot em 2017. Foto: Larissa Zaidan/VICE.

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O que o Sexy Hot pretende com o mercado pornô brasileiro?

Se depender do canal, o mercado brasileiro está longe de acabar.

O Sexy Hot já ultrapassou duas décadas no ar e segue como o principal canal adulto do país que disponibiliza produções brasileiras. Porém, a partir de 2014 o canal deu um passo além e começou a influenciar mais diretamente a pornografia nacional. Foi nesse ano que o canal criou o Prêmio Sexy Hot, e mais adiante, em 2017, lançou um selo de produção exclusiva de conteúdos para seus assinantes, o Sexy Hot Produções. O Sexy Hot pertence a empresa Playboy do Brasil, uma joint venture formada entre a Globosat, empresa que comanda os canais da televisão por assinatura do Grupo Globo, e a Claxson, empresa argentina que distribui canais adultos na América Latina. Além do Sexy Hot, a Playboy do Brasil comanda outras sete marcas no Brasil, são elas: Playboy TV, Venus, Sextreme, ForMan, Private e a produtora peso-pesado norte-americana Brazzers.

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A pornografia brasileira é marcada por contradições. Ao mesmo tempo em que filmes adultos nacionais são os campeões de buscas pelos brasileiros, o mercado sofre com a falta de grana, a competição com sites de streaming pornôs e também com a própria falta de reconhecimento dos performers nacionais.

A ideia de criar uma premiação para os filmes nacionais levantou a autoestima de performers, diretores e produtores do ramo, além de ter chamando atenção para o mercado adulto – algo que estava em falta desde que o gênero teve celebridades estreando em filmes. Na sua primeira edição em 2014, quando ainda se chamava PIP (Prêmio da Indústria Pornô), a lista de premiados era recheada de nomes já veteranos da pornografia e causou um frisson entre as atrizes e atores ao descobrirem que finalmente o trabalho deles (alguns indicados já somavam mais de dez anos de carreira) finalmente seria celebrado.

A cada nova edição do evento a premiação foi se sofisticando e criando mais categorias para abraçar todos os nichos que fazem sucesso entre os consumidores brasileiros. Em 2015, as categorias LGBT finalmente ganharam espaço no evento.

Para além da publicidade que o Prêmio Sexy Hot pode atrair, a intenção por trás de criar uma premiação inspirada na AVN Awards também era de levantar os ânimos do mercado nacional e seus trabalhadores. “A premiação foi uma vontade nossa de dar um up nesse mercado”, conta Maurício Paletta, diretor-geral da Playboy do Brasil, empresa dona dos canais adultos da Globosat. ”Estamos agora indo para o quinto ano, aumentando cada vez mais. Nossa ideia de fomentar a indústria está dando certo.”

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“O pornô mudou muito devido à pirataria e à internet. Com o Sexy Hot entrando com a premiação mudou muita coisa e a galera tá curtindo e valorizando mais o pornô brasileiro”, explica Nego Catra, ator pornô há dez anos e vencedor da categoria Melhor Cena de Fetiche em 2017. Para Catra a presença do Sexy Hot ajudou também a aumentar o volume de trabalho entre os performers e todo o pessoal por trás das câmeras.

Além dos 4 canais de TV e outras 3 marcas on demand, o Sexy Hot também conta com uma plataforma online que permite o consumidor assistir a conteúdos adultos sem depender de uma operadora. Em 2017, a plataforma teve mais de 5 milhões de pageviews “O site já funciona a mais de 20 anos e o formato é o mesmo de um Netflix”, diz o diretor-geral.

Os planos do Sexy Hot para o mercado nacional vão além da premiação. O canal anunciou no segundo semestre de 2017 o lançamento do Sexy Hot Produções para investir em produções próprias com maior qualidade técnica e roteiros mais elaborados – uma novidade na pornografia brasileira. Segundo Paletta, é uma etapa para criar um acervo próprio da marca e poder aumentar o nível da pornografia brasileira ao investir com um orçamento maior nas filmagens. O canal também acompanha e aprova todas as etapas das produções, do roteiro até os figurinos.

Marcos Morais, diretor e dono da produtora MM Videos, foi quem assinou a direção do primeiro conteúdo produzido pelo canal. O filme Urbex Fuckers, lançado em julho de 2017, estrelando as atrizes Emme White, Mia Cherry, Lola e Lilith Scarlatt teve boa recepção do público e também foi uma novidade para Morais que antes era especializado em filmes fetichistas. “Mudar de ares foi interessante. Comecei minha carreira como diretor fazendo filmes de fetiche, mas com o tempo eles foram ficando cada vez mais pornográficos. Eu também fui entrando nesse mercado pornô tentando mesclar as coisas. Eu preciso saber dosar o conteúdo, porque se ficar muito fetichista já afugenta os fãs do pornô, mas se ficar muito pornô o pessoal do fetiche não curte. É difícil achar esse balanço,”

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Emme White, camgirl e atriz pornô há quase três anos, conta que a exigência mais “cinematográfica” do canal também ajuda na valorização do seu trabalho como atriz. “Eles estão fazendo uma produção bem elaborada. Na próxima produção que farei com eles nós teremos um dia a mais de diária, focada mais na elaboração da história e do roteiro. Fica menos cansativo para mim.”

A performer também acredita que o alto padrão de exigência do Sexy Hot Produções fez com que muitos diretores e produtores saíssem mais da “zona de conforto” e apostarem em produções mais bem-acabadas. “Antes o pessoal estava mais acostumado em fazer um pornô focado no público masculino e agora precisam pensar mais no público do Sexy Hot, que são casais. Por causa dessas pesquisas de consumidores feitas pelo canal, eles viram que mulheres também têm interesse em assistir pornô”, frisa.

Os consumidores do canal são, na sua maioria, casais jovens, com ou sem filhos. Paletta acredita que o crescimento do canal vem da exigência deles em trazer conteúdos de boa qualidade na programação. “Não importa se é sexo, importa que o cliente está pagando por isso. Tem uma pessoa por trás pensando na programação. Nós temos que manter uma qualidade equivalente porque senão não vamos pra rua brincar”.

A previsão para o Sexy Hot é de ter uma estreia por semana a partir de abril de 2018 de filmes feitos através do Sexy Hot Produções. Se depender do canal, o mercado pornográfico brasileiro está longe de acabar.

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