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Música

Nic Offer Fez um Faixa a Faixa do Novo Disco Super Dance do !!!

'As If' recebe influências dance de todos os lugares, de Nina Kraviz ao Jam City.

A música do !!! — cujo nome todo mundo parece pronunciar como "chk chk chk", embora supostamente deva ser qualquer combinação de três palavras monossilábicas — soa um pouco como tudo. Surgida durante a febre dance-punk capitaneada pela DFA no começo dos anos 2000 e liderada por Nic Offer, ex-vocalista da banda de hardcore The Yah Mos, a banda mistura os floreios disco que são a sua assinatura, riffs de guitarra crocantes e vocais exagerados com uma grande variedade de influências externas, de George Michael a Lil' Louis.

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Embora o !!! tenha escolhido minimizar ou amplificar suas influências em diferentes pontos da sua discografia, o grupo sempre se manteve fiel às suas raízes na club music — uma afinidade que (inteligentemente) transparece em sets de DJ, mixes de estúdio, remixes de discos como Maurice Fulton e títulos de faixas como "Take Ecstasy With Me". E no seu último álbum para a Warp Records, As If, esse amor pelas pistas está mais evidente do que nunca, assim como a habilidade do grupo em reunir uma variedade de samples e sons contrastantes. A sequência do grupo para THR!!!LLER (2013), com 51 minutos de duração, começa com a agitada "All U Writers", antes de embarcar no groove trepidante de "Sick As Moon", que parece saída de um EP do Benoit & Sergio.

Após o lançamento do disco no último dia 16, conversamos com o Offer para saber a história por trás de cada uma das 11 faixas do disco e quais foram as faixas dance clássicas (salvo raras exceções) que as influenciaram. Ele também fez uma playlist para nós com essas favoritas, além de outras músicas que eles simplesmente amam.

1. "All U Writers"

Nic Offer: ["All U Writers"] é uma faixa estranha, porque tanto eu quanto o Rafael [Cohen] tínhamos escrito coisas completamente diferentes. Embora ela faça piada com os Beatles e o Van Halen, a única música em que nos inspiramos foi "Ghetto Kraviz", da Nina Kraviz. Tem uma versão single de três minutos dessa música que detona do começo ao fim. Pensamos: "Bem, por que não fazemos só um segundo single e não uma porra de faixa de 10 minutos como as outras? Por que não fazemos uma música demolidora de três minutos?". Só conseguimos fazer com que ela durasse cinco minutos, então meio que falhamos.

Nina Kraviz - Ghetto Kraviz

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2. "Sick Ass Moon"

O Rafael andava escutando uma faixa do Blawan que tinha um sample da Aliyah ou algo do tipo, então pesquisou "R&B accapella" no Google, e a primeira coisa que apareceu foi uma faixa da Erykah Badu. Então ele começou a brincar com a letra dizendo "all night" — que é como toda faixa dance começa. Ele fez um loop disso, baixou a tonalidade, acrescentou alguns acordes e passou para mim. Foi uma dessas situações clássicas em que ele toca as coisas dele para mim, eu toco as minhas coisas para ele, ele mexe no meu laptop, eu mexo no laptop dele. Ele tocou um monte de coisas para mim e pensei: "Isso é legal, isso é legal…". Então, quando ele tocou esta, eu fiquei tipo: "Sim, cara, é essa aqui!". Fui para a rua escrever a letra e olhei para a lua, e foi isso. É tipo aquela frase do Tom Waits: "Se você quer compor uma música, é só dar uma olhada no tempo".

Blawan - Getting Me Down

3. "Every Little Bit Counts"

O Rafael se inspirou no Wham! nesta aqui. Nos anos 80, todo mundo fazia referência à Motown, e isso se tornou entediante depois de um tempo, mas ninguém faz nada no estilo da Motown hoje em dia, então pensamos em fazer isso. Adoro "Every Little Bit Hurt", mas recomendaria "For Once In My Life", do Stevie Wonder, para quem quer uma boa e sólida faixa da Motown.

Às vezes pesquiso refrãos na internet e canto junto com eles para estudar os truques de composição de outras pessoas. Numa noite, toquei e cantei os dois primeiros discos do REM. É um jeito de apreciar discos dos quais você já se cansou. Quando você toca junto com eles, consegue aprender os seus truquezinhos.

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Wham! - Freedom

4. "Freedom! '15"

Essa faixa é uma referência a George Michael e à sua música "Freedom 90". É só um loop básico de jam, escrevi alguns acordes em cima. Fazer faixas punk depois de 20 anos é meio ridículo e não é uma emoção com que nos identificamos, mas nos identificamos com a vibe crua. Gostamos dessas faixas antigas de house que têm um uma vibe jovem e fresca. É como pegar um pequeno loop de disco e colocar um bumbo por cima, e soa incrível. Somos uma bandinha muito boa de disco, então pensamos: "Vamos só samplear o nosso próprio som, colocar um bumbo por cima e vamos ter a porra duma faixa house". Foi isso que fizemos com os versos em "Freedom!'15", mas isso acabou evoluindo para a banda tocando completa. Também queríamos uma perspectiva feminina, então chamamos algumas cantoras gospel para cantar e elas detonaram, foi uma parte muito divertida do processo de criação do disco.

