Chupa-cus do mundo, uni-vos
Ilustração por Luiza Formagin/VICE

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Sexo

Chupa-cus do mundo, uni-vos

Como descobri que alguns dos meus parceiros sexuais ansiavam por ter seus cus lambidos.

No sexo, você é o tipo de pessoa que fica só nos passes curtos ou mata a bola no peito? Curte toda a região dos Países Baixos ou só alguns? Acha que cada um ali tem seu papel e evita arriscar qualquer coisa fora da zona de conforto?

Foi nesse impasse que me vi, enquanto chupava as bolas de um cara e tive a impressão de que ele esperava que minha boca fosse a um lugar em que nunca esteve antes.

Estou na estrada há algum tempo, encarando as mais diversas situações e nunca tinha me deparado com essa oportunidade. Confesso que me perguntei se deveria parar ali, dizer não e seguir minha vida sem olhar pra trás — mas seria mesmo possível seguir a vida pensando "e se…?". Como deitar a cabeça no travesseiro esperando que outro homem, ao longo da vida, me oferecesse seu ânus tão seguramente?

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Claro que a gente ouve falar da anatomia do cu e está cansado de saber que blá, blá, blá terminações nervosas. Mas, convenhamos, não é qualquer cara que deixa você lamber a bunda dele. E como eu tenho uma reputação a zelar dentro da minha mente, executei meu primeiro cunete da vida. Fiquei tão surpresa com o que a minha língua proporcionava que me empolguei — agi rápido, me esforcei, enfiei a cara com tudo — e admito que a reação do cara me deixou super curiosa.

Será que ele estava gostando tanto assim? Era ele ou era eu?

Alguns dias depois, com outras bolas na boca, um outro cara também se mostrou disposto. Lógico que minha personalidade faminta por conhecimento viu na situação outra chance perfeita pra praticar minha mais nova especialidade sexual. Como já disse, não é todo dia que você encontra um cara que quer ter o cu lambido.

Ele não só queria, como aparentemente havia se preparado pra isso. Depilado, limpo e de pernas pro ar. Sentou na poltrona numa posição que eu, sinceramente, só havia visto no consultório do ginecologista. Chegou a apoiar as pernas nos meus ombros enquanto eu tentava, a todo custo, entender a evolução das técnicas que botava em prática. O pescoço doía, mas saí de lá querendo testar ainda mais toda minha experiência.

"Tem bastante bunda por aí disposta a ser lambida, é só a gente prestar atenção."

Encontrei um conhecido que também tinha recém descoberto o poder da língua no rabo e fomos juntos nos aventurar. Ele, mais à vontade, variou a posição e sentou na minha cara. Meu pescoço agradeceu bastante essa inovação, mas quem está familiarizado com essa posição sabe que corre um certo risco de tudo sair do controle — a famosa linha tênue entre o sufocamento do "tá gostoso" pro "estou morrendo".

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Enquanto meu último ar sumia e meu corpo se debatia tentando me livrar do peso na minha cara, juro que assisti à minha vida passar diante dos olhos e tudo acabava ali, naquele momento, morrendo com um cu na boca e pensando "como ele vai explicar isso pra polícia?"

Acredito que só consegui sobreviver porque precisava dividir essa bagagem que, hoje, depois de certo tempo, já não me parece mais tabu. Tem bastante bunda por aí disposta a ser lambida, é só a gente prestar atenção. Chupa-cus do mundo, uni-vos!

Afinal, tão triste a vida de um cu que viveu sem a devida consideração. Eles estão por aí, só precisamos encontrá-los.

Hoje me pergunto se alguma coisa no meu rosto me denuncia, se finalmente encontrei meu dom natural e se homem é tão sensível mesmo que qualquer cutucadinha já fica doido. Sigo sem respostas, mas sigo em frente. E embaixo também, às vezes com um dedinho que ninguém é de ferro, né?

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