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Música

Os 8 Melhores Riddims de Dancehall de Todos os Tempos, Segundo Rizzla

O produtor da Fade to Mind nos deu uma pequena lição de história por meio da música.
Elvin Talvarez

Em outubro, a Fade to Mind mostrou seu mais recente lancamento no incrível EP de estreia do artista do Brooklyn novaiorquino Rizzla, nascido Brian Friedberg — isso se você não contar como um lançamento o Official Bootleg de 2012. Estilisticamente, Iron Cages contém uma gama de dembow e harstyle, soca e dancehall, mas a principal linha do EP é seu feroz espírito de insurreição, ao se utilizar de histórias de colonização, desigualdade de gêneros, misoginia trans e exploração capitalista. Não coincidentemente, o EP tem o mesmo nome que o influente estudo de 1979 de George Takaki sobre raça e cultura na América do século 19, que por sua vez tem como referência um estudo de Max Weber sobre a vida no capitalismo.

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Toda essa referência histórica existe porque Friedberg também tem mestrado em cultura e comunicação — sua tese de 2010, We Take Control: Ballroom and the "Nu World", é um estudo sobre a conexão entre as culturas do ballroom e dancehall fundamentadas na sua experiência como morador de Trinidad e viajando pelas Índias Ocidentais. Além disso, Friedberg acabou de começar uma graduação em tecnologia musical na NYU. Como era de se esperar, a cultura caribenha também é parte importante da música de Friedberg — junto com o dancehall, soca e bubbling, o artista citou ícones da cultura de resistência negra como CLR James, Marcus Garvey, e Leonard Howell como fundamentais ao seu trabalho, assim como a história da libertação do Caribe em geral.

Considerando seu vasto conhecimento de dancehall, nós achamos que seria interessante perguntar a Rizzla quais seus riddims preferidos no gênero, sem levar em conta época ou subgênero. O que segue é uma pequena aula de história que se segue ao aviso: "Muito pode se perder na tradução".

1) Poco Man Jam Riddim (Steelie and Clevie, 1990)

Começando com uma breve mas obrigatória menção ao rítimo de 25 anos de idade que basicamente originou o reggaeton. Sem mais.

2) Playground Riddim (Jeremy Harding, 1997)

A canção "Playground" do produtor Jeremy Harding dá uma noção imediata de euforia e empolgação. Há muitas músicas hit dentro do "riddim", mas eu gosto do instrumental em sua fúria crua e despida, e "Nike Air" faz todos os joelhos dobrarem até hoje. Representa o melhor do dancehall do final dos anos noventa em todos os aspectos, e essa batida não envelheceu nem um pouco.

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3) Soca Escape Riddim (Hemo & Moofire, 2002)

Constantes na cena japonesa de dancehall e soca, o time de produtores/DJs Hemo & Moofire fizeram batidas para artistas de casa e para fora, o maior crossover das duas mulheres no mercado do Caribe sendo "Soca Escape Riddim". Eu acho que isso pode ser chamado de "groovy soca" ou "ragga soca". As vozes são sobre tudo, de hinos à maconha ao romance. Definitivamente, a primeira vez que eu ouvi Bunji Garlin (com Benjai também) em uma faixa de maconha. Muito influente para o meu gosto em soca.

4) Doctor's Darling Riddim (Seeed, 2004)

Quando eu morei em Trinidad, tinha essa pequena cultura de balada em Tunapuna que eu frequentava com alguns amigos. Nós comprávamos uns baseados no banheiro e saíamos com alguns estudantes que conhecemos na universidade. Uma hora, o DJ começou a gritar e ficar louco de alegria ao ver esse casal dançando, corta a música no meio, e então "It's a Pity" começa a tocar repetidamente. Dez vezes, quase 15 minutos direto do clássico de Tanya Stephens. Psicodélico, emocional, violentamente romântico, sacudiu o meu corpo e ficou pra sempre marcado no meu cérebro. Nós tivemos que sair logo em seguida porque uma garota que estava com a gente ficou doidona demaaaais. Levei alguns dias frenéticos até achar uma cópia do que eu tinha ouvido. A banda germano-jamaicana Seeed fez uma versão do clássico de Gregory Isaac "Night Nurse" a transformando em um dub mais contemporâneo. A música "Waterpumpee" de Anthony B também é outro destaque desse "riddim".

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5) Sidewalk University Riddim (Jam 2, 2006)

Com um grande lineup de vocalistas, esse era um quem é quem das estrelas do dancehall em meados de 2000. Percusão bem presente com um alcance de frequência satisfatório, um ótimo bumbo em camadas, e letras bem habilidosas em toda a extensão da música. Um click condutor muito satisfatório que faz mixar esse "riddim" bem divertido. Meu preferidos são "Wild Out" num tom mais agudo de Collie Buddz, e é claro a sexy mas educada "Suddenly" de Lady Saw. Muita da homofobia presente em algumas faixas soam (espero) mais fora de lugar hoje em dia.

6) Inevitable Riddim (Skatta, 2006)

Eu acho que chorei um pouco a primeira vez que ouvi esse "riddim". Praticamente tive um colapso nervoso. Tanya Stephens reclama com o produtor Skatta em sua versão, "O que é isso Skatta, techno?". É um proto-trancehall meio esquisito que nunca alcançou muita popularidade, apesar de ter um pequeno hit em "Talk Talk" de Ce'cile (que depois gerou alguns mixes house). Dubbel Dutch fez uma excelente reimaginação de "Inevitable" alguns anos atrás também.

7) Hot Water Riddim (Madd Spider, 2012)

Madd Spider de Miami e seus pseudônimos/colaboradores/alucinações trouxeram de volta um futurismo digi-ragga ao dancehall mainstream com "Wifey Anthem". A solidez de suas produções se destacam para mim — é complicado e direto ao mesmo tempo. Esses bumbos principais são densos e soam bem junto com qualquer coisa que possa tocar um baixo. Algumas faixas de conteúdo um pouco mais pesado aqui, mas "Gyal Fool" é o destaque pra balada.

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8) Overproof Riddim with Lime (Justus, 2012)

Mais híbridos de ragga/soca. O Overproof Riddim foi refeito com percussões de ferro do soca ausentes do original. Música lenta e precisa feita com sintetizadores preset de trance que lembra as pessoas que elas devem dançar umas com as outras, não só ficar olhando pro DJ. Mavado ou Tifa's cantando nesse riddim sempre entra nos meus sets de tempo médio.

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Tradução: Pedro Moreira

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