A coroa de Nicki Minaj é inquestionável

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A coroa de Nicki Minaj é inquestionável

Em show fechado em São Paulo, a rapper reclamou seu trono de rainha de maneira muito mais carismática que em seu álbum mais recente, 'Queen'.

O ano de 2018 tem sido pouco aprazível pra Nicki Minaj, pelo menos pelo que dá pra acompanhar pelas redes sociais e notícias sobre a rapper. Seu álbum mais recente Queen foi lançado em agosto depois de ser adiado duas vezes por conta de lançamentos maiores, como os cinco álbuns assinados por Kanye West e Scorpion, do Drake. Nicki só não contava com o sucesso de ASTROWORLD, do Travis Scott, que foi lançado uma semana antes de Queen e acabou tomando seu primeiro lugar na Billboard 200.

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A notícia fez Nicki atacar Travis de todas as maneiras possíveis durante seu programa de rádio na Beats 1, da Apple Music, inclusive dizendo que ele teria usado a fama de sua namorada Kylie Jenner e sua filha, Stormi, para impulsionar as vendas do disco. Pra completar, Nicki ainda se envolveu em uma briga pública com o ex-namorado Safaree, que acusou a rapper de ameaçar esfaqueá-lo, e com a também rapper Cardi B, que jogou um sapato em Nicki durante uma festa da semana de moda de Nova York.

Tudo isso deixou a rapper numa posição desfavorável, afastou-a ainda mais do trono pela qual tanto briga (o de rainha do rap) e, pra ser bem sincera, me cansou um pouco desse processo de divulgação de álbum. Mas, quando subiu ao palco do Credicard Hall nessa quarta (26), enfeitado por um unicórnio (símbolo universal do terceiro membro de um ménage), Nicki Minaj tinha o cetro na mão e a coroa na cabeça de quem tem bastante certeza de que ninguém pode tirá-la do seu posto.

O show foi anunciado na semana passada e rolou num evento fechado, resultado de uma parceria entre o TIDAL, serviço de streaming fundado pelo Jay-Z em 2015, e a Vivo. Shows fechados são sempre uma incógnita, quase sempre uma decepção – shows de menos de uma hora, plateias imóveis, setlist de apenas hits e nada mais. Mas esse não foi o show que Nicki mostrou no Credicard, que durou cerca de 90 minutos e serviu como um bom olhar para o começo de sua carreira até aqui.

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A abertura foi com "Your Love", o primeiro single oficial da cantora, lançado em 2010. Na época, Nicki era uma das poucas, se não a única, rapper feminina a conseguir chegar ao mainstream (não sem um apelo ao público de música extremamente pop) – tanto que Nicki foi a primeira mulher a entrar na lista de Hottest MCs in the Game da MTV, no mesmo ano, e a única a aparecer entre os Hip Hop Cash Kings da Forbes. Ainda no começo do show, Nicki cantou "Feeling Myself" e o contraste ficou claro: apenas quatro anos depois de sua estreia comercial, ela já estava fazendo feats com a Beyoncé e rimando com a confiança de uma real rainha.

O setlist também destacou outro aspecto da carreira de Nicki: seus versos mais impactantes e memoráveis são, quase sempre, em músicas de outros artistas. Seu clássico verso em "Monster", som do Kanye West em parceria ainda com Jay-Z, Rick Ross e Bon Iver, foi recitado pela rapper sentada no grande trono montado no palco e entusiasticamente entoada pelo público; apesar dos singles de Queen, como "Ganja Burns" e "Chun-Li", já terem feito algum barulho, nenhum recebeu uma recepção tão boa ao vivo quanto "FEFE", sua parceria com 6ix9ine e Murda Beatz, e "MotorSport", um feat com Migos e Cardi B.

Créditos: Divulgação / Tidal

E ainda teve hits pra todos os gostos: desde seus sons mais raps, como "Only" e "Good Form", até os pop-poc-EDM como "Starships" e o fechamento "Super Bass" – não antes sem um concurso de twerk entre fãs no palco ao som de "Vai Malandra" e "Bum Bum Tam Tam", como não poderia deixar de ser. Na minha opinião, só ficou faltando um "Anaconda". Antes de encerrar, Nicki disse que tocaria um som que costuma não rolar nos shows, mas que cantaria porque "sei que vocês ficariam bravos se não rolasse, então, vai ter especialmente para o Brasil", e engatou no primeiro verso de "Moment 4 Life", parceria com o Drake de 2011.

É em momentos como esse que Nicki Minaj torna sua coroa inquestionável: quando se mostra confiante, simpática e manda verso pica atrás de verso pica. Em vários momentos durante o show, lembrei das qualidades que a fizeram conseguir o posto de rainha em primeiro lugar – além do carisma e da pose de dona do mundo, a habilidade de fazer qualquer rapper se envergonhar do seu próprio verso quando ela se apossa do microfone (veja bem, se a Nicki conseguiu isso numa faixa com Kanye e Jay-Z, estou assumindo que ela faria com qualquer um). E isso, primeiro lugar da Billboard nenhum consegue tirar dela.

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