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Ela fez o Enem quando aquilo tudo era mato

O exame ganhou status de vestibular ao abrir portas para universidades públicas e privadas, mas a primeira edição teve só 150 mil inscritos.

O Enem já faz parte do imaginário brasileiro. Com seus 6,7 milhões de inscritos em 2017, o Exame deixa marcas ao longo do ano em todos aqueles que pretendem fazer a prova e abdicam de rolês e curtições para estudar. Também é uma fonte inesgotável de memes, suspeitas de fraudes e teorias da conspiração. Sai ano, entra ano, o Enem chama a atenção.

Mas, pasmem, nem sempre a história foi assim. Na primeira edição do exame, realizada em 1998, teve apenas 152 mil inscritos. O status do teste era completamente outro naquela época, pois tinha como objetivo analisar o nível do ensino médio brasileiro – não à toa, Enem é sigla para Exame Nacional do Ensino Médio. Apesar de a prova causar pouco interesse à época, parte significativa do pessoal interessado em passar em vestibulares como a Fuvest ou da Unicamp a fazia para somar pontos às notas de tais provas. E assim foi com a publicitária Rachel Juraski, que prestou o exame em 1999 como treineira e para valer em 2000.

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“Nessa época, o Enem era muito diferente: a prova era em um só dia, com 63 questões e uma redação. Na primeira vez, fiz a prova para ter uma ideia de como era o formato e para medir a minha performance. Já em 2000, a pegada foi outra, pois eu sabia que o Enem garantia pontos para as primeiras fases da Fuvest, Unesp e Unicamp, os três vestibulares que então prestaria. Fiz a prova, portanto, focada em me sair muito bem e conseguir uma ‘gordura’ nos outros vestibulares”, conta.

O plano deu certo? Ô se deu certo. “Se me recordo, foram somados 23 pontos do Enem aos meus pontos da primeira fase, o que me deu larga vantagem sobre a nota de corte. Passei para a fase dissertativa com uma boa vantagem e, no fim, fui aprovada”, conta ela, que entrou para Biologia, além de passar na Unesp e Unicamp.

E, antes que você pergunte se o Enem teve importância nos primeiros passos da vida profissional de Rachel, a resposta é positiva. “Pude estudar no curso que escolhi, em uma universidade à minha escolha e realizando não só o meu sonho, mas também o sonho da minha família”, relata.

Rachel fez o Enem em 1999. Caroline Lima / Vice Brasil.

E a transição?

Mas pera, a publicitária estudou biologia? Como já contamos antes, Rachel mudou de direção no meio do caminho. Vamos levar em conta que a média de idade dos candidatos em vestibulares é baixa e, de modo geral, a escolha da profissão a ser seguida na vida inteira é feita na adolescência. Logo, é modo esperado que jovens percebam, conforme amadurecem, que a “profissão dos sonhos” não era exatamente aquilo o que se esperavam.

“Virei publicitária depois que deixei a biologia e já trabalhava em uma empresa com exportação. Eu tinha um blog e apareceu uma oportunidade em uma agência de São Paulo para trabalhar com social media há dez anos”, conta, sobre como ela mudou completamente o rumo de sua vida profissional.

Por fim, a publicitária compara o antes e depois do Enem, ao falar sobre a função socioeducacional do programa na fase atual. “Na época em que eu prestei vestibular, a grande discussão era como acabar com ele, por não ser justo, não medir capacidade e apenas desempenho, e por ser custoso e cansativo para os estudantes. Hoje, eu entendo que a discussão é outra, sobre como unificar o vestibular. E acredito que o Enem tem cumprido adequadamente esse papel”, diz Rachel.

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