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Incêndio na Chapada dos Veadeiros é o maior desde a ampliação do Parque

O fogo, que começou na última terça (17), já atingiu 35 mil hectares do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.
Fotos: Ramilla Rodrigues/ASCOM ICMBio

Essa reportagem foi atualizada em 25 de outubro às 14:42.

Um incêndio que castiga o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, já dura quase uma semana. O fogo, típico do fim da estação seca no Centro-Oeste do país, já atingiu 64 mil hectares, ou 26% da área do Parque. Este é o pior incêndio desde que o Parque foi ampliado.

O fogo começou na terça-feira (17) e já se alastrou até para propriedades particulares, atravessando a rodovia GO-239, que liga os município de Alto Paraíso a São Jorge. Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) são 200 pessoas trabalhando no combate ao incêndio, incluindo brigadistas do ICMBio e do Ibama, bombeiros do estado de Goiás e do Distrito Federal, além de voluntários da região.

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Fotos: Ramilla Rodrigues/ASCOM ICMBIO

Em junho, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros foi ampliado de 65 mil hectares para 240 mil hectares graças a um decreto assinado pelo presidente Michel Temer no Dia Mundial do Meio Ambiente. Desde 1961, quando o parque foi criado, o espaço sofreu diversas reduções e numa tentativa de aumento mais recente foi de encontro ao Governo do Estado de Goiás que defendia a regularização fundiária das terras da área de expansão antes de dar o aval para o aumento do parque.

O chefe da unidade, Fernando Tatagiba diz que o incêndio continua "crítico e fora de controle". A baixa umidade relativa do ar, somada à temporada de secas também é uma das causas do fogo se alastrar tão rapidamente. A visitação está suspensa até segunda ordem.

O ICMBio também afirmou que nem todos os focos de queimada aconteceram dentro do Parque e que não se pode descartar a possibilidade do incêndio poder ter sido provocado intencionalmente. "Os indícios de o incêndio ter sido criminoso existem principalmente porque não há fonte de ignição natural, ou seja, o incêndio não foi causado por raios ou outra causa natural", explica Ramilla Rodrigues da assessoria de comunicação do ICMBio. " Também [há indícios] porque no dia 17 o fogo começou depois dos aceiros, que são uma ferramenta utilizada para evitar a expansão do fogo." Ainda segundo a assessora, resta esperar pela perícia ou um flagrante para determinar se as queimadas foram provocadas por terceiros e acusá-los por crime ambiental, que é inafiançável e imprescritível, passível de condenação penal e administrativa.

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Fotos: Ramilla Rodrigues/ASCOM ICMBIO

De acordo com o último informe do Instituto, o incêndio na região não só prejudica a economia como também destrói a fauna e flora local. "Incêndios ocorridos no final do período de seca são potencialmente perigosos para o meio ambiente. Por causa do acúmulo de vegetação seca, o fogo nesta época costuma ser mais intenso e mais difícil de controlar. Áreas sensíveis ao fogo, como matas de galeria e veredas, se atingidas pelo fogo, costumam causar grande mortalidade de fauna e flora".

Organizações e entidades compostas por comerciantes e moradores da Chapada estão se organizando para receber doações para continuar impedindo o alastramento das queimadas da região. A hipótese do incêndio ser criminoso é fortemente considerada pelos mesmos, já que as queimadas supostamente não ocorreram via causas naturais. As mesmas organizações estão pressionando a prefeitura de Alto do Paraíso para decretar estado de calamidade pública. Segundo Rodrigues, o Instituto está em negociação para decretar calamidade pública, mas ainda não há como confirmar.

Após oito dias de queimadas ininterruptas, Tatagiba disse em entrevista à Folha de S. Paulo que não há dúvidas de que os incêndios começaram por influência humana. "Não existe a possibilidade de combustão espontânea nessa região e 100% dos incêndios na seca no Cerrado são provocados pelo homem. O local onde ele começou deixa claro que o incêndio foi uma ação humana".

Os indícios de o fogo ter começado dentro dos aceiros — áreas feitas para impedir que a queimada se espalhe — também fortalecem a hipótese de que o incêndio foi provocado. "A única causa (natural) de incêndios no cerrado são raios. E a época de incidência deles é no período de chuvas, mas não tivemos tempestades nesse último mês ou queda de raios", afirmou o chefe do parque.

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