A Polícia Grega Parou o Trânsito em Atenas com Gás Lacrimogêneo na Noite de Quarta

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A Polícia Grega Parou o Trânsito em Atenas com Gás Lacrimogêneo na Noite de Quarta

Os gregos marcharam em direção ao escritório da Aurora Dourada, e confrontos entre a polícia e os manifestantes começaram. Garrafas e pedras eram jogadas nos policiais, que respondiam com bombas de efeito moral.

A marcha antifa da noite de quarta-feira, 25 de setembro, em Atenas parecia formada por todos os grupos demográficos que a Grécia tem a oferecer. Partidos de todo o espectro político incitaram seus simpatizantes a participar da manifestação em honra de Pavlos Fyssas, o rapper assassinado — supostamente, por um membro da Aurora Dourada — e para demonstrar sua oposição à organização neonazista que vem entrando gradualmente para a política grega predominante, apesar do catálogo de incidentes violentos e intolerantes nos quais seus membros têm se envolvido.

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Por volta das 18h, a Praça Syntagma começou a encher com uma das multidões mais diversas que já vi reunida na capital grega. Muitos chegavam a pé, já que as estações do metrô tendem a fechar toda vez que uma grande manifestação acontece, e vários estudantes — juntamente com membros de organizações de esquerda — começaram a se misturar com a multidão depois de chegarem de seu ponto de partida nas proximidades da Propylaea.

Por volta das 19h, milhares de pessoas (alguns disseram 30 mil, mas a Reuters estima algo em torno de 10 mil) começaram a caminhar da praça para o quartel-general da Aurora Dourada na Avenida Mesogeion, gritando slogans contra o fascismo e a austeridade que o alimenta. Às 20h, a marcha já tinha chegado à embaixada dos Estados Unidos e os gritos logo ganharam um sabor levemente antiamericano.

Quando chegamos a Mesogion, a uns 800 metros dos escritórios da Aurora Dourada, vimos uma fila de vans da tropa de choque bloqueando a rua. A linha de frente da marcha parou bem na frente da polícia, mas ainda havia movimento no centro da multidão — garotos mascarados e segurando pedaços de pau desesperados para chegar até a Aurora Dourada.

Logo depois, por volta das 21h, confrontos entre a polícia e os manifestantes começaram a se espalhar; garrafas e pedras eram jogadas nos policiais, que respondiam com bombas de efeito moral. Uma dessas caiu perto de mim e meu ouvido está zumbindo até agora. Mais pedras foram jogadas e, por fim, coquetéis molotov; provocando uma retaliação com gás lacrimogêneo. Com o gás liberado, a multidão começou a recuar e se dividir — uma parte fugindo em direção a Syntagma e a outra indo para o antigo reduto anarquista na Exarcheia.

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Foi aí que a polícia estragou tudo; eles não imaginaram que jogar gás lacrimogêneo nas pessoas faria elas fugirem na direção do tráfego em sentido contrário, então, não bloquearam o trânsito já congestionado na Avenida Alexandras. Logo, pessoas em pânico corriam entre os motoristas confusos e um fotógrafo que estava perto de mim avisou vários carros que esperavam pelo sinal verde para subir os vidros.

Depois de alguns minutos, a avenida estava completamente vazia, com os manifestantes dispersados pelas ruas próximas. Decidi voltar para a Syntagma, juntamente com algumas outras pessoas, mas nosso número tinha diminuído severamente depois da viagem de ida e volta de seis quilômetros.

Esse foi o final de mais um protesto na Grécia, mas tenho certeza de que haverá mais. Infelizmente, não sei se eles farão muita diferença para mudar alguma coisa.

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