O Festival DoSol levou os roqueiros de Natal para a beira da praia
Todas as fotos por Fernando Gomes/VICE.

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Noisey

O Festival DoSol levou os roqueiros de Natal para a beira da praia

Com mais de 60 bandas em dois dias (fora os 'sideshows'), o fest mais rock do nordeste continua firme como destaque no calendário da música brasileira.

Firmado na cena brasileira como um festival de rock, a cada ano o DoSol tem crescido e alcançado novos públicos na cidade de Natal. Anteriormente realizado na Ribeira, histórico bairro onde fica o centro cultural que gerou o festival, esse ano o DoSol foi literalmente para a beira da praia, no Beach Club da Via Costeira, com aquela brisa forte, céu lindo como teto e diversos ambientes de circulação. “Essa mudança de local e formato tem muito a ver com nosso nome e com nossa forma de levar as coisas na música e na cultura. É um esquema que tá funcionando legal, a gente tem toda uma cena de música em volta do festival e hoje Natal é um dos celeiros da música no país”, declarou Anderson Foca, um dos produtores do festival que chegou à sua 14ª edição.

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Com mais de 60 bandas divididas em quatro palcos e dois dias de evento — além dos sideshows em outros dias e locais —, o resultado foi uma sequência impiedosa de shows corridos e intensos, naquele esquema pouco papo e muito som. Um bom exemplo disso foi a apresentação dos potiguares da Far from Alaska. Jogando em casa com a chinfra de ser seguramente um dos principais nomes do rock feito no Brasil atualmente, a banda variava entre breves discursos emocionados pela volta à cidade depois de chegar a palcos internacionais e sequências certeiras de pedradas dos seus dois discos.

Far from Alaska

Mais uma das boas atrações locais foi a banda Luisa e os Alquimistas, que passeia por diversas vertentes da música jamaicana mantendo os dois pés no nordeste brasileiro, com referências como a bregadeira que bomba nos paredões na parte de cima do Brasil. Vale ficar atento ao disco que lançaram ano passado e ao novo material que prometem lançar em dezembro. Ao mesmo tempo, os cariocas da gorduratrans lotavam o palco Spotify, que se firmou como o espaço mais barulhento do festival recebendo outros shows densos como Deaf Kids, Aloha Haole e Koogu, trio instrumental que também está às vésperas de um disco novo e fez um dos poucos shows com direito a bis.

Luisa e os Alquimistas

O Estado do Paraná foi muito bem representado no festival por um trio que assustou com o nível de intensidade das apresentações. Water Rats, Corona Kings e Stolen Byrds deixaram a certeza de que tem algo de muito interessante rolando no mundo das guitarras distorcidas e cabelos longos pelo sul do país. E por falar em rock bem feito, só que dessa vez do Pará, a banda Molho Negro foi responsável por um dos shows mais memoráveis do fim de semana e que fez jus ao nome do palco Selvagem. Finalizando com os músicos tocando no chão rodeados pelo público e um banho de mar do vocalista João Lemos. “Aqui a definição de backstage e frontstage se confundem um pouco. Você vê vários amigos músicos curtindo os shows uns dos outros e músicos se misturando ao público”, contou em conversa com a VICE.

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Stolen Byrds

Corona Kings

Também do Pará veio Luê, cantora e instrumentista que fez no Do Sol o seu primeiro show após o lançamento do belo disco Ponto de Mira, onde põe sua rabeca pra dialogar com o universo dos beats e música experimental. “Festivais como esse são bastante ricos, fazem circular muita informação e põem a gente em contato com outros artistas e com a galera que vem vê-los. É bom pra todo mundo. As bandas, o público, as marcas que apoiam essas iniciativas… todo mundo ganha muito em participar disso”, declarou. Em seguida, subiu ao palco seu conterrâneo Pinduca, também conhecido como rei do carimbó, que do alto de seus 80 anos fez uma grande celebração com clássicos como “Carimbó do Macaco”.

Luê

Os cariocas da Zander levaram os hardcoreanos de Natal à frente do palco para fazer um show que teve stage dives, dedos apontados, muito suor, coros e tudo que uma boa gig de hardcore tem que ter. Os gringos presentes no DoSol vieram dispostos a conquistar o público brasileiro e assim vimos uma das apresentações mais frenéticas e suadas da primeira noite com os chilenos da Juanafé e um show digno de grandes festivais de rock com a performática banda francesa Dot Legacy.

Zander

Dot Legacy

Outra forte representante da cena potiguar foi a banda Plutão Já foi Planeta, que convidou ao palco a cantora Paula Cavalciuk e destacou a presença feminina no line-up do evento. Em seguida, o que aconteceu foi um carnaval de 40 minutos cheio de beijos, muita dança, bruxas soltas e sorrisos pra tudo que é lado. Era o show da Francisco, el Hombre. Com uma montagem de palco não-hierárquica e performance que beirava a catarse, a banda mostrou que sabe bem como se faz uma festa em cima e embaixo do palco. “Não é à toa que a gente não dorme pra tocar nesses festivais. A cultura alternativa no Brasil é muito forte. De um lado a outro do país a gente vê grandes festivais com bandas que são parceiras e isso não acontece em qualquer lugar, mas está acontecendo no Brasil”, comemoraram.

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Plutão Já Foi Planeta

Francisco El Hombre

Paula Cavalciuk

O baile black promovido por Liniker e os Caramelows marcou o encerramento da edição 2017 desse festival que é, sem dúvidas, uma das mais importantes vitrines da atual música brasileira. Mesmo com a dívida de abrir os olhos para vertentes como o rap, que não teve nenhum representante na escalação desse ano, o Dosol provou mais uma vez ser uma injeção de ânimo que a cidade de Natal dá na música do país.

Liniker e os Caramelows

Esse ano foi ótimo no Nordeste, veja os vídeos que fizemos do Coquetel Molotov (Recife) e Radioca (Salvador) em parceria com a Natura Musical.