Pra Onde o MPL Está Indo?
Foto: Felipe Larozza/VICE

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Pra Onde o MPL Está Indo?

Acompanhamos três atos simultâneos do MPL na periferia de São Paulo e tentamos entender os rumos do movimento.

Colaborou Mariana Bernardes

Ontem (3), o Movimento Passe Livre (MPL) convocou três manifestações contra o aumento do transporte coletivo em bairros periféricos da cidade de São Paulo: Pirituba (zona oeste), São Miguel Paulista (zona leste) e Campo Limpo (zona sul).

Ato no Campo Limpo. Foto: Felipe Paiva/R.U.A Foto Coletivo

Segundo eles, dessa vez, a estratégia era dar continuidade à luta pelo transporte convocando a população que vive afastada do centro expandido da metrópole. "Em 2013, quando fizemos os atos no centro, muita gente nos dizia que não ia até o protesto porque não tinha dinheiro pra pagar a condução. Hoje, o objetivo é dialogar com esse pessoal que está voltando do trabalho para o seu bairro. A ideia é aproximar a luta de todo mundo. Mostrar que não acontece só no centro, mas que precisa acontecer em toda a cidade", explica Marcelo Hotimsky, integrante do MPL que esteve no protesto de São Miguel.

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Ato em Pirituba. Foto: Felipe Larozza/VICE

Ato em São Miguel. Foto: Rodrigo Zaim/R.U.A Foto Coletivo

A menor adesão de manifestantes nos atos de 2015 e até mesmo a falta de cobertura por parte da grande imprensa não parecem incomodar o Passe Livre, que sempre investiu no trabalho de base longe do centro organizando assembleias e aulas públicas (ou até mesmo um dia de transporte tarifa zero) sempre com foco no mesmo tema: transporte. Em contrapartida, é inevitável conspirar e comparar os atos deste ano com o triunfo de 2013. O número de pessoas não tem crescido exponencialmente como aconteceu durante as Jornadas de Junho – o que, de certa forma, pode, sim, estar preocupando o Passe Livre, que provavelmente terá de pensar em novas estratégias para fazer valer a luta pela revogação do aumento. Se é que já não pensaram. Afinal, migrar as manifestações para a periferia pode já ser um artifício tanto para ampliar a luta quanto para mascarar a falta de êxito absoluto.

Ato em São Miguel. Foto: Rodrigo Zaim/R.U.A Foto Coletivo

Ato em Pirituba. Foto: Felipe Larozza/VICE

O próprio prefeito da cidade, Fernando Haddad, não parece querer abrir um canal de diálogo com o movimento desta vez. Falando em conspirações: pros interessados, vale ler este texto.

Ato em Pirituba. Foto: Felipe Larozza/VICE

Ato em São Miguel. Foto: Rodrigo Zaim/R.U.A Foto Coletivo

Ontem os três atos ocorreram de modo pacífico, todos com acompanhamento da Polícia Militar. Tanto em Pirituba quanto em São Miguel havia cerca de 100 pessoas. No Campo Limpo, o número era menor: menos de 50 presentes.

Ato em Pirituba. Foto: Felipe Larozza/VICE

Para Vitor dos Santos, membro do MPL que estava em Pirituba, a intenção não é reunir 10 mil pessoas, como em 2013 ou nos últimos atos deste ano: "Eficiência é questão de proposta e depende muito do que você se propõe a fazer. Aqui, a ideia é conversar com as pessoas que estão interessadas na luta por transporte na região para que elas venham somar com a gente. É um início de articulação, é um início de trabalho".

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Ato no Campo Limpo. Foto: Felipe Paiva/R.U.A Foto Coletivo

Os integrantes enfatizam que, agora, o objetivo é fortalecer as lutas regionais e incentivar o surgimento de novos grupos que se mobilizem sem o auspício direto do MPL. "O ato em São Miguel, na zona leste, é consequência disso. Começamos um trabalho em São Mateus justamente numa época [outubro de 2013] em que várias linhas foram cortadas lá. E a população, de forma autônoma, sem contato com o MPL, começou a lutar e obteve sucesso, conseguindo que a linha 3765-10 Jardim Santo André/ Metro Carrão voltasse a circular", explica Marcelo.

Ato em São Miguel. Foto: Rodrigo Zaim/R.U.A Foto Coletivo

Ato em São Miguel. Foto: Rodrigo Zaim/R.U.A Foto Coletivo

Ato no Campo Limpo. Foto: Jardiel Carvalho/R.U.A Foto Coletivo

Para o Passe Livre, há uma grande simbologia em levar as manifestações para essas regiões, cuja qualidade do transporte é ainda mais defasada em relação à da área central. "São as pessoas que trabalham e que circulam pelas periferias de São Paulo", explica Vitor, "que mais sabem o que é o caos e o sufoco do transporte coletivo nessa cidade".

Ato no Campo Limpo. Foto: Felipe Paiva/R.U.A Foto Coletivo

Ato em Pirituba. Foto: Felipe Larozza/VICE

Ainda com todos os percalços, a vitória de 2013 – quando o aumento da tarifa do transporte coletivo em São Paulo foi revogado de R$ 3,20 para R$ 3 – não parece assombrar totalmente o movimento, que pacientemente segue organizando protestos pelo município. "A luta pelo transporte não é só contra o aumento da tarifa – isso é um momento de evidência. A luta por transporte é muito mais do que isso. É por melhorias e também pela tarifa zero", enfatiza Vitor.

Ato no Campo Limpo. Foto: Jardiel Carvalho/R.U.A Foto Coletivo

Ato em São Miguel. Foto: Rodrigo Zaim/R.U.A Foto Coletivo

O sétimo grande ato já tem data: será nesta sexta-feira, às 17h, em frente à Prefeitura. De volta ao centro da cidade.