Os Momentos Mais Rihanna da Rihanna

Esse artigo foi originalmente publicado no Noisey UK.

Reescrevi quatro vezes a introdução desse texto, e cada uma delas ficou mais merda do que a anterior porque sejamos sinceros: como faz para definir a Rihanna? A mera tentativa evoca a imagem das divagações de uma louca rabiscando as paredes com caneta hidrocor, usando chapéu de papel-alumínio, fedendo a mijo de gato, e gesticulando depois de completar cada frase como um palestrante universitário empolgado.

Rihanna é uma estrela do pop de uma maneira que muitos popstars de hoje em dia totalmente não são. Ela tem o look certo, age certo, soa certo, e "certo" no contexto dessa frase significa: "Melhor que, mais interessante que, e 100% mais cool que todo mundo, incluindo seu ídolo." Nem isso dá conta, mas é o melhor que posso fazer. Rihanna vale mais do que mil palavras, e nenhuma delas é boa o bastante.

Então, sem mais demoras, aqui estão vários momentos Rihanna ridículos e incríveis dos quais você talvez tenha se esquecido, hoje já gravados no tecido do tempo.

Pode confessar. Em algum momento, você já sentiu uma vontadezinha de socar o Michael Cera. Uma vontadezinha bem pequeninha? Só para dar-lhe alguma coisa que ele fosse incapaz, pelo menos uma vez, de responder com uma mixtape. Você quer meter a palma da sua mão bem no meio da cara dele, e sentir o tapa vibrando até chegar no cotovelo? Caso você já tenha, sim, sentido essa vontade, então pode realizá-la indiretamente com a participação especial de Rihanna na comédia apocalíptica É o Fim. Cera foi autorizado a dar um tapa de verdade na bunda de RiRi, com a condição de que ela pudesse bater de volta com a força que quisesse, e olha só a potência desse canhão de canhota! Ele sentiu. VOCÊ sentiu. O chá em cima da sua mesa faz ondinhas a cada play que você dá no vídeo.

Rihanna & Katy Perry are actual friendship goals. pic.twitter.com/mpGFBr3tZc

— MyKatyPerryNews (@MyKatyPerryNews) 17 setembro 2015

Katy Perry foi o improvável porto seguro de Rihanna logo após AQUELE incidente com o Chris Brown, e seis anos depois as duas continuam parceiras. Até mesmo quando Katy achou uma arma na bolsa de Rihanna no VMA ela ficou de boa e não dedurou. Amizade é isso. Amizade é achar uma arma de fogo carregada na bolsa da sua parceira e só revirar os olhos e dizer "opa!". A unidade à la Thelma e Louise entre as duas mostra como certos "squad goals" não passam mesmo de golpes publicitários ocos.

A civilização vai ruir e chegar ao fim, as calotas polares vão derreter, e alienígenas invadirão o planeta – mas, mesmo com isso tudo, o icônico tapinha na xavasca de Rihanna não perderá o seu valor. É inovador. É atemporal. É a única vez que você vai ver uma mulher dando um tapa na própria vagina e receber a aprovação de um grande público fora do Pornhub.

Reza a lenda que Rihanna nadou de Barbados para Nova York no primeiro dia, conheceu Jay Z no segundo dia, fechou contrato com a Island Def Jam no terceiro dia, e o resto é evangelho. Provavelmente não foi só isso, mas uma coisa é certa – não foi por causa dessa vacilante versão de "Hero", da Mariah Carey, num palco, ao que parece, de uma festa de formatura em Twin Peaks, que chamaram Rihanna para assinar com uma gravadora. Preste atenção no vestido discreto e no corte de cabelo em camadas suaves. Há uma lição aqui: as pessoas não nascem estrelas, elas viram estrelas.

Uma estrela de menor porte teria simplesmente se conformado com essa puxada de braço indigna e mais demorada do que o necessário. Mas ela é BadGalRiRi, e se você agarrar e não soltar a pessoa dela, não se surpreenda se levar uma microfonada na cara. Michael Cera levou, e agora você levou também. O punho direito de Rihanna é o que um trêmulo Manny Pacquiao vê quando está sozinho em casa e ouve barulhos na noite.

