Este conteúdo é uma parceria com a Bem Bolado Brasil.No último sábado (26), São Paulo recebeu a décima edição da Marcha da Maconha. Os ativistas começaram a se reunir por volta das 14h no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (MASP). Mesmo com a presença da Polícia Militar, era possível ver a galera consumindo ganja livremente, além de vendedores ambulantes com uma grande variedade de alimentos “batizados”, como cookies, brigadeiros, trufas, brownies e até geladinhos.
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De acordo com a organização do evento, o movimento luta pelo fim da guerra às drogas, pela descriminalização do uso da cannabis para fins medicinais e recreativos e contra a violência policial, o machismo e o racismo. Ilegal até 2011, ano em que houve um grande confronto entre manifestantes e a Polícia Militar em São Paulo, a marcha conquistou, após decisão unânime do Supremo Tribunal Federal (STF), o direito de ocorrer legalmente, não sendo mais considerado um movimento de apologia às drogas.
Para Juliana Paula, uma das organizadoras da marcha, a discussão atual não é mais sobre se a cannabis vai ser legalizada, mas quando isso vai ocorrer. “A gente tem certeza que a cannabis vai ser legalizada porque é um movimento global”, afirma a psicóloga. “Para nós, é muito mais importante pensar em que tipo de legalização a gente vai ter: se é estatal, como a do Uruguai, ou privatizada, como a maior parte dos EUA. O que a gente quer é uma legalização que contemple as nossas necessidades e os nossos direitos.”
Para Juliana Paula, uma das organizadoras da marcha, a discussão atual não é mais sobre se a cannabis vai ser legalizada, mas quando isso vai ocorrer. “A gente tem certeza que a cannabis vai ser legalizada porque é um movimento global”, afirma a psicóloga. “Para nós, é muito mais importante pensar em que tipo de legalização a gente vai ter: se é estatal, como a do Uruguai, ou privatizada, como a maior parte dos EUA. O que a gente quer é uma legalização que contemple as nossas necessidades e os nossos direitos.”
Essa é a quarta vez que Leonardo participa da marcha. Ele defende o fim da guerra às drogas como tema principal pela legalização. “O que me incomoda nas marchas que já participei é ver muitas lutas que são mais paralelas sendo o foco principal, como a da cannabis medicinal. Atualmente, o destaque deveria ser o fim da guerra às drogas em função do genocídio do povo negro e pobre”, reflete.
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Por volta das 16h20, número que virou referência para a galera do rolê canábico, os ativistas se preparavam para ir em direção à Praça da Sé, no Centro. Antes de seguir adiante, o bloco feminista organizou um jogral, que lembrou nomes como o de Maria Antônia Goulart, primeira brasileira a conquistar a liberação do uso medicinal da cannabis, Marielle Franco, Rafael Braga e Cláudia Ferreira, morta pela PM em 2014. O discurso terminou com um “se a lei é injusta, nós vamos desobedecer. E se o Estado vem quente, nós já tá queimando”.Johnsons fuma há 11 anos e há cinco participa da marcha pela legalização. “A gente é oprimido porque é maconheiro, é discriminado na caminhada, mas a gente é da quebrada e faz nosso corre. Aqui foi dinheiro, aqui tem 20 gramas”, comemora, se referindo a um beck gigante que tinha acabado de acender.
Com aproximadamente 100 mil pessoas, segundo os organizadores, a marcha interditou parcialmente os dois sentidos da Av. Paulista e contou com mais de trinta blocos e coletivos. Com demandas distintas, os grupos estavam divididos entre feministas, que discutem a forma como a mulher é afetada pela política de encarceramento em massa; medicinal, que defendem a legalização do uso medicinal da erva; psicodélicos, que defendem a reforma da lei antidrogas em benefício da ciência; Craco Resiste, que se contrapõe à violência policial na Cracolândia da Luz, na região central de São Paulo, entre outros.
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Integrante do bloco feminista na Marcha da Maconha, Michelle destaca a luta contra o machismo dentro do próprio movimento: “A marcha tem um histórico de já ter promovido campeonatos como ‘Miss Maconha’, então a gente quer conversar sobre essa objetificação da mulher dentro do movimento também. Mostrar que a gente vem aqui não é pra ficar pagando de gatinha, e sim pra lutar e resistir”.
Alice, que estava presente na marcha, é psicóloga e, junto da amiga Maria Eugênia, criou o @girlsingreen420 para trocar informações sobre a cultura canábica. Para ela, a marcha não é apenas um evento para fumar maconha com a galera. “É muito importante a gente vir aqui representar um espectro muito amplo, desde lutar por uma política de drogas mais justa, pelo consumo medicinal, até o nosso direito de poder entorpecer o nosso corpo. Por que o estado tem que influenciar na nossa liberdade individual?”, questiona.
Uma das novidades desta edição foi o bloco da Redução de Danos, da ONG É de Lei, que, junto a uma kombi, distribuiu água e panfletos sobre o uso consciente da cannabis, além de esclarecimentos sobre a atuação policial baseada na atual Lei de Drogas (11.343/06). “O legal é que a gente está alcançando o pessoal da periferia, que costuma não ter acesso a essas informações”, comemora a coordenadora geral da É de Lei, Maria Angélica Comis.Essa também foi a primeira edição do bloco Resistência 420, em que marcas de produtos canábicos e ativistas se organizaram para participar da marcha trazendo um carro de som com apresentações musicais. De acordo com Fabrício Penafiel e Renato Lucato, da Bem Bolado, o objetivo é apoiar a marcha. “A Resistência 420 veio para dar voz a um grupo que quer somar com o movimento pela legalização da erva”, explica Fabrício.
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Menos de uma hora após o início da marcha, um homem que distribuía panfletos com a frase “diga não às drogas” entrou em confronto com alguns manifestantes. No entanto, o incidente foi rapidamente controlado pela organização do evento. O homem fugiu. Após o ocorrido, o movimento seguiu de forma pacífica e se encerrou por volta das 18h40 na Praça da Sé.Saque mais fotos da Marcha da Maconha aqui: