Coisas escrotas que os ricos fazem nas férias

FYI.

This story is over 5 years old.

viagem

Coisas escrotas que os ricos fazem nas férias

Relaxar do estresse que vem depois de vender sua alma pro diabo é difícil, né.

Esta matéria foi originalmente publicada na VICE US .

Falando no geral, gente rica pode ser bem escrota. É difícil gostar de alguém que vive de desmantelar instituições de saúde pública, derrubar orfanatos para construir arranha-céus ou vender armas para países subdesenvolvidos. Mas os ricos podem ser ainda mais insuportáveis quando estão de férias — relaxar do estresse que vem depois de vender sua alma pro diabo é difícil, né.

Publicidade

Amigos que trabalham na indústria do turismo de alta escalão na Grécia, França e Espanha nos contaram as piores coisas que eles já viram ricaços fazendo nas férias.

RACISMO NO CLUBE DE GOLFE

Uma vez, um banqueiro norte-americano de uns 40 anos veio para o nosso hotel com seu mordomo, que era afro-americano. O banqueiro não levantava um dedo, a não ser para jogar golfe. Ingenuamente, achei que o mordomo tinha um trabalho até que bom no começo, considerando que o chefe dele era insanamente rico. Mas aí, em certo momento, o banqueiro falou uma das coisas mais escrotas que já ouvi na vida: ele perdeu a bola no bosque depois de uma tacada ruim, aí virou pra mim e disse, em alto e bom som: "Meu labrador vai buscar ela pra mim". Aí o mordomo saiu correndo para o mato procurar a bola.

Outra vez, um alemão reservou uma suíte para ele e mais três quartos para seus guarda-costas. Quando chegou, ele me pediu para levá-lo conhecer o terreno do hotel num carrinho de golfe. Ele sentou no banco do carona, equilibrando uma garrafa de vinho entre os joelhos, e mesmo que duas pessoas pudessem sentar no banco de trás, ele fez os seguranças correrem atrás de nós. Eles correram por 45 minutos. De tempo em tempo, ele me pedia para acelerar, só para ver os caras dispararem — ele quase morreu de rir o passeio inteiro.

Christophe, recepcionista e gerente de um clube de golfe – Deauville, França

UM ANIVERSÁRIO MUITO ESPECIAL

Publicidade

Uma vez, uma família russa veio para Madri comemorar o aniversário da filha mais nova. Assim que chegaram — sem nem esperar o check-in — eles me pediram para contratar um pequeno avião ou helicóptero para buscá-los na cobertura do hotel naquela mesma noite, para fazer um voo panorâmico pela cidade. Durante o voo, eles queriam jogar balões no céu — balões nos quais eles tinham escrito seus desejos de felicidade para a menina. Tudo isso ia acontecer com a música pop favorita da garota tocando em loop. Claro, eles não aceitavam não como resposta e estavam preparados para pagar qualquer coisa para tornar esse plano realidade.

Gloria, atenção personalizada – Madri, Espanha

FINAIS FELIZES NO MAR EGEU

Quatro russos reservaram dois dos nossos iates para uma viagem pelas ilhas gregas. Um barco para eles e outro para um grupo de mulheres, que eles também tinham alugado. A coisa toda logo virou praticamente um estúdio de filme pornô. Assim que saímos do porto, os convidados começaram a andar pelados na frente da tripulação, depois a transar na nossa frente também. Foi muito desconfortável para dizer o mínimo, mas tecnicamente, o barco é espaço privado do cliente, e desde que eles não pedissem pra gente participar, tínhamos que ser discretos.

Logo de manhã, o barco virava uma grande suruba que ia até tarde da noite, quando as garotas eram mandadas de volta para o iate delas num bote inflável. Pode até parecer uma história picante, mas não é uma situação de trabalho ideal. Ainda assim, o objetivo era deixar os clientes felizes. E eles foram embora MUITO felizes mesmo.

