⅓ máquina, ⅓ homem, ⅓ peixe: a jornada de Thiago Pereira em busca do ouro olímpico na natação

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⅓ máquina, ⅓ homem, ⅓ peixe: a jornada de Thiago Pereira em busca do ouro olímpico na natação

A cartilha: músculos, pulmões e cérebro em harmonia para transcender os próprios limites.

Conteúdo produzido para a campanha PRECISÃO NÃO VEM FÁCIL de Gillette

Ele está na água de segunda a sábado. Entre braçadas e pernadas, distribui 18 horas semanais de treino pesado. É uma maratona marítima. Respira, salta, golpeia, vira. Repete. E de novo. Vai e volta pelos 50 metros da piscina até perder as contas. São duas horas diárias de esgotamento — que podem, dependendo do pique, virar dez, onze… E não para por aí. Há, nos intervalos, trabalhos de uma hora e meia de musculação. Ombros, costas, pernas. Nada escapa. Acrescente, depois, duas sessões de fisioterapia às terças e quintas, acupuntura, psicólogo e consultas médicas. Parece experimento científico, mas não é. Ou não só. É, na verdade, o treino do nadador carioca Thiago Pereira, 30, às vésperas dos Jogos Olímpicos Rio 2016.

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O lugar no pódio não vem fácil e demanda uma verdadeira jornada de precisão e de superação de obstáculos. A rotina de Thiago é a de um homem-máquina: cada engrenagem — músculos, pulmões e cérebro — deve estar alinhada para que, no dia da prova, cada movimento saia como o ensaiado. Um detalhezinho, trabalhado à exaustão todos os dias, pode significar uma braçada a mais, um milésimo de segundo, um ouro. Tudo no treino de Thiago é pensado, cronometrado, estudado. Num só dia, o atleta pode testar dezenas de vezes um aspecto de seu jeito de nadar. Foi assim com seu novo método de respirar dentro da água: no ano passado, munida de cronômetros, sua equipe descobriu que o carioca deveria respirar pelo lado direito para aproveitar 100% da braçada. O que pode parecer irrelevante a qualquer um, significou milésimos de segundos a menos — tempo que, na natação, pode separar um nadador campeão de um quarto lugar.

Em vias de disputar sua quarta competição olímpica, ele precisará nadar no seu limite, isto é, o mais próximo possível da perfeição. Se na última edição, em Londres, o atleta conseguiu a prata nos 400 metros medley, agora, segundo comentaristas, ele precisará do maior esforço de uma carreira lotada de sacrifícios e exaustões. O ouro, afirmam, é possível. Só não será suave. Leia também: De operário a oráculo do ringue: a trajetória do ex-boxeador e medalhista olímpico Servílio de Oliveira

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Crédito: Orlando Bento

Um fator que pode ajudar Thiago nos Jogos Olímpicos é sua própria história de treinamento, superação e conquistas. O atleta está acostumado a passar por cima de situações de extrema ansiedade com brilhantismo. Sua carreira começou, digamos, a partir do susto. Aos 2 anos brincando na beira da piscina na casa de um tio, caiu na água e quase se afogou. Por precaução, no dia seguinte, a mãe o matriculou numa escolinha de natação. Dez anos depois, já descolado nas águas, começou a vislumbrar uma carreira defendendo o clube de funcionários da Companhia Siderúrgica Nacional. Na adolescência entrou para o Minas Tênis Clube e, de lá pra cá, à custa de muitas horas de treino, vem faturando um número impressionante de glórias. Hoje é, por muito, o principal nadador do Brasil: é oito vezes recordista sul-americano e maior papa-medalhas dos Jogos Pan-Americanos (23 pódios no total).

"O Thiago está vindo para as Olimpíadas bem preparado e tem chances de medalha, mas não será um cenário fácil", afirma o consagrado nadador Fernando Scherer, o Xuxa. Ele nos contou que as pedras no caminho do atleta carioca têm nome e nacionalidades já muito bem definidas. Nas raias ao lado estarão, muito provavelmente, os americanos Michael Phelps e Ryan Lotche, feras que dispensam apresentações. Além deles, há ainda o húngaro Laszlo Cseh, que bateu o recorde mundial de Thiago nos 200 metros medley, e o japonês, Kosuke Hagino.

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Crédito: Orlando Bento

A vitória sobre esses atletas consagrados só virá, afirmam os comentaristas, numa mistura de treinos exaustivos e dias precisos na piscina. A primeira parte já está garantida, segundo Dave Salo, um dos técnicos americanos de Thiago Pereira. "Thiago é experiente e pretende destacar sua carreira em sua casa em frente a uma multidão no Rio. Ele tem chance definitiva de medalha nos jogos e eu tenho certeza de que com o entusiasmo e apoio de seu país ele vai conseguir subir no pódio", disse.

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O treinador acrescentou que a temporada americana tem feito bem ao nadador. Thiago faz sua grande rotina de treinos em Los Angeles, nos Estados Unidos, desde 2009. Lá passou a nadar próximo a ícones do esporte e a trabalhar mais focado. "Ele tem treinado muito bem aqui nos Estados Unidos e estar longe do hype no Rio durante sua preparação para os Jogos Olímpicos tem sido ótimo", afirmou Salo. "Ele tem muito menos distrações durante os treinamentos e tem treinado muito duro."

Ao que sua equipe indica, Thiago parece estar encaminhado para seu maior objetivo de vida: nadar até superar seus próprios limites e conquistar uma medalha olímpica em seu país. Para isso, é preciso lutar muito – de segunda a sábado, sem parar, nas águas e na academia – porque ele sabe: a precisão não vem fácil, mas vale a pena.