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Seria Esse um RPG Feito Pelos Illuminati?

Muitos teóricos da conspiração têm certeza de que os Illuminati existem mesmo, e que Steve Jackson tinha informações privilegiadas sobre os planos hediondos do grupo para implementar uma nova ordem mundial.

Em 1995, o designer de jogos Steve Jackson criou um RPG de cartas chamado Illuminati (The Game of Conspiracy). Nele você assume o papel de um sombrio titereiro que faz parte da elite regente dos Illuminati. Sua missão é lançar ataques terroristas falsos contra seu próprio povo, conspirar atos malignos para aumentar sua própria riqueza e, principalmente, fortalecer o seu punho de ferro de dominação mundial.

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Com as cartas dadas você pode lançar bombas nucleares terroristas em prédios, atacar o Pentágono, espalhar uma doença criada artificialmente e até reescrever livros de história para auxiliar seu reinado de terror dirigido nos bastidores. A coisa mais marcante do jogo, no entanto, são as ilustrações de cada carta. Algumas têm uma estranha semelhança com os desastres reais de 11 de setembro e o vazamento de óleo da Deepwater Horizon. Muitos teóricos da conspiração têm certeza de que os Illuminati existem mesmo, e que Steve Jackson tinha informações privilegiadas sobre os planos hediondos do grupo para implementar uma nova ordem mundial — um musical tirânico armado para pisar repetidamente em nossas fuças num futuro bem próximo.

Eles acreditam que Jackson e seu time de diretores de arte, ilustradores e designers gráficos fizeram essas cartas para nos avisar de forma subliminar sobre o perigo iminente que se aproximava nos próximos 20 e poucos anos. Parece exagero, mas depois de pesquisar um pouco, comecei a imaginar se haveria alguma verdade nessa bizarra teoria.

São 330 cartas no total. Cada uma desenhada à mão no começo dos anos 90 por um time de cinco ilustradores com orientações dadas pelo diretor de arte Alain Dawson e pelo editor Steve Jackson. A SJ Games (a companhia de Jackson) era uma empresa pequena na época, chefiada por um cara que tinha largado a faculdade. Onde eles poderiam ter conseguido informações secretas dos mais altos escalões de uma organização sombria em busca do controle mundial? Poderia ter sido com os hackers que trabalhavam para eles.

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Em 1990, o escritório da SJ Games foi invadido pelo Serviço Secreto Americano, que apreendeu documentos e discos rígidos, alguns deles com informações do jogo Illuminati. Aqueles que acreditam na conspiração dirão que o Serviço Secreto atacou porque sabia que Steve Jackson e sua equipe estavam para revelar o plano de ação Illuminati ardilosamente através de seu jogo de cartas. Isso se encaixa muito bem no aspecto comédia de capa e espada da teoria, mas o escritório foi realmente invadido porque a SJ Games empregava um hacker chamado Loyd Blankenship, mais conhecido como “The Mentor”.

Blankenship era o operador de sistema do Bulletin Board System, o BBS (um boletim hacker), conhecido como “Projeto Fênix”, que publicou arquivos roubados que detalhavam como o sistema de resposta de emergência 911 funcionava (os documentos E911). Ele também era o operador do sistema para o boletim online do jogo Illuminati da SJ Games. Consegui falar com Blankenship sobre a invasão.

“A SJ Games foi invadida porque eles sabiam que eu era um sysop [operador de sistemas] lá”, diz ele. “E o Serviço Secreto não conseguia acreditar que eu não estivesse usando o BBS da SJ Games como plataforma hacker também. O Serviço Secreto entrou lá com um mandado fraco querendo achar muitas provas incriminatórias para que eu fosse forçado a aceitar um acordo. Infelizmente pra eles, eu não tinha nada que me incriminasse na SJ Games.”

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Toda a informação hacker de Blankenship estava num disco rígido na casa dele (que também foi vasculhada). Em seu emprego na SJ Games ele gerenciava o boletim online do jogo Illuminati normalmente — como um lugar para suporte ao consumidor, testes e eventualmente como fórum para pessoas interessadas em conspiração, ficção científica e coisas estranhas.

Sobre Steve Jackson, Blankenship diz: “Steve era um grande fã de teorias da conspiração. Não que ele acreditasse nelas — pelo que eu posso dizer dos cinco anos que trabalhei com ele — ao contrário, ele as achava muito divertidas. Quanto as 'previsões' nas cartas, é como qualquer coisa física — diga que um líder do Oriente Médio vai ser morto no ano que vem e você tem muita chance de acertar”.

Estudando as cartas, é fácil perceber por que aqueles com uma quedinha por conspirações e paranoia as interpretam como profecias de desastres mundiais. As imagens detalhadas da explosão das Torres Gêmeas, terremotos e de aplicação brutal de lei marcial não precisam ser dobradas ou colocadas de cabeça pra baixo para se ver a suposta mensagem nelas. As ilustrações são completas — ainda que provavelmente por coincidência — o suficiente pra fazer até os mais cínicos e céticos se arrepiarem.

Entrei em contato com Dan Smith, o principal ilustrador das cartas, e ele me disse: “O que a maioria não sabe, e digo isso com um certo grau de apreensão, falando agora de eventos passados, é que Steve se envolveu em práticas condenáveis e sujas para obter as ideias para as cartas. Eu não diria que num nível Aurora Dourada de maestria, mas houve vezes em que recebi mensagens de pessoas que eu não conhecia… Steve sempre brincava que era sobrinho neto de um primo de segundo grau do Nostradamus. Agora eu fico pensando nisso…”.

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Tive quase certeza de que Smith estava tirando uma com a minha cara, então falei com John Grigni, outro dos ilustradores que usou suas habilidades para confeccionar em torno de 20 cartas.

Ele falou sobre a “carta das Torres Gêmeas”, que mostra dois arranha-céus próximos um do outro, com uma explosão mais ou menos no mesmo lugar onde o primeiro avião atingiu o World Trade Center em 2001.

“A carta da Torres Gêmeas é na verdade chamada Bomba Nuclear Terrorista, o que me faz lembrar que na época a preocupação se relacionava com o colapso da União Soviética”, diz Grigni. “O terrorismo começava a ser uma 'manchete que vendia' sem nem a ameaça sempre presente de uma aniquilação nuclear, mas continuávamos olhando para o Hamas e a Palestina como culpados por tais atos. Quanto a direção de arte, francamente uma bomba nuclear não explodiria apenas um prédio, mesmo uma bomba atômica 'tática' faria um dano numa escala muito maior. Isso parece estranhamente premonitório, dado o que aconteceu com as Torres Gêmeas.”

Para deixar claro, não acho que Illuminati: The Game do Conspiracy é um plano diretor de terrorismo escondido num jogo de cartas, mas tenho que admitir que as similaridades entre as cartas e algumas das maiores catástrofes das últimas duas décadas, juntamente com a invasão do escritório da empresa pelo Serviço Secreto e a relação da companhia com hackers, são um tantinho perturbadoras.

Talvez a carta mais sinistra no momento é a mostrada acima, apresentando o que parece ser a torre do Big Ben de Londres sendo explodida e cinco pessoas correndo disso — cada uma vestida com cores muito próximas das dos anéis olímpicos. Medo.

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Com Piração