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Games

Este professor documentou 2 mil máquinas de refrigerante nos games

Cada um tem seu chamado, né?
Todas as imagens: Jason Morrissette/Reprodução.

Matéria originalmente publicada no Waypoint.

Em 2016, o professor da Universidade Marshall Jason Morrissette estava jogando Batman: Arkham Knight. Enquanto espreitava nas sombras, Morrissette topou com uma máquina de refrigerante. Como muitos jogos, Arkham Knight não apresenta marcas de refrigerantes do mundo real; isso sairia caro. Os desenvolvedores preferiram criar sua marca própria: Sparkle Fizz.

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“Foi uma coisa colorida e brilhante que achei num canto escuro de Gotham City e chamou minha atenção”, disse Morrissette por e-mail.

Depois de fazer piada no Twitter dizendo que alguém devia catalogar como os videogames escolhem representar essa "vending machines", Morrissette decidiu aceitar a missão. E assim nasceu o Video Game Soda Machine Project, e no começo do mês ele atingiu um marco importante, o blog catalogou sua 2.000ª máquina, do jogo de tiro em terceira pessoa obscuro El Matador, de 2006, onde o jogador é um agente do DEA investigando cartéis de narcotráfico.

Tipo um Max Payne ruim? De qualquer maneira, em El Matador o pessoal adora uma Cola Fria.

“É impressionante como pequenos detalhes como vending machines — além de outros acessórios de cena recorrentes — conseguem ancorar o jogo numa realidade que conhecemos”, ele disse, “se videogames querem criar um senso de lugar onde o jogador pode imergir, algo como uma máquina de refrigerante numa plataforma do metrô vai longe”.

Morrissette não faz toda a catalogação sozinho. Muitos dos exemplos no Video Game Soda Machine Project vêm de fãs. O que ajuda muito em jogos como MMOs que fecharam anos atrás. A dedicação incansável dos fãs muitas vezes leva a revivals de jogos como The Matrix Online, um projeto de um fã hardcore do blog há mais de dez anos.

“Sem esses projetos dos fãs, partes importantes da história dos videogames — e partes pouco importantes como as máquina de refri — se perderiam quando as empresas puxam a tomada dos servidores oficiais”, Morrissette disse.

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(É uma boa hora para apontar que a Entertainment Software Association, o grupo de lobby da indústria dos videogames, atualmente está indo contra essas práticas.)

A pesquisa também se estende, quando possível, para jogos que nunca foram lançados, como esse game de tiro do mini console Gizmondo, Colors, que usava o GPS do console para deixar os jogadores atirarem em arenas baseadas na sua localização. Como o jogo nunca foi lançado, eles foram obrigados a confiar nas poucas screenshots que vieram a público.

A máquina de Grog de The Secret of Monkey Island é uma das favoritas de Morrissette — “acho a máquina de refrigerante anacrônica deles hilária” — mas Juicy Raccoon de Resident Evil e a vending machine de Killer 7 Handosomeman Executive Cola chegam perto.

Uma coisa interessante: um protótipo abandonado de Resident Evil 2 incluia máquinas de Pepsi. Isso provavelmente teria mudado se a Capcom tivesse levado a diante essa versão do jogo, mas marcas de refrigerante reais aparecem de vez em quando. Quest for Bush, um jogo de tiro de 2006 desenvolvido por uma organização de propaganda da Al-Qaeda, emprega um monte de imagens da Pepsi.

“Tenho medo de pensar pra que lista entrei quando baixei e joguei esse game”, ele disse.

Morrissette, que admite preferir o termo “soft drink”, não está mais apenas coletando essas imagens aleatórias para um projeto de hobby — está incorporando isso em sua pesquisa. Numa convenção acadêmica em breve, ele vai apresentar um trabalho chamado “Eu Gostaria de Comprar um Nuka-Cola para o Mundo: Os Propósitos e Significados das Vending Machines nos Videogames”:

“Qualquer um que já jogou um tempo considerável de videogame provavelmente encontrou uma vending machine em sua aventura. Seja uma máquina de Nuka-Cola nos jogos Fallout, uma máquina de Grog na série Monkey Island, ou vários outros exemplos, essa máquinas são surpreendentemente onipresentes no meio. Por que vending machines aparecem com tanta frequência em videogames? Que propósitos elas servem? Que valores representam? Esse trabalho usa uma abordagem crítica qualitativa para responder essas perguntas, identificando retratos de máquinas de refrigerante em videogames e analisando os vários papéis — estético, lúdico e temático — interpretados por essas máquinas. Argumentamos que as máquinas têm um papel crucial em ancorar videogames num mundo que reconhecemos como parecido com o nosso, enquanto reforçam os valores consumistas do capitalismo moderno. Esse trabalho se baseou em dados coletados pelo Video Game Soda Machine Project, um site mantido pelo autor que já catalogou 2 mil máquinas em várias plataformas e gêneros.”

Se você quer apontar alguma máquina de refri ainda não documentada para Morrissette, fale com o cara pelo Twitter.

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