Visibilidade, história e escultura pelas lentes de Jonathan Gardenhire e Leslie Hewitt

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Photo Issue

Visibilidade, história e escultura pelas lentes de Jonathan Gardenhire e Leslie Hewitt

Os fotógrafos compartilharam seus trabalhos na nossa edição anual de fotos.

Para nossa edição de fotos deste ano , falamos com 16 fotógrafos em ascensão e perguntamos que fotógrafos os inspiraram a entrar para o meio. Depois abordamos seus "ídolos" para saber se eles estavam interessados em publicar trabalho na nossa edição. O que nos deram, achamos, cria um diálogo único sobre a linha de influência entre jovens artistas e fotógrafos com uma carreira mais estabelecida. Esta matéria apresenta uma entrevista com Jonathan Gardenhire e seu ídolo escolhido, Leslie Hewitt, e uma explicação do trabalho de cada um.

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Enquanto estudava na Parsons em 2011, Jonathan Gardenhire começou a pesquisar sobre história e visibilidade negra, preocupado que nenhuma dessas coisas era adequadamente representada ou discutida em seu currículo. Enquanto mergulhava em seu trabalho, ele começou a fotografar as pilhas de livros, fotos e objetos que tinha acumulado. Ficou fascinado com como a fotografia e artefatos carregavam história e significado elásticos, e podiam ser recontextualizados enquanto mantinham muito do momento original em que foram feitos. Ao mesmo tempo em que fazia essas naturezas mortas, ele começou a fotografar retratos de garotos e homens negros, criando mais das imagens que ele tinha buscado inicialmente, e desde então ele vê essas fotos como um projeto em andamento que considera o trabalho de sua vida. Quando perguntamos o que podemos esperar do estágio final desse projeto, ele respondeu: "Não há estágio final… considero meu projeto como a profundidade total da minha prática".

Leslie Hewit descreve sua arte como trabalho onde os meios da fotografia e escultura se encontram. Ela faz imagens de materiais que encontra, como fotos vintage ou anotações pessoais, que depois incorpora a algum tipo de mídia de massa, como recortes de jornais ou revistas, que então são colocados no chão e fotografados de cima. As camadas físicas cuidadosamente montadas lembram esculturas. Hewitt foca na intersecção muitas vezes velada das representações política e pessoal, enquanto tenta criar uma nova prática artística baseada em lentes, uma que presta mais atenção no cenário espacial. As nuances em suas "fotoesculturas", que às vezes incluem imagens de protestos, desafiam o espectador a ver além das construções simples da fotografia e, assim, fornece uma maneira de ver além das construções simples da identidade.

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Foto por Jonathan Gardenhire.

Foto por Leslie Hewitt. Sem título (Encrypt) de Still Life Studies, c. 2016. Imagem cortesia da artista.

Foto por Jonathan Garde

Foto por Leslie Hewitt. Riffs on Real Time (3 de 10), c. 2013. Imagem cortesia da artista.

Jonathan Gardenhire: Fui apresentado ao seu trabalho pelo meu orientador, Andrew Bordwin. Por volta daquela época, fiz a imagem "Origin of the World". A considero uma montagem de imagens e objetos que podiam ser usados como ferramenta didática para obrigar críticas e comentários dos meus colegas de classe, que decidiram não interagir com meu trabalho em comparação a outros. Alguns anos depois, continuo fazendo essas imagens porque percebi que elas são mais como um diagrama da maneira como organizo meus pensamentos, em vez de uma reação aos meus colegas. Qual é a sua abordagem para construir imagens? Como você define uma fotografia?
Leslie Hewitt: Considero a fotografia através de termos espaciais e esculturais; para mim, a fotografia é um objeto material de desejo, amor, tristeza, beleza, isolamento, melancolia, evidência e poder. É interessante você descrever fotografia como pensamento puro. Adorei esse conceito, que libertador. Que generoso.

Minha abordagem para construir imagens vem de um comprometimento em tornar tangível o olhar humano, e o que eu gosto de chamar de uma "interioridade" em mutação. Construir imagens dessa maneira, na minha visão, cria uma intimidade com o espectador/leitor de cada fotografia.

Como podemos expandir o meio sem imagens em movimento?
Se entendemos a fotografia como fluída e até expandida, não é excitante? Única em sua história, ela está ligada à tecnologia e filosofia de maneiras que se movem num ritmo imprevisível e muitas vezes paralelo. É volátil. É isso que a torna tão madura para abordar questões pertinentes do nosso tempo.

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Fotografias são inerentemente familiares. Podemos fazer histórias e tirar conclusões de imagens mesmo quando não fomos nós que a fizemos ou não estamos conectados com o momento retratado na imagem. No meu trabalho "A Mighty Fortress Is Our God/Imperfect Man", uso fotos vintage de corridas para fazer referências aos obstáculos e contradições raciais que existiram na vida do performer musical experimental Julius Eastman. Foi uma ligação em que comecei a pensar durante a campanha Race Together da Starbucks, mas as pessoas que veem meu trabalho fazem todo tipo de interpretações e conexões. Como você seleciona os indivíduos, eventos ou memórias a que seus trabalhos fazem referência?
Bom, acho que as condições para nossa atração por qualquer coisa é uma combinação do subconsciente, que é um casamento perfeito de preocupações humanas com sobrevivência e a mente consciente. Construo sobre isso e dou espaço para escolhas inesperadas. Acho que isso também produz uma sensação de alegria para mim em paralelo com o olho crítico. O registro poético é essencial para a arte. Entendo seu uso de deslocamento (a inserção das imagens de corrida como metáfora) como uma maneira de mudar a estrutura da narrativa de operacional para associativa. Eu também uso isso.

Quanto da sua vida pessoal está incorporada ao trabalho? Quanto de si você está disposta a compartilhar?
Sempre imagino se há algo chamado "pessoal coletivo", se estou construindo uma linguagem; essa é uma linguagem que faz referência a um arquivo do pessoal coletivo. Isso é importante para mim por ser profundamente psicológico e talvez criar uma dissonância cognitiva com noções de autoria, propriedade e representação.

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Foto por Leslie Hewitt. Riffs on Real Time (1 de 10), c. 2006 - 2009. Imagem cortesia da artista.

Leslie Hewitt. Imagem de instalação c. 2011. Imagem cortesia da artista e do Instituto de Arte Contemporânea. Boston, MA.

Foto por Jonathan Gardenhire.

Foto por Leslie Hewitt. Riffs on Real Time (3 de 10), C. 2006 - 2009. Imagem cortesia da artista.

Leslie Hewitt. Imagem de instalação, c. 2013. Imagem cortesia da artista e Sikkema Jenkins & Co. Nova York, NY.

Foto por Jonathan Gardenhire.

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