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Existe Uma Colônia Leprechaun Oficial no Oregon

No Parque Mill Ends existe uma piscina para borboletas e uma roda-gigante em miniatura, mesmo que ninguém nunca tenha visto um leprechaun.

Um leprechaun mora aqui. Imagem via Wikicommons.

Em 1948, Dick Fagan, colunista do Oregon Journal, relatou o avistamento de um leprechaun em sua coluna. De acordo com o artigo de Fagan, que com os anos se tornou um texto tradicional em Portland, o repórter olhou pela janela de seu escritório e viu um buraco cavado pela prefeitura para a colocação de um poste. O projeto tinha sido abandonado e o buraco estava cheio de mato. Então Fagan, num dia obviamente devagar para notícias, resolveu plantar flores no tal buraco de 60 centímetros de diâmetro. Um dia, ele viu um leprechaun fuçando em suas flores, correu atrás dele pela rua e ele lhe ofereceu um desejo. Ele desejou um novo parque, e o leprechaun travesso lhe ofereceu sua própria casa: o buraco do poste. Fagan batizou o buraco “Parque Mill Ends” (em homenagem à coluna de jornal na qual ele anunciou a história toda), a maior colônia de leprechauns fora da Irlanda.

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Fosse isso uma grande piada ou uma crença honesta, Fagan manteve a história do leprechaun Dennis O'Toole, que morava em seu parque particular, por anos. A criatura e seu clã invisível, conhecidos só por Fagan, ocasionalmente apareciam em sua coluna, chegando a ameaçar uma vingança mágica contra o prefeito e seu plano de toque de recolher para o parque da cidade, que deveria fechar às onze na noite. Na época de sua morte, em 1969, Fagan tinha repetido a história tantas vezes que isso já tinha se transformado na lenda da colônia leprechaun O'Toole e de seu parque num buraco de poste abandonado. A história ganhou fama e, em 1976, a Cidade de Portland batizou oficialmente o local como parque.

No dia da inauguração, ficou claro que a cidade tinha entrado na brincadeira e abraçado a novidade da designação do menor parque oficial do mundo. A primeira interação com o espaço foi a construção de uma piscina para borboletas e uma roda-gigante em miniatura, erguida no espaço por um guindaste de verdade. Como Mark Ross, assessor de imprensa da gestão de parques de Portland, admitiu: “a história do parque foi levada em consideração enquanto o incorporávamos como parte de nossas propriedades”. O que envolveu o reconhecimento do mito do clã O'Toole como parte do parque e sua história.

O menor protesto Occupy do mundo. Foto via Wikicommons.

Por décadas, o parque foi o centro não só de pequenas histórias bizarras – como o menor protesto Occupy do mundo em 2011 – mas também local de celebração do Dia de São Patrício, em que a cidade e os oficiais da comunidade se reuniam para honrar a tradição da colônia leprechaun da cidade. Mas, depois que a construção de um grande estacionamento em 2006 forçou a realocação do parque (para um vaso em frente ao World Trade Center de Portland), as celebrações desapareceram. A última festa oficial dos amantes de leprechaun foi em 2007, quando o parque foi devolvido a seu buraco de poste original. Mas mesmo que a memória de Dennis O'Toole esteja desaparecendo da memória popular, a cidade ocasionalmente reconhece a possível existência de leprechauns.

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“Não conheço ninguém que já tenha visto um”, Ross me disse, “mas sua tradição é muito mais forte do que leprechauns de verdade. [Fagan] não era membro da equipe do parque, e nunca tive a oportunidade de falar com um deles pessoalmente. Se um leprechaun decidir dar uma entrevista, espero que ele passe pelo canal apropriado de relação com a mídia da administração”.

Quando perguntei se a gestão de parques aprovava leprechauns morando num parque público, Ross disse: “Não sei se eles têm a permissão própria exigida. Mas seria legal se pudéssemos conversar sobre isso e ver se podemos melhorar o padrão de vida deles”. E, sem dúvida lembrando do artigo de Fagan sobre o toque de recolher e a ameaça da maldição de O'Toole, ele acrescentou: “Na verdade, acho que há uma cláusula na constituição que permite isso nesse caso específico”.

Mesmo que o diâmetro do Parque Mill Ends seja pequeno, os leprechauns são mágicos, o que torna difícil numerar a população do buraco. “Não houve nenhum censo”, me disse Ross. “Adoraríamos fazer um. Mas os recursos que temos impedem isso por enquanto. Claro, queremos nos certificar de que não há criaturas míticas demais lotando um espaço real.”

Populações marginalizadas pelo mundo todo enfrentam injustiças e dificuldades todos os dias, algo que os mais privilegiados de nós têm dificuldade para sequer imaginar. Leprechauns não são exceção e perguntei a Ross se a invasão de outras criaturas míticas a uma colônia leprechaun apresentaria uma preocupação para a cidade que reconhece o assentamento. Ele comparou o buraco do poste a Bon Temps, Louisiana: “Sabe, não queremos acabar como a série True Blood, onde todo dia você encontrava um personagem novo. O que vem depois? Criaturas mutantes, lobisomens, vampiros bonzinhos? Você precisa colocar um limite em algum ponto”.

Mas, o que é mais importante para a segurança da única colônia leprechaun reconhecida em solo americano e menor parque do mundo? Quando perguntei se a presença de leprechauns evitaria que o terreno do parque fosse reapropriado no futuro, Ross disse: “Essa é uma questão política que teria que passar pelo conselho e envolveria um processo público. Nunca tivemos que enfrentar uma questão desse tipo antes. Mas, como eu já disse, se os leprechauns têm uma opinião sobre isso, nós a ouviríamos com todo prazer”.

Se chegar o dia em que Portland decidir renegar a honorável proteção do clã O'Toole, hospedado no Parque Mill Ends, a cidade deverá ser responsabilizada: a administração precisa fazer de tudo para levar as varinhas mágicas deles para a mesa de negociação, compensação e reassentamento. E se não fizer isso, a cidade com certeza enfrentará a maldição do leprechaun que, por sua própria tradição, gosta de enganar velhos jornalistas e ameaçar as políticas de toque de recolher da cidade. Cuidado, Stumptown, pois você não conhece o poder da magia leprechaun.