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Música

As 10 Coisas que eu Odeio na Noite do Rio de Janeiro

Sob o pseudônimo de Gruber Halson, um conhecido produtor da noite carioca libera todo chorume guardado em seu coração.
Wilmore Oliveira

A internet tem uma capacidade historicamente inédita de amar ou odiar tudo e todos em intensidade faraônica (apesar de muitas vezes termos a impressão de que o Ódio Digital é muito mais valorizado que o Amor Virtual [exceto nudes]). Com isso em mente, além de um sutil desejo de provocar o tão gostoso buzz em comentários de Facebook, convidamos figuras icônicas das noites de São Paulo e do Rio para elencar o que, para eles, são os dez pecados capitais ou as dez coisas que amo em você do circuito de baladas (sim, BALADAS) das duas cidades. Tentamos deixar de fora os defeitos e qualidades de cenas muito distantes do que, colonizados que somos, conhecemos por clubbing scene, tipo, os rolês sertanejos, festa de universitário, etc. Na segunda instância da série, pedimos para que um conhecido produtor da noite carioca listasse as 10 coisas que mais odeia por lá. Sob o pseudônimo Gruber Halson, ele solta todo chorume guardado em seu coração. Acompanhe.

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O Rio de Janeiro é o berço do funk, tem a Lapa — o antro maior da malandragem do mundo —, uma energia foda e um povo festeiro pra caralho. E tem, talvez, o pior serviço do Brasil. Garçons, motoristas de ônibus, taxistas… O Rio de Janeiro é uma selva, todos que trabalham servindo tratam você mal.

Cenas do Rio durante o Rio Parada Funk de 2015. Foto por Matias Maxx

Terra do carnaval, o Rio de Janeiro tem muitas opções baratas de diversão, mas aqui estamos falando de club music, que ganha vida dentro de clubes, que, por sua vez, tem seus custos. A seguir, falaremos um pouco sobre alguns problemas nesse universo no contexto carioca.

10. A escolha do lugar

A ala EDM do Lollapalooza 2015 teve programação no Rio de Janeth. Todas as fotos abaixo são do Wilmore Oliveira

É difícil curtir festas em lugares inusitados, porque o carioca tem um enorme medo de a night ser "mais ou menos". Sempre em busca d'A Boa', peidam pra ir num lugar desconhecido, e todos tendem a ir no lugar mais seguro. Festas costumam ficar na Zona Sul e no Centro maaais ou menos. Zona Norte nem pensar, o que é uma pena, já que muitas possibilidades deixam de ser exploradas.

9. Capitalismo selvagem

Estágios pagam R$ 600 reais de salário para o pobre estudante, enquanto a entrada da night carioca custa R$ 60 no mínimo (R$ 90 sendo realista). A cidade é cara pra caralho e a night acompanha esse padrão — não reclamem com os produtores, reclamem com "O Sistema".

8. Festas na rua x experiência clube

As fotos do furduncinho na praia do IOIA ficaram ótimas

Ao mesmo tempo que ir num clube sai caro, a alternativa de festas na rua pode ser mega divertida, mas musicalmente falando acaba que não será uma experiência clube foda como apenas um clube foda poderia proporcionar.

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7. A falta de clubes

Praia tem de montão.

Clubes fodas não existem no Rio de Janeiro. Se um clube é foda em um aspecto, ele vacila em outros. Um clube que tem um som bom, por exemplo, vai ser caro pro público e ruim pros produtores. Um clube que tem um deal melhor pros produtores, certamente terá falhas de estrutura que sempre atrapalham. Enfim, o Rio carece de clubes fodas — é brabo.

6. Poserism

Poserism é um problema universal na night, mas na real não é um problema, é só a dura realidade batendo na cara de 13 pessoas ali no meio que não absorveram o conceito de selfie até hoje, uma das quais está escrevendo essa lista hater.

5. Carioca.pede.vip.toda.hora

4. Idolatria de Falsos Idolos

Omulu foi testemunha ocular do set do Jack Ü no morro do Vidigal.

Uma vontade ansiosa porém mascarada (not really) de estar perto das pessoas que fazem as festas, dos DJs, das 'celebridades.' Como amar alguém que você não conhece? Aprecie seus amigos.

3. Produção nas coxas

O nível de profissionalismo do carioca em geral é uma desgraça. Organização e compromisso são coisas muito raras na indústria da night — especialmente na night alternativa. O rolê playboy seria 'pior' no aspecto cultural, mas é muito melhor no lado de estrutura, afinal movimenta mais grana, e grana é aquela coisa né, faz acontecer! Sobe o nível em vários aspectos: som, bar, infra-estrutura, cachês, etc.

2. A social

Respect ou um dos cinco estágios do homem na balada.

Mais um sintoma de uma cena que põe o status social acima do interesse cultural: pessoas julgando outras por coisas tão pequenas. Como "Ai, ele é estranho, às vezes me cumprimenta, às vezes não — não entendo". Amigo, se o cara quer entrar na boate, pegar um drink e ir direto pra pista bater cabeça, essa é a onda dele. Não precisa entender. Apenas deixe ser.

1. Carão

Carão é a pior coisa de night. Gente que sai pra 'ver e ser visto' e não pra se divertir. Muita festa em clube periga ficar com uma pista paralisada (ou naquele leve balancê da galera ajeitando o cabelo bebendo drink no canudinho). Eu particularmente acho que boate é um ambiente hostil pra quem quer socializar: som alto pra caralho e escuro! Clube foi feito pra dançar, ficar muito doido — ou pras pessoas que já são soltas por natureza, simplesmente, dançar!!

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