Dependendo de para quem você perguntar, Marquês de Sade foi a encarnação humana da devassidão, um mártir tipo Larry Flynt da liberdade de expressão, ou algo no meio disso. O lendário cineasta italiano Pier Pasolini o achou interessante o suficiente para adaptar sua obra 120 Dias de Sodoma num dos filmes mais perturbadores de todos os tempos, e ele fascina artistas e psicólogos há séculos.Como Miki Bunge, fundador da editora indie Goliath Books, disse a VICE: “Marquês de Sade é a personificação da perversão”. Este mês a Goliath está lançando 100 ilustrações raras encomendadas pelo infame aristocrata francês, nascido Donatien Alphonse François, num novo livro que é basicamente um portal para sua famosa imaginação devassa.
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É difícil dizer exatamente o artista, ou artistas, por trás das cenas comissionadas pelo aristocrata francês que deu nome ao “sadismo”. Parte do conteúdo da edição, intitulada Marquis de Sade – 100 Erotic Illustrations, parece saído do Bang Bros. Cercados de paredes decoradas, colunas e arcos, esquadrões de caras cheios de testosterona usando perucas mergulham em emaranhados orgíacos de mulheres. Disso a coisa fica mais kink.com, com padres transando com freiras, duas mulheres se masturbando enquanto assistem um incêndio, e outra pendurada no teto pelos punhos.Obscenidades dessa escala não eram apenas mal vistas na sociedade da época, mas altamente ilegais, então não é surpresa que as gravuras não tenham a assinatura de um artista. Quatro anos depois de encomendar essas peças em 1797, Sade foi preso por Napoleão por seus livros descrevendo essas cenas, Justine e Juliette. Seja lá quem fez essas obras provavelmente queria evitar o mesmo destino, por isso é tão difícil para Bunge apontar seu criador. “Hoje acreditamos que um dos desenhos não veio do mesmo ilustrador”, ele disse. “Até onde sabemos, temos toda a arte original dessa época no livro.”Bunge coletou as ilustrações de tomos do trabalho de Sade publicado nos anos 1970, alguns com mais de 500 páginas, além das ilustrações originais que ele adquiriu. 100 Erotic Illustrations é pensado como um apanhado mais digerível do legado visual dessa figura controversa.
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Mas qual é esse legado? Sade cativa artistas e psicólogos há séculos, mas vendo algumas das ilustrações mais fortes do livro, a decisão de Napoleão de prendê-lo parece até razoável. Mesmo Bunge tem dificuldade para definir como pensar sobre a obra de Sade. “As imagens são bastante explícitas, especialmente para a época”, ele disse. Talvez o detalhe mais problemático sobre as ilustrações é que a Goliath teve que modificar algumas delas, “especialmente aquelas envolvendo crianças”, para poder publicar o livro em 2018.Por mais depravado que ele fosse, Bunge defende a importância de Sade no discurso moderno. “Você pode ver claramente como diferentes formas de sociedade reagiram e lidaram com o trabalho dele durante os séculos”, ele disse. Em certo ponto, Sade foi tão apagado da consciência coletiva que seus próprios descendentes foram informados de sua obra por um historiador, que os abordou em busca de informações.A própria conclusão de Bunge sobre o legado de Sade não é satisfatória, mas se encaixa confortavelmente na área cinzenta entre condenação e complacência. “Acho que Marquês de Sade foi um ricaço que podia conseguir qualquer coisa graças à sua posição. Incluindo assédio sexual e estupro. Claro, não podemos aprovar isso”, ele disse. “Mas liberdade de expressão é a base de qualquer sociedade digna de se viver. Sendo assim, Marquês de Sade e tudo que lida com demonização de conteúdo é muito atual hoje.”
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Com isso em mente, abaixo você vê uma seleção de arte (MUITO NSFW) de Marquis de Sade – 100 Erotic Illustrations.
Compre Marquis de Sade – 100 Erotic Illustrations pela Goliath Books.Siga a VICE Brasil no Facebook, Twitter, Instagram e YouTube.