Fotos de um mercado de carnes a céu aberto no Paraguai

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Fotos de um mercado de carnes a céu aberto no Paraguai

No Mercado de Abasto, em Ciudad del Este, você encontra roupas, eletrônicos, utensílios domésticos e carnes que ficam expostas no calor da rua.

Todas as fotos por Heloisa Nichele/VICE.

Pedestres, motociclistas, carros e jardineiras se confundem nas ruas onde fica o Mercado de Abasto, em Ciudad del Este, no Paraguai. Localizado a 5 quilômetros da Ponte da Amizade, região fronteiriça do país com o Brasil, o lugar parece ter se perdido no tempo em questões sanitárias, mas é de onde saem os alimentos que abastecem restaurantes e famílias da região.

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Ao entrar no Abasto — em funcionamento há mais de 30 anos —, as largas avenidas da Ciudad del Este transformam-se em vielas de barracas amontoadas e pequenas lojas de dois andares. No Abasto tem de tudo. As ruas abarrotadas de mercadorias exibem roupas, calçados, eletrônicos, utensílios domésticos, hortaliças, verduras e carnes. É uma versão mais simples, mas não menos caótica, da avenida central de shoppings e muambas da cidade. Os altos prédios dão lugar a torres de pneus empilhados, e as barracas de artigos de luxo são substituídas por carnicerias a céu aberto.

Os animais comprados são levados sem qualquer padrão de higiene. Foto por Heloisa Nichele/VICE.

Cabeças de boi e de porco são exibidas entre peles, tripas e miúdos. Tudo exposto na rua, as peças chamam mais atenção das moscas varejeiras do que de qualquer pessoa que identifique ali algum problema sanitário. "É cultural", disse o dono de uma das barracas. Segundo ele, nunca houve problema de saúde e a vigilância sanitária está longe de forçar alguma mudança.

"No Paraguai existe uma questão cultural muito forte em consumir a carne fresca, de modo mais artesanal. Não significa necessariamente que é imprópria para consumo humano". — José Rocher, analista de agronegócio

Em algumas regiões do Norte e Nordeste do Brasil, bem como em países da Europa, também é possível encontrar carnes vendidas in natura. Segundo o brasileiro José Rocher, analista de agronegócios, esse tipo de exposição não pressupõe que o produto esteja estragado. "No Paraguai existe uma questão cultural muito forte em consumir a carne fresca, de modo mais artesanal. Não significa necessariamente que é imprópria para consumo humano".

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A maioria das carnes vendidas são de origem de pequenos produtores. Foto por Heloisa Nichele/VICE.

Carnes dispostas à céu aberto atraem moscas e qualquer tipo de exposição. Foto por Heloisa Nichele/VICE.

A carne vendida no Abasto vem de pequenos produtores paraguaios e "brasiguaios", assim chamados os brasileiros que vivem no lado paraguaio da fronteira. Não é permitido atravessar a fronteira com a carne, o que configuraria contrabando, ainda que muitos restaurantes da fronteira comprem produtos vendidos no mercado.

Mesmo no calor paraguaio de mais de 30ºC, as carnes ficam expostas até que tudo seja comprado, no fim da tarde. Preços mais baixos aos de mercados convencionais atraem os feirantes, que levam frangos inteiros segurados pelas patas como quem leva a bolsa de mão pela alça. O cheiro forte se espalha no ar. A feira acaba e os transeuntes vivem mais um dia comum em polvorosa no Mercado de Abasto.

Foto por Heloisa Nichele/VICE.

Dezenas de açougues fazem parte do comércio do Abasto. Foto por Heloisa Nichele/VICE.

A maioria dos açougues vendem carne bovina e suína. Foto por Heloisa Nichele/VICE.

Quase nenhum açougue no Mercado de Abasto tem refrigeração. Foto por Heloisa Nichele/VICE.

Até o fim da tarde a maioria das carnes é vendida. Foto por Heloisa Nichele/VICE.

As carnes ficam expostas na calçada, sem qualquer medida sanitária. Foto por Heloisa Nichele/VICE.

Foto por Heloisa Nichele/VICE.

A maior parte da produção de carne é de brasileiros que habitam o Paraguai. Foto por Heloisa Nichele/VICE.

É grande a quantidade de lixo encontrada nas ruas do Mercado de Abasto. Foto por Heloisa Nichele/VICE.

Os vendedores falam com naturalidade do critério de higiene dos produtos. Foto por Heloisa Nichele/VICE.

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