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Música

A Ressureição e Renovação da Festa Carioca MOO

Fomos na última (mini) Moo para conversar e fotografar os pioneiros da diversão classuda eletrônica do Rio recente — que estão voltando com força total.

Há mais de 10 anos, na sempre linda capital carioca, três amigos davam seus primeiros passos no cenário eletrônico ao conceberem uma das festas mais icônicas da cidade: a festa MOO. Bruno Guinle, Diogo Reis e Eduardo Christoph começaram o projeto, incrivelmente experimental, depois de um convite do finado club Dama de Ferro, em 2004. "O Diogo foi convidado por um amigo nosso pra tocar às quartas-feiras, de onda, porque não rolava nada lá na quarta. Tinha um evento de poesia" contou Bruno em nossa conversa muito e nada saudosista (sim). O Dama, então, requisitou uma festa completa.

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O foco era a música e, claro, juntar os amigos (e amigos de amigos) pra dançar e beber muita vodka. Não tinha nenhum selo de festa do tipo, com um som mais alternativo, embalando os dias úteis dos cariocas naquele cenário pós-house underground do Rio. E a brincadeira flertava com house, techno, disco-punk, punk-funk, a parte do som eletrônico à cargo do Eduardo e a pegada mais rockeira do Diogo.

Depois de algumas semanas, eles entenderam que deveriam levar o projeto adiante com mais seriedade. E por que não escolher um nome? De um brainstorm prolongado surgiu a palavra MOO, que não significa aparentemente nada mas tem um som e uma grafia daora. O que proporcionava aos integrantes designers — Bruno e Diego estudaram design juntos na PUC-RJ — muitas possibilidades na hora de bolar os flyers. Verdadeiras viagens, diga-se de passagem.

"Rolou essa pilha de convidar amigos, um pessoal muito casca grossa do design brasileiro, mesmo, da nossa geração [para elaborar os flyers]. A ideia era que cada um interpretasse a marca de uma forma diferente. Não queríamos um logo e nessa época rolava um conceito que era divertido: o convidado do flyer seguinte tinha que mixar o trabalho dele com o flyer anterior, antes de fazer o flyer dele", disse Bruno.

Diogo Reis, um dos criadores e residentes da MOO

A experimentação era musical, com o desenvolvimento dos estilos pessoais de Eduardo (minimal-techno-house) e Diogo (disco-punk-funk) e com a participação de convidados de outras cidades, estados e até gringos importados; gráfica, com a mistura de ideias e conceitos de diferentes artistas na elaboração dos flyers (que você pode ver aqui); e, depois que a festa migrou para o Studio Line, muito mais sensorial. O espaço tinha um fundo infinito que possibilitava efeitos malucos quando combinado com as projeções gráficas, abstratas e non-sense que eram a cara da festa. Em 2006, a festa migraria para o Espaço Franklin e foi especialmente nesse momento que a MOO ganhou o destaque de festa hype carioca.

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Alexandre Ostrowski, o Badenov

A partir de 2010, com o envolvimento em projetos fora da pista e até a paternidade para alguns do envolvidos, as edições da festa foram ficando cada vez mais raras. Algumas reuniões de aniversário ainda eram organizadas no final do ano e, nesse meio tempo, Eduardo decidiu se desvincular do projeto. Bruno me garantiu que isso não atrapalhou em nada a amizade de quase 30 anos - ufa! - e que trouxe para o baile um novo sócio, Alexandre Ostrowski, o DJ Badenov. Na metade de 2014, a MOO prometeu voltar as pistas cariocas dando uma super festa em maio e nós nos apegamos com muita esperança a essa promessa. Tanto que não ousamos faltar na primeira edição mini desse ano, no dia 10 de janeiro, e fizemos fotos muito loucas, que você vê ao longo desse post.

O DJ Eric Duncan

Perguntei para o Bruno o que ele tinha achado do rolê, lá na Gamboa: "A gente queria aproveitar a vinda do Eric Duncan, que é um cara incrível e que a gente gosta muito. O público foi bem misturado, tinha uma galera bem das antigas e um pessoal bem novo, que provavelmente nem sabe o que é a MOO. E é essa a ideia", mandou o DJ e criador da festa.

Sobre o retorno da MOO durante esse ano, Bruno avisa: "A gente voltando, tem que começar a trazer um pessoal novo. Tem que sempre ter isso, o público tem que ser renovado. É bacana ter a galera antiga, meio fã, os amigos old school, mas é sempre legal ter o pessoal novo, se não chega uma hora que não faz mais sentido, né?".

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Isso ai, Bruno. E ainda em clima de ano novo, desejamos muitas MOO para 2015.

De bônus, pedimos para os caras selecionarem uma playlist com as faixas que representam o atual som da Moo. Prepara o joelho e dá o play: