Samba e identidade no último desfile da LAB

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Samba e identidade no último desfile da LAB

Fotos do backstage da marca comandada por Emicida, seu irmão Fióti e o estilista João Pimenta, que novamente levou representatividade pra passarela do SPFW.

*Da Fort Magazine / Fotos por Gleeson Paulino/Fort Magazine/VICE.

Emicida só se deu conta do que estava prestes a acontecer quando viu o ensaio dos modelos para o primeiro desfile da LAB, ainda em 2016. Desde então, a marca que o rapper comanda ao lado do irmão Evandro Fióti com ajuda da direção criativa do estilista João Pimenta tem trazido representatividade às passarelas. Desde a estreia da LAB no SPFW, o casting da marca foge do habitual grupo de meninas brancas e magras que povoam o universo da mdoa. De maioria negra, o casting contou também modelos gordos, gays, orientais e pessoas com idades distintas. "No dia seguinte [ao desfile de 2016], a Dudinha [menina que emprestou sua voz para a trilha sonora da apresentação] me ligou e disse: 'nunca achei que um desfile fosse para mim'. É esse tipo de pertencimento que fez aquilo reverberar tanto", diz o rapper.

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A representatividade na passarela, me conta Emicida, não é apenas uma questão que precisa ser abordada com urgência, é resistência também. "Apesar de vivermos numa sociedade extremamente conservadora, sinto que existe um Brasil silencioso extremamente ansioso para ver essas correntes serem quebradas", afirma o rapper. "Representamos um universo muito vasto. Poder estar no SPFW e trazer todas as pessoas e todos os tipos de beleza em que a gente acredita é muito importante para nós."

LEIA: A Lay comenta o histórico desfile da LAB no SPFW

No desfile da segunda coleção da marca, que aconteceu na última sexta (17), o olhar do trio Emicida-Fióti-João Pimenta continuou olhando para dentro — uma espécie de viagem de autoconhecimento e reconhecimento de sua ancestralidade. Foi por aí que, na estação passada, eles chegaram à África, e, agora, desaguaram no samba. "Não somos necessariamente sambistas, mas temos alma de sambistas", diz Fióti. "Logo após o primeiro desfile fiquei brisando sobre o samba e como poderíamos transpor esse universo para passarela de um jeito nosso."

Emicida. Foto: Gleeson Paulino/Fort Magazine/VICE.

Nas peças da coleção intitulada "Herança" vimos uma alfaiataria desestruturada combinada a looks esportivos, como jaquetas parkas, doudounes e moletons oversized, rendas e bordados artesanais. Os bordados, aliás, foram feitos por Dona Jacira, mãe de Emicida e Fióti, com trechos de músicas, crítica social e desenhos em referência às fantasias e carros alegóricos do Carnaval. Para uma coleção que fala sobre passado e raízes culturais, a presença da família fez ainda mais sentido.

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"O samba foi uma escola muito grande para nós, tanto emocional quanto intelectual. Essa coleção é um jeito de dizer obrigado aos nossos grandes mestres", diz Emicida. "Quando eu alcanço a atenção e o olhar de todas as pessoas, posso fazer eles entenderem que essa história não começou no ano passado, que a gente é o retrato de uma continuidade. A função maior do que a gente carrega é a função de um sonho coletivo."


Mais fotos dos bastidores do último desfile da LAB abaixo:

Foto:  Gleeson Paulino/Fort Magazine/VICE.

Foto: Gleeson Paulino/Fort Magazine/VICE.

Foto: Gleeson Paulino/Fort Magazine/VICE.

Foto: Gleeson Paulino/Fort Magazine/VICE.

Foto: Gleeson Paulino/Fort Magazine/VICE.

Foto: Gleeson Paulino/Fort Magazine/VICE.

Foto: Gleeson Paulino/Fort Magazine/VICE.

Foto: Gleeson Paulino/Fort Magazine/VICE.

Foto: Gleeson Paulino/Fort Magazine/VICE.

Foto: Gleeson Paulino/Fort Magazine/VICE.

Foto: Gleeson Paulino/Fort Magazine/VICE.

Foto: Gleeson Paulino/Fort Magazine/VICE.

Foto: Gleeson Paulino/Fort Magazine/VICE.

Foto: Gleeson Paulino/Fort Magazine/VICE.

Foto: Gleeson Paulino/Fort Magazine/VICE.

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