Publicidade

Michael, capitão – Ilhas Cíclades, Grécia

IGUAL LÁ EM CASA

O hotel onde trabalho oferece um serviço "From Home to Home", para hóspedes que vão passar muito tempo conosco. Isso geralmente envolve trocar carpetes, sofás, cortinas e coisas assim, para as pessoas se sentirem mais em casa nos meses de estadia. Mas o jogo muda completamente quando os hóspedes são árabes ou da realeza. Recentemente, tivemos que trocar a banheira de uma suíte por uma folheada a ouro e cravejada de diamantes.

María, gerente de serviço ao cliente – Madri, Espanha

BARCO DA COCA

No verão, trabalho como imediata de iates de luxo — o que alguns chamam de "iates menores". Esses brinquedos de rico geralmente custam muitos milhões de dólares. Meu trabalho é manter o equilíbrio entre as expectativas dos clientes e as operações do barco e também supervisionar a tripulação quando eles saem de controle.

Uma vez, um inglês alugou um barco de 115 pés e convidou amigos para passar o final de semana com ele. Eram todos capitalistas experientes de 50 anos — todos do setor financeiro — e o que eles mais gostavam de fazer era exibir suas namoradas mais jovens e seus peitos falsos. Eles adoravam fazer festa — o que, para eles, envolvia ter vários contêineres com cocaína a bordo. Antes de sairmos do porto, eles esconderam drogas por todo o barco. No começo, participar das festas deles era excitante, apesar de ser difícil acompanhá-los. Especialmente o chefe, que ficava cheirando carreira atrás de carreira 24 horas por dia — no almoço, antes do passeio de jet ski, pescando e no meio da noite. Essa situação durou algumas semanas. Um dia, achei drogas mais pesadas no barco e cheguei ao meu limite. Fiz minhas malas no dia seguinte e fui procurar um ambiente de trabalho mais saudável.

Publicidade

Sophie, imediata do Sailing Ships – Ilhas do Caribe e Ilhas Cíclades

O SÉRVIO RELIGIOSO

Os hóspedes geralmente pedem mulheres e drogas. Se você não quer ser arrastado para esse tipo de negócio, é preciso indicar os caras certos. Drogas são fáceis de achar, mas saem caro. As mulheres são mais difíceis de encontrar. Mas minha experiência mais bizarra com um hóspede rico não envolve cocaína ou prostitutas. Ela começa com um CEO sérvio, que também era um cristão muito devoto.

No que chegou, ele me pediu para rearranjar os móveis do quarto, gravar alguns CDs de música bizantina e abrir garrafas de champanhe — cada uma custando cerca de $1.700. Ele também exigiu que eu o acompanhasse onde quer que ele fosse, na praia, no jantar e em algumas festas. Ele não me deixava sair do lado dele, e para ser honesto, eu estava até gostando. Aí, uma noite, depois que voltamos de uma festa bastante selvagem, ele decidiu que precisava ir imediatamente para Tinos, uma ilha a uma hora de Míconos, onde estávamos, para acender uma vela na igreja. Tinos é basicamente a Ibiza das vovós carolas gregas. Ele alugou um barco de 130 pés, e quando me dei conta, eram sete da manhã e eu estava em Tinos, cercado por velhinhas indo para a Igreja Nossa Senhora de Tinos de joelhos.

Manos, mensageiro de hotel – Míconos, Grécia

RICOS VELHOS SÃO OS PIORES

O pior trabalho que já tive foi numa agência de iates quando eu tinha 20 anos. Era o começo do verão, e eu achei que seria uma grande ideia ser paga para viajar de ilha grega em ilha grega. Um amigo meu, que já trabalhava lá, me ajudou a conseguir um trampo de garçonete na agência. Me disseram para ficar à disposição do cliente 24 horas por dia, e não reclamar das longas horas de trabalho. Também me disseram que eu ia receber $830 por semana, o que eliminava qualquer possibilidade de reclamação na minha cabeça.