Em alguma sala de diretoria de gravadora, em algum lugar, a 777 Tour de Rihanna provavelmente pareceu um golpe publicitário e uma ideia de #engajamento geniais. Rihanna, um monte de fãs, 150 jornalistas, um avião 777, sete shows em sete cidades – o que poderia dar errado? Mas o que no papel parecia uma experiência única e incrível, na vida real acabou virando uma mistura de O Senhor das Moscas com a sexta temporada do Big Brother inglês, culminando em um DJ australiano, completamente enlouquecido com a bizarra situação de ser refém, tirando a roupa e disparando pelo corredor do Rihannaplane.

A era dourada de RiRi no Twitter ocorreu entre os anos de 2010 e 2012, um reinado de terror em que ela não conseguia evitar #aplaudirdevolta os fãs, os haters, a mídia e a Ciara. Desde a menina que desejou "Feliz Natal sua cabeça de OB" e recebeu um "pra tu também sua vaca" como resposta, até a vez em que ela mandou o Piers Morgan fazer crescer um pinto, "RÁPIDO!!!", e também a muito citada "sua buceta é seca demais para cavalgar a minha pica desse jeito", em resposta a um artigo do Celebuzz que sugeria que as roupas dela mostravam demais. As rihspostas de Rihanna fizeram o #escândalodoporco parecer uma gota na lavagem. Quando ela começou a mandar um #phoda-se para tudo, o fator novidade tinha se desgastado um pouco, mas a verdade continua sendo que, nas mídias sociais, ela é ainda mais sem filtros do que as fotos que posta no Instagram.

É um fato há muito sabido por todos que Rihanna é a melhor coisa de qualquer evento de premiação. Especialmente quando ela nem mesmo se apresenta. A "câmera do público" foi inventada para pegar momentos como Rihanna e Katy Perry chapadas pra cacete, falando mal de todas as outras popstars no local, ou para ser focada apenas em Rihanna não fazendo nenhum esforço para disfarçar o fato de que ela preferia estar em qualquer outro lugar do mundo que não sentada na frente do One Direction, fingindo se importar com uma reunião do NSYNC. Sem a câmera do público, nunca teríamos testemunhado a risadinha de Rihanna ao ver a coreografia dura e tosca de Ariana Grande para a música "Problem" no iHeartMusic Awards de 2014.

For my German boys pic.twitter.com/cRzlNINBuf

— Rihanna (@rihanna) July 13, 2014

Ela gosta de futebol e de jogadores de futebol, quem poderia adivinhar? Não a gente, até a Copa do Mundo de 2014, quando ela se mostrou uma fanática torcedora da Alemanha, tuitando durante todas as partidas e levantando a blusa para a galera quando a seleção venceu a final contra a Argentina. O surpreendente foi o conhecimento de Rihanna tanto sobre os jogadores quanto sobre o esporte, e estou dizendo isso não por ser uma sexista escrota, mas porque, antes daquela Copa do Mundo, ela nunca dera qualquer sinal de que soubesse o que é futebol. [N. da E.: este texto foi escrito por uma inglesa.]

O que você veste para receber um troféu por ser uma mulher excepcionalmente estilosa e moderna? Foda-se tudo. Por que viajar pelos quatro cantos do mundo em busca de tecidos que sejam dignos do seu corpitcho quando você pode só vestir uma touca de natação feita de cristais Swarovski, colocar mais alguns para tapar os peitos e pronto?

O feminismo é a escolha da moda em matéria de estilo de vida para todas as popstars do sexo feminino com menos de 30 anos, mas quantas dessas autoproclamadas defensoras dos direitos das mulheres estão de fato VIVENDO o seu feminismo, em vez de simplesmente exibi-lo em entrevistas? Não me mande um @, porque não quero ouvir sua opinião sobre o clipe de "Bitch Better Have My Money", mas quase não existe uma resposta na existência em que o self não-sedento e não-incomodado de Rihanna não esteja verbalmente fazendo miséria de uma entrevistadora.

Tapinha na xavasca, peitos cobertos por cristais e aquele ardiloso disco R8 são marcos culturais, mas os fatos nus e crus são que Rihanna é uma das artistas de maior sucesso de sua geração, responsável por dez dos singles mais vendidos de todos os tempos. Em vendas e nos serviços de streaming, foram tocados mais singles dela que das rivais mais próximas, e isso por uma margem de uns bons dez milhões. Ela é a artista mais nova a conseguir a quantidade recorde de 13 números 1 na Billboard, e também a artista que mais rápido conseguiu essa quantidade de hits. Chupa essa, mundo.

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Tradução: Marcio Stockler.