Em busca de um lugar na ‘Academia de Drags’

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Em busca de um lugar na ‘Academia de Drags’

Acompanhamos a primeira etapa de seleção para o reality brasileiro exibido na internet que chega à sua 3ª edição.

Fotos: Coletivo AMAPOA / VICE.

Passava da meia noite, da sexta (3), quando, ainda desmontadas, as drags começaram a circular pela pista vazia da boate Cantho, no Largo do Arouche, no Centro de São Paulo. Cumprimentando os convidados e possíveis torcedores, fazendo a social, naquela noite aconteceu a seleção para o reality show brasileiro Academia de Drags 2017.

Nessa etapa de seleção, dez drag queens se apresentaram no palco da boate e se submeteram ao julgamento do público que, entre gritos e aplausos, escolheu duas novas integrantes para a terceira temporada do programa. E a partir desta segunda, já estão abertas as inscrições para a seleção online de drags, que vai escolher mais oito candidatas de outros estados brasileiros para compor o novo time do reality.

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Foto: Coletivo AMAPOA / VICE.

Idealizado pelo cineasta Alexandre Carvalho e apresentado por Silvetty Montilla, Academia de Drags é um reality online transmitido pelo youtube que já acumula mais de quatro milhões de visualizações. Além de Silvetty, outras figuras conhecidas da cena drag paulistana compõem o elenco, como Alexia Twister, Lully Fashion e Eliseu Cabral, todos presentes no palco da seletiva final.

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A competidora mais nova da seletiva, Seelky contou que as meninas não gostam muito de se cumprimentar com beijo no rosto, mas para ela que ama demonstrar em sua drag a vulnerabilidade e a fragilidade das pessoas é uma maneira de já começar seu show: "Eu começo meu show estragando a maquiagem, abraçando as pessoas que encontro antes de subir no palco, sou acessível, a drag do povo." E conclui: "Cada drag tem um estilo muito diferente e cada uma defende uma característica própria, por exemplo a Draga (da Quebrada) vai representar o old school, a Cherry vai falar sobre as mulheres."

À medida em que a noite avança, os holofotes se voltavam para o camarim, onde se viam perucas, figurinos extravagantes, maquiagens, tórax masculinos que em menos de vinte minutos se transformavam em seios, corpos que encaixavam em roupas super apertadas, e claro, muitas aquendadas.

Foto: Coletivo AMAPOA / VICE.

Silvetty sempre falava que queria fazer uma competição de drags. "Competição de drag sempre existiu, o que rolou de diferente é que antes era restrito a boate, concurso de miss. A Ru Paul talvez sido a primeira a trazer para o audiovisual", diz Alexandre de carvalho.

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Cherry Pop, dragqueen burlesca e a única do gênero feminino que concorreu na noite, começou a se montar há pouco mais de um ano. Seu personagem ressalta muito o papel da mulher no mundo drag: "Ainda tem muito gay que é misógino, machista, é um pouco difícil pois existem dois pólos, o dos que apoiam e o dos que detestam. E o pior é que eles não chegam e falam, mas publicam textão no facebook com indireta, te olham torto, fazem um comentariozinhos maldosos, mas nunca diretamente para você, sabe?"

Cherry se interessou pelo mundo drag depois de ver um dos transformistas que se apresentava no programa do Silvio Santos. Ela também participa de um coletivo pensado por e para minas drags: o Riot Queens. Nele, ela e mais cinco meninas de São Paulo, se juntaram com mais duas do Rio de Janeiro e uma de Recife com o objetivo de ganhar espaço no mundo drag e fortalecer a presença das mulheres.

Para Pamela Sappich, que é espectadora do programa e diz flertar com montação desde seus 14 anos, a mulher no mundo drag é empoderamento feminino, um espaço que serve para mostrar que as minas podem fazer o que elas quiserem: "Podemos fazer tão bem quanto os caras. Isso daqui é nosso! O feminino é nosso!"

Foto: Coletivo AMAPOA / VICE.

Autodenominada drag king, Rafaela Pastori, 26 anos diz que gosta mesmo de andar na rua, ver a reação das pessoas: "Quando eu era criança eu sonhava com meu corpo, e não entendia direito onde eu ficava (se homem ou mulher). Eu entendo que isso é uma razão do contemporâneo onde a gente fica com uma intensa busca de identidade, mas o drag tem uma questão muito visual que me instiga muito. Eu gosto de chocar as pessoas com o olhar, então eu estou muito mais na rua do que nas casas de drag. Eu fazendo isso na rua é como se tivesse criando um altar das mulheres com as minhas amigas."

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Quando a noite já ia pela metade, as participantes começaram a entrar no palco para apresentar suas performances e lipsyncs: Asheley Beauty, Botox, Cherry Pop, Draga da Quebrada, Havvina MayKay, Mega Star, Samantha Dior, Santiny Queen, Seelky e Slovakya.

Foto: Coletivo AMAPOA / VICE.

A votação contabilizou a quantidade de aplausos que cada Queen recebeu, em meio aos berros e sapateios dos fãs. Elegeram por unanimidade, Slovakya, de 31 anos, com performance e figurino super produzidos. O bom humor geek de Seelky garantiu a vaga da jovem drag, que aguarda agora ansiosa o início da nova temporada do programa.

Mais fotos da competição abaixo:


Foto: Coletivo AMAPOA / VICE.

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