George Michael - Freedom 90

5. "Ooo"

Escrevemos 40 músicas para este disco, gravamos 20 delas e pedimos para nossos amigos votarem e escolherem 11. É melhor um amigo falar para você do que um crítico. Pegamos o refrão de outra música e jogamos aqui, dando uma limpada. Pegamos "Clap Your Hands" (Tambourine mix), do Lil' Louis, e deixamos meio Robin Thicke, acrescentando um groove house por baixo só para deixá-la mais fresca. Tive a sensação de que estamos sempre presos aos anos 80 ou algo do tipo, e definitivamente houve um esforço consciente para fazer este disco não soar anos 80. Naturalmente soamos como essa época de alguma maneira porque temos essa coisa pós-disco, mas acho que ainda era importante para nós soar diferente.

Lil Louis - Clap Your Hands (Tambourine Mix)

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6. "All the Way"

Essa foi muito divertida de fazer, porque foi escrita no mesmo dia em que fomos a uma dessas festas no Loft do David Mancuso. Fomos com o Mario [Andreoni], e gostamos muito da vibe daquela época — você podia tocar qualquer coisa. Toda a coisa do Loft e do [Paradise] Garage se tornou um som, mas naquela época eles só tocavam umas faixas insanas. Queríamos que "All the Way" fosse uma faixa assim, tipo "que porra é essa?". Tipo alguma coisa que inventamos a partir de uma jam de teclados do Mario. [Dan] Gorman tinha começado a cantar na jam, que é uma coisa que ele normalmente não faz. Foi o início dele como voz principal, e foi legal porque ele gosta de fazer uns sons esquisitos, então conseguimos ter uma reação ainda maior desse gênero, tipo: Que porra é essa? Espera, quem é esse cara?".

T Pain - I'm Sprung

7. "Til The Money Runs Out"

Eu gostava de finais de filmes românticos tipo Thelma e Louise, tipo: "Que se foda, vamos nos jogar do penhasco". Gostava dessa atitude romântica desesperada, e a história de "Til The Money Runs Out" é sobre descobrir como podemos viver esse romance febril para sempre. É como qualquer uma das vezes em que fui viajar com uma garota e não queria que a viagem acabasse nunca.

Thelma & Louise - Last Scene (CUIDADO: SPOILERS!)

8. "Bam City"

Estava escutando o grupo Jam City quando fui até a bateria eletrônica e pensei: "Vou fazer uma batida!". Eu só dei a ela o nome de "Bam City" para me lembrar do que estava tentando fazer. Na verdade ela acabou não soando como o Jam City, mas quando você quer copiar alguma coisa, você quer errar. É por isso que fomos bastante explícitos citando nossas referências neste disco. A música aconteceu conscientemente a partir da influência, mas saiu diferente.

Jam City - How We Relate to the Body

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9. "Funk (I Got This)"

O Mr. C foi meu DJ favorito por anos, colocava meu alarme para despertar todas as manhãs para escutar o programa dele ao meio-dia na Hot97— sempre foi uma inspiração. Ele acabou confessando no ar que foi pego com uma prostituta transgênera, e fiquei impressionado com a maneira como aquilo parecia uma cena de filme, ele chorando no ar, dizendo essas coisas intensas e esquisitas — mas os amigos dele deram muita força e o encorajaram a se aceitar como é.

Quando estou editando os loops de uma jam session, tento capturar esses momentos mágicos. Escutando esta música, foi a mesma coisa — as pessoas tendo que ser corajosas e descobrir coisas através de uma conversa, tornando-se mais fortes ao longo da entrevista. Continuei pegando partes [da entrevista] e picotando-as para usar em algumas das partes mais fortes do disco, sobre reconhecer seu verdadeiro eu e ter orgulho dele. Esse é o seu talento, e você está dando o que deve ao mundo.

Mr.C - Confession Video

10. "Lucy Mongoosey"

Usamos as mesmas baterias eletrônicas de "The Ballad of Dorothy Parker", do Prince. Não é algo que eu escute muito agora, mas está totalmente gravado no nosso DNA — você é mais influenciado por essa faixa só de falar nela. Só jogamos nossos próprios acordes ali, e a música foi feita em uma noite só. Foi bastante simples, mas divertido e diferente, que é o que eu adoro nela. Samples são mesmo uma arca do tesouro, você vai descobrindo todas essas coisas bacanas. Quando você está na mesma banda há 19 anos… Temos os nossos talentos, podemos fazer coisas — é questão de explorar ao máximo todos os diferentes sons no disco.

Prince - The Ballad of Dorothy Parker

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"I Feel Free (Citation Needed)"

Rafael tocou o instrumental para mim em um dia de folga da turnê e disse que queria que fosse uma música meio "talking house". Depois tivemos que decidir sobre o que eu queria falar. Mario jogou uns loops de guitarra bacanas por cima e as coisas começaram a se encaixar. Eu meio que narrei — com um vocal com uma tonalidade mais baixa, anos 90, e uma atitude mais tradicional de showbiz, apresentando a banda, o que eu nunca tinha feito antes. Foi legal e divertido. Meio como o Morrissey — coisas pesadas ditas com uma cutucada ou uma piscadela — ou talvez um filme de Woody Allen. Para mim, é assim que você consegue dizer essas coisas sérias. Em termos de influência, acho que pegamos algo de "God Made Me Phunky".

Xpress - God Made Me Phunky Escute a playlist toda abaixo:

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