A Plana não pode acabar
Foto cortesia de Henrique Thoms/ I Hate Flash.

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Guilhotina

A Plana não pode acabar

Um papo com Bia Bittencourt, criadora do festival e da Casa Plana, sobre o futuro da maior referência editorial independente no país.

O Pedro é designer na VICE. Ele também tem uma editora, a Pipoca Press. Por isso, ele sabe que tem muito trabalho foda de muita gente foda que está circulando pelas feiras e eventos de publicação no Brasil e fora dele. Aqui você vai conhecer esses trabalhos e essas pessoas.

Estamos na semana de abertura da nova Casa Plana, que agora vai ocupar um novo endereço em São Paulo. A inauguração é no sábado (26) e a VICE conversou com a Bia Bittencourt, idealizadora da Feira Plana, e seu novo time de parceiros, Jorge Sallum e Luis Aranguri que assumem o espaço que funciona como uma extensão das atividades do festival, fortalecendo o movimento editorial e artístico; levando novos públicos para o universo da autopublicação e edição; e fomentando pesquisa e mapeamento da área.

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VICE: Qual é o status da Plana nesse momento?
Bia Bittencourt: Um status esquizofrênico mas animador. Eu continuo sentindo o peso das duas últimas edições, quando a feira tomou o corpo de Festival e ainda não sei como e nem se vai acontecer no ano que vem. Já estive mais tensa com isso mas agora estou bem.

Então eu não vejo mesmo outro caminho possível a não ser a união de forças para que a máquina continue girando. Nesse caso, a editora Hedra está unindo forças à Plana. Como vocês se enxergam dentro disso?
A gente conhece outros circuitos e já bateu muita cabeça em quase 20 anos de estrada. Temos esse espaço e uma certa estrutura. No entanto, a gente tem a desvantagem de não estar dentro desse circuito independente, o que talvez seja a nossa maior vantagem. A gente consegue ver a potência que tem esse circuito em comparação à outros que a gente já viu. A gente olhava pra Plana e pensava que era um Lollapalloza e nos perguntávamos como acessar quem faz aquilo. É uma mobilização muito grande de pessoa e elas estão lá entregues.

Bia Bittencourt fazendo a pose da Xuxa. Foto: Ivi Bugrimenko

Bia, como você enxerga o amadurecimento das editoras e pessoas que começaram desde a primeira edição do festival até agora?
Eu tenho enxergado ciclos. Tem uma quantidade significativa de editoras, por exemplo, que desistiram, que abandonaram e foram fazer outras coisas. Muita gente começa jovem e é muito emocionante. Depois vai fazer outra coisa. Elas tem essa liberdade pois não tem uma coisa muito consolidada e tudo bem.

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Ainda assim, muita gente continua produzindo e novos projetos e editoras aparecendo.
Sim, muita gente nova continua aparecendo. A Casa tá recebendo e vai receber material de gente que a gente nunca viu na vida.

Nesse sentido, é muito importante um incentivo que funcione como algo que dê continuidade e fomente o rolê, que coloque as cartas na mesa. Como foi a formação dessa nova Casa Plana?
Eles [a Hedra] foram bem insistentes e eu estava bem resistente. Muita gente também acha que o caminho da resistência não vai de encontro como esse que estamos fazendo aqui, que tem que ser algo neoísta. A Casa Plana tem um bom histórico de ser sustentável, mas chegou um momento que não dava mais conta e mesmo ela se sustentando eu aprendia, abria e ouvia; e isso foi importante para tentar confiar o projeto nas mãos de outras pessoas. Essa junção louca de forças que a gente está fazendo aqui é super importante. Existem dois universos diferentes mas super complementares e que precisam um do outro de certa forma.

Da esquerda pra direita: Jorge Sallum, Ricardo Arashiro, Bia Bittencourt e Luis Aranguri. Foto: Ivi Bugrimenko

Poucas editoras tiveram alguma experiência no mercado editorial e isso faz a diferença.
O universo “tradicional” precisa de um certo experimentalismo e liberdade que talvez se perdeu com o tempo e o universo “independente“ precisa de um sistema e método que a gente não aprendeu ainda. Acho que essa união vai ser uma escola, no sentido de aprendizado. Talvez isso vai ser uma grande potência pra gente sobreviver no futuro.

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E o que vai ter aqui?
Uma livraria, uma café, a biblioteca e os cursos. AAinda não temos um ciclo de cineclubes previsto mas a gente vamos ter cursos com cineclubes agregados. Vai funcionar como funcionava antes, só que com uma estrutura maior. Estamos abertos para receber o que for para receber e fazer o que der para fazer.

Mesas da Plana

Na última vez que eu vi você falando sobre a Plana, eu achei tudo muito maduro, muito belo e com muita propriedade. Muito que bem pra vocês!
Obrigada, Pedro!

Então é muito importante dar mais esse passo na continuidade desse projeto que proporcionou e proporciona muita coisa pra muita gente. A parada não pode acabar. A Plana não pode acabar.

Foto: Ivi Bugrimenko

Casa Plana
Abertura: 26 de maio de 2018 das 14h às 22h
Rua Fradique Coutinho, 1139 - Pinheiros, São Paulo.
Conversa: 17h - Tarefas Infinitas com Bia Matuck
Show: 19h - My girlfriends com Benjamin Sallum e Zopelar
Entrada gratuita
Classificação livre

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