No topo: um manifestante segura a bandeira do Paraguai com o Congresso, ao fundo, em chamas. Foto: Chelo Encina/VICEO Paraguai passa por dias turbulentos de instabilidade política, ainda mais depois da última sexta-feira (31), quando senadores aliados do presidente Horacio Cartes e ao ex-presidente do partido de esquerda Fernando Lugo aprovaram a reeleição presidencial no país. Em resposta, manifestantes invadiram e incendiaram o Congresso e foram fortemente reprimidos pela polícia. Na esteira dos acontecimentos, no sábado 1ª, Rodrigo Quintana, líder da Juventude Liberal do distrito de La Colmena, foi baleado e morto pela polícia após invadir a sede do PLRA na capital Assunção.
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A situação descarrilhou após o presidente conservador pertencente ao Partido Colorado defender uma reforma constitucional que permite a reeleição presidencial no país. No Paraguai, país que viveu sob uma dura ditadura até 1992, o mandato presidencial é de cinco anos. Aliados à reforma está o partido progressista Frente Guasú do ex-presidente Fernando Lugo, destituído do cargo em 2012 por meio de um processo de impeachment criticado pelo Mercosul. Os 25 parlamentares favoráveis à reeleição se juntaram fora do Congresso nas dependências do Frente Guasú para votar, deixando de fora 20 senadores contrários à reforma, incluindo o presidente do Senado, Roberto Acevedo, que ocupou o Senado para impedir a votação oficial. A manobra foi considerada um "golpe parlamentar".
Com a aprovação do projeto, a ira de manifestantes e parlamentares foi provocada, levando a um protesto violento no prédio do Congresso. Cerca de mil pessoas invadiram o local, ateando fogo ao salão principal. Confrontos entre a polícia e manifestantes foram travados nas ruas de Assunção. A polícia respondeu os manifestantes duramente com balas de borracha. Cerca de 12 pessoas ficaram feridas nas primeiras horas de manifestação. No dia seguinte dos protestos, Cartes demitiu o ministro do Interior, Tadeo Rojas, e o comandante da Polícia Nacional, Críspulo Sotelo. A Ponte da Amizade chegou a ser bloqueada no lado paraguaio na sexta-feira por manifestantes até ser reaberta na madrugada de sábado (1ª).
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No sábado, a polícia chegou a invadir a sede do Partido Liberal, que faz oposição ao governo, para perseguir manifestantes contrários à reeleição presidencial. Durante a invasão, policias efetuaram disparos que feriram Rodrigo Quintana, líder da Juventude Liberal, morto pouco depois no Hospital de Traumas. O Ministério do Interior soltou um comunicado avisando que as circunstâncias da morte serão investigadas. O presidente do PLRA, Efraín Alegre, também confirmou a morte do jovem, dizendo que a sede do partido foi invadida de "forma bárbara".
Cartes não fez aparições públicas desde que a crise política estourou no país, mas publicou uma nota oficial pedindo "calma" aos paraguaios. "(…) Seguimos vivendo em um estado de direito e não devemos permitir que alguns bárbaros destruam a paz, a tranquilidade e o bem estar geral do povo paraguaio".Mais fotos do incêndio ao Congresso no Paraguai, abaixo: