A Beleza do Podre: O Novo Álbum do Benjamin John Power como Blank Mass

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Música

A Beleza do Podre: O Novo Álbum do Benjamin John Power como Blank Mass

"Eu definitivamente prefiro o lado mais dark da dance music", diz o produtor britânico integrante do Fuck Buttons sobre 'Dumb Flesh'.

"Loam", a faixa que abre o mais novo disco de Blanck Mass, Dumb Flesh, lançado pela Sacred Bones Records, tem o efeito de levar a uma falsa noção de conforto entre suas batidas distorcidas. Quando chega a grosseira "Dead Format", a mudança na atmosfera é um choque nos sentidos tão grande que fará você se perdoar de ter esquecido da desafiadora relação entre a beleza e a distopia, o jovial e o abrasivo, a marca registrada de Benjamin John Power, mais conhecido como a metade da dupla de noise eletrônico Fuck Buttons.

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A paleta sonora de Blanck Mass em Dumb Flesh é análoga à do Fuck Buttons. O trabalho de Power aponta para o tenebroso. "Eu definitivamente prefiro o lado mais dark da dance music", diz Power ao THUMP. "Você pode encontrar certo consolo na falta de esperança, especialmente se todos estão no mesmo barco. Existe uma união nesse sentido, especialmente no ambiente club."

A inspiração temática de Power para o disco é apropriadamente sombria. "Dumb Flesh é baseado na decomposição e no fato que em nossos corpos muita coisa pode dar errado", diz ele. "Estamos em decadência desde o começo. Essa foi a linha de pensamento". Com nomes de faixa como "Atrophies", "Lung", e "Detritus", o álbum pode parecer algo taciturno, mas é emocionalmente e sonicamente complexo — temas musicais no disco fazem alusão ao My Bloody Valentine, Depeche Mode, Mogwai e Gesaffelstein.

O que separa Power do grupelho melancólico do mundo dance pós EDM, no entanto, é sua aguda aderência à consonância. "Eu acho que melodia é um dos elementos mais atraentes na música", diz. "Eu preciso pelo menos ter uma sugestão de melodia, se não eu não consigo continuar… E narrativa é muito importante quando estou fazendo essas coisas. Está sempre presente em qualquer corpo de trabalho no qual eu esteja envolvido. Eu não quero empurrar uma imagem mental particular em ninguém, mas o fluir de um álbum deve conjurar algum tipo de história".

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A história de Dumb Flesh em si levou mais do que um rascunho. Power escreveu e reescreveu o álbum enquanto passava pelas ilhas britânicas. Começou no espaço de ensaio do Fuck Buttons, mas o duo se mudou de lá (e o produtor pós-tudo Arca se mudou para lá), Power critou a maioria do disco em um dos lugares mais improváveis: "Eu fiz muito no sótão da minha sogra", ele ri. "Aquele quarto não tinha janelas. Então me mudei para Edimburgo seis meses atrás. Nessas três vezes, mudei completamente e produzi tudo de novo. Parece uma grande tarefa quando você volta e reinventa, mas estou feliz que o fiz porque eu fiz o disco que queria fazer".

Isso não é dizer que Power não fez os álbuns que queria ter feito com Fuck Buttons. "Ainda estamos juntos, mas é um processo diferente", explica. "Sempre experimento de uma maneira bem ingênua, sem saber direito o que vai acontecer com o equipamento, até esbarrar em algo de que eu gosto do som e passo a construir em cima disso. Mas trabalhar sozinho pode ter seus empecilhos tanto quanto pareça libertador. A tomada de decisões é mais simples na superfície, mas é bom ter outro ouvido. Andy e eu somos tão afinados musicalmente. Nós viemos de backgrounds musicais muito diferentes e temos interesses diferentes, mas nós estamos realmente afiados no nosso jeito de trabalhar ao ponto de parecer natural para nós. Não existe realmente nenhuma pressão. Fuck Buttons ainda existe, nós vamos compor em breve".

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Abrir para Sigur Rós é uma coisa, tocar "All Tomorrow Parties" é outra, mas a compreensão única e profunda que Power tem da melodia no noise fez sua música conquistar os mais improváveis públicos - os 27 milhões de espectadores da abertura das Olimpíadas de 2012, por exemplo. A faixa "Sundowner" de Blanck Mass foi usada como tema principal dos Jogos Olímpicos de Londres, e foi uma surpresa tão grande para Powers quanto para qualquer outra pessoa.

"Rick Smith do Underworld entrou em contato falando em usar algumas faixas do Fuck Buttons. Ele estava curando a música com Danny Boyle para a cerimônia de abertura", explica Powers. "Eu acho que, por associação, ele entrou em contato com Blanck Mass. Foi um momento realmente incrível. Eu fui para Abbey Road e eu vi a Orquestra Sinfônica de Londres tocar a minha faixa, uma sessão de cordas de 60 pessoas, uma sessão de metais de 40 pessoas. Eles com suas partituras e eu tipo, 'Wow, eu fiz essa música no meu laptop.'"

"Toda hora que uma bandeira era carregada ou a tocha olímpica era carregada, era Blanck Mass e a Orquestra Sinfônica de Londres", Powers continua. "Minha mãe ficou tipo, 'Todo esse tempo eu disse para você não chamar sua banda de Fuck Buttons… Talvez não seja um grande problema no final das contas'".

Infelizmente, os reviews paternos de Dumb Flesh ainda não foram tão favoráveis. "Eu não mandei pra minha mãe", diz Power. "Eu tentei tocar pro meu pai, mas eu acho que ele estava um pouco preocupado porque tinha um jogo de futebol passando". Nós curtimos, Power.

Blanck Mass está no Facebook // SoundCloud // Twitter

Compre o album no site do Sacred Bones.

Jemayel Khawaja é editor assistente do THUMP US.

Tradução: Pedro Moreira