Publicidade

Me mandaram para um iate que tinha sido alugado por dois casais russos de uns 70 anos. O iate custava $83 mil por semana, e com ele os russos também alugaram a tripulação, que contava com outro garçom, cozinheiro, capitão, uma faxineira e eu. Eles iam viajar pelas Ilhas Jônicas, especialmente Paxos, Levkas e Cefalônia.

Desde o primeiro dia, o comportamento deles foi atroz. A primeira refeição que servi foi massa com camarões, e uma das mulheres me fez descascar os camarões para ela, dizendo: "Vem aqui, tire a casca pra mim". Enquanto fazia o trabalho, eu só pensava em enfiar os camarões nos olhos dela, mas não fiz nada, claro. Assim que eles terminaram de comer, a outra mulher exigiu que eu massageasse os pés dela. Eu disse para eles que tinha sido contratada para servir bebidas e comida e eles ligaram para reclamar de mim na agência, então me demiti. Enquanto eu esperava o iate atracar em Levkas, fui substituída por outra garota — toda vez que eles enchiam a cara, uma das mulheres ficava me chamando de "aquela putinha".

Ela também tocava o sino de serviço no meio da noite me pedindo para levar água para ela, fazia o cozinheiro preparar outra refeição assim que ele encerrava o turno do dia, e derramava vinho no chão de propósito só para a faxineira ter que limpar. A cereja do bolo era que toda vez em que eu me aproximava da mesa para encher as taças, um dos maridos agarrava minha coxa. Cada vez ele colocava a mão mais para cima, até que eu disse que ia contar para a esposa dele. É isso que acontece quando ricos envelhecem. Eles sabem que não têm muito tempo de vida e viram uns cuzões. Saí do barco em Levkas, peguei uma balsa de volta para casa e nunca me pagaram.

Publicidade

Dimitra, garçonete num iate – Ilhas Jônicas, Grécia

VINHO DO CÉU

Eu trabalhava como sommelier no restaurante de um hotel cinco estrelas. Um dos pedidos mais comuns dos clientes ricos era servir o vinho favorito deles, mesmo que a marca não estivesse na nossa carta. Isso geralmente não era problema, se o vinho que eles pedissem não fosse de outra parte do mundo. Eu vivia tendo que falar com gente de Paris, Londres, Nova York ou Buenos Aires para conseguir o vinho da preferência do cliente — geralmente custando algo entre $2.200 a $7.700 por garrafa — e aí contratar um avião e um piloto para entregar o vinho em Barcelona, na hora do jantar do hóspede.

Gustavo, sommelier – Barcelona, Espanha

PROPOSTA INDECENTE

Às vezes acontece de um cliente casado me cantar. Eles se oferecem para me pagar um drinque no bar e me dão seu número de telefone, mas geralmente as coisas só vão até aí. Tenho centenas de números de telefone de empresários e políticos conhecidos no meu celular. Às vezes eles também me convidam para ficar no quarto deles. Lembro de uma noite quando eu estava trabalhando no balcão da recepção, e um pai de uns 50 anos entrou no lobby com as duas filhas adolescentes a tiracolo. Ele pediu dois quartos em andares separados — um para ele, outro para as filhas. Fiz o que ele pediu e ele me deu uma gorjeta de $100. Na noite seguinte, entendi por quê. A família jantou no restaurante do hotel, e quando terminaram, o pai mandou as garotas para o quarto. Depois disso, ele chegou até o balcão e disse, sorrindo: "Se você ficar entediada, já sabe onde me encontrar". Ele ficou esperando a noite inteira.

Tem muita gente rica que rouba também. Uma vez, a camareira entrou num quarto depois do check-out de uma hóspede e descobriu que ela tinha levado os travesseiros e um quadro. Tive que debitar os itens no cartão de crédito dela e avisar por telefone. Em vez de negar, ela só disse: "Sim, pode colocar no meu cartão. Não sou ladra. Só queria muito esse quadro". Acho que ela via o hotel como seu shopping center particular.

Émilie, recepcionista – Paris, França

Siga o Dan Evans no Twitter .

Tradução do inglês por Marina Schnoor.

Siga a VICE Brasil no Facebook, Twitter e Instagram.