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Música

Por Que o Pop Sueco É Tão Bom?

O célebre histórico musical da Suécia é um que vai muito além de rainhas platinadas, produtores habilidosos ou revelações do EDM.

O célebre histórico musical da Suécia é um que vai muito além de rainhas platinadas, produtores habilidosos ou revelações do EDM. Mesmo pequena, a nação escandinava tem provado há décadas que é excelente nesse negócio de fazer música pop. É um tipo de som extremamente específico, que mistura melodias eufóricas para se cantar junto e uma espinha dorsal eletrônica em um liquidificador cheio de gelo – e o resultado é tão viciante que faz parecer que cada faixa é um guilty pleasure. (Mas claro que não, são apenas excelentes músicas.) O país é o terceiro maior exportador de música pop, ficando atrás somente dos EUA e do Reino Unido, e podemos agradecer ao ABBA por isso.

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Apesar de certamente ter existido artistas pops anteriores ao ABBA, não foi até o quarteto tomar de assalto a cena musical dos anos 70 que o mundo realmente parou para prestar atenção no país. Quando uma banda vende 380 milhões de discos por todo o mundo no decorrer de sua carreira, qualquer um que tenha o sentido da audição e saiba dançar não tem escolha além de se ligar naquilo.

O ABBA não só pôs a Suécia no mapa-múndi da música como também ajudou a pavimentar a estrada para artistas que surgiriam muito depois. Como dito por Hampus Nordgren Hemlim, do Kate Boy, de Estocolmo, “nós temos a história ao nosso favor, com o ABBA e tudo mais que surgiu aqui no passado. É inspirador fazer música pensando que se pode fazê-la”.

O país é daqueles que confia em modelos exemplares dentro da música, seja o ABBA, Robyn, Miike Snow, ou mesmo o Ace of Base. “Muitos olhos se voltam para a Suécia, e com cada artista que chega lá, as portas se abrem um pouco mais para os outros”, explicou Hemlin. Ele dá crédito a essas bandas por inspirarem o Kate Boy na composição de seu disco de estreia, a ser lançado no próximo ano pela IAMSOUND Records.

Há um fluxo constante de pop sueco pós-ABBA. O Ace of Base liderou o “milagre da música sueca”, um período compreendido entre os anos de 1999 e 2003, em que o país atingiu seu índice máximo de exportação musical. Desde então a Suécia tem dominado a poposfera, tanto com seus artistas como com produtores de renome como Max Martin (que trabalhou com gente do calibre de Katy Perry e Taylor Swift).

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Enquanto o número de bandas pop cresceu absurdamente, nota-se também uma mudança na sonoridade em direção a uma cena mais independente. Esta evolução pode ser explicada tanto pelo boom de gravadoras indie – incluindo a Konichiwa Records de Robyn, que dá espaço para artistas locais – bem como a cultura de autodeterminação sueca. “A Suécia é pequena, e quase todo mundo que é artista se conhece”, disse Markus Dextegen, também integrante do Kate Boy. “Te faz pensar ‘se eles conseguem, eu consigo’. É um país pequeno o bastante para que você perceba isso, mas grande o suficiente para deixar uma pegada que as pessoas percebam”.

Afinal, atmosferas criativas criam livres pensadores. Como explicado por Michel Rocwell, integrante do trio de Estocolmo NONONO: “As pessoas têm uma grande sensibilidade para tendências aqui e a maioria delas também é bem livre em termos de processo criativo”. Enquanto Rocwell reconhece que os suecos podem facilmente se deixarem levar por “tendência e hype” na música, existem artistas únicos o bastante para levar o gênero adiante. A definição do que é pop sueco já não é mais tão rígida como antes, e, como provado pela nova geração, isso é bom.

Tome por exemplo Elliphant, a revelação de Estocolmo que mistura melodias pop inspiradas nos anos 90 com reggae, dubstep e letras diretas. “Temos grandes artistas como Tallest Man On Earth e Yung Lean que você nunca ouve ninguém falando sobre na Suécia, mas que estão indo muito bem fora do país”, ela disse a respeito da variada comunidade musical sueca. “Também temos uma grande cena hip-hop que é quase como uma religião para muitos. E claro, temos estas princesas pop como Zarah Larsson, Icona Pop, Tove Lo e Robyn, que provavelmente são nossos maiores itens de exportação musical”.

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As ondas de estrelas pop suecas continuam surgindo sem parar – e além da colheita recente, que inclui Icona Pop, Little Dragon, e Lykke Li, há uma nova turma de artistas dobrando a esquina. De fato, alguns até já chegaram. Daqueles que (com sorte) você já conhece até os outros dos quais você nunca ouviu falar, saiba um pouco mais sobre o que há de melhor no novo pop sueco abaixo.

Continuando sua sequência muitíssimo bem-sucedida de servir como trilha para todas as suas péssimas decisões de final de semana, Tove Lo lançou seu disco de estreia Truth Serum. E surpresa! Ele tem ainda mais sexo, drogas e refrãos sombrios.

Da mesma escola de pop festeiro de Tove Lo vem Elliphant. A cantora de Estocolmo fala sobre “acordar em meio a uma pilha de bosta”, e bizarramente, torna a situação toda agradável para se cantarolar junto.

Eles ainda são novos, mas a experiência conjunta dos integrantes do Amason é o suficiente para calar a boca de qualquer crítico – e até mesmo ganhar o status de estrelas indie. Este quinteto de Estocolmo conta com Pontus Winnberg do Miike Snow, Gustav Ejstes do Dungen, Nils Törnqvist e Petter Winnberg do Little Majorette e Amanda Bergman do Idiot Wind. Dá pra chamar de supergrupo, né?

Ela pode ser nativa de Rhode Island, mas Mapei cresceu em Estocolmo (com um histórico no rap sueco underground pra provar isso). Seu disco de estreia Hey Hey foi lançado na primavera e ela está prestes a sair em turnê com outra sueca, Lykke Li.

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Seinabo Sey já entrou nas paradas norte-americanas da Billboard com o remix de Kygo para seu single “Younger” e há muito mais de onde veio essa faixa no EP de estreia da artista, Madeline. Com vocais adocicados e um clima assombroso, a jovem de 24 anos é um antídoto para o dance-pop pulsante. Até mesmo Elliphant concorda. “Seinabo Sey é importantíssima para a Suécia; ela é uma diva soul de verdade com uma puta música e produção, e pra mim isso é um sopro de ar fresco”.

Se tratando de synthpop sueco puro e brilhante, não tem como ser mais viciante que Marlene. Seu EP Indian Summer de alguma forma passou despercebido, mas não durmam no ponto agora – 100 paus que, assim que o verão chegar, ela estará por toda parte.

Apresentamos a vocês a cantora meio-barbadiana, meio-sueca Naomi Pilgrim em fevereiro, quando ela lançou o EP de estreia House of Dreams. A ex-vocalista de apoio de Lykke Li borra as linhas entre melancholia e soul e R&B extremamente feliz de forma perfeita.

Zhala canta aquilo que chama de “pop cósmico”. E levando em conta que a nativa de Estocolmo é a primeira contratada da Konichiwa Records, de Robyn, ela pode se rotular como bem entender. Seu single “I’m In Love” chega cheio de melodias assombrosas, uma forte influência pop glacial e vocais que te botam pra dançar enquanto mantém a pegada da pista.

Liza Darwin é uma jornalista residente em Nova York. Siga-a no Twitter.

Tradução: Thiago “Índio” Silva