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Fotos

A Arte Quimérica de Gleeson Paulino

​Suas fotografias parecem pinturas repletas de romantismo, pequenos fragmentos do tempo emoldurando os momentos bons.

Antes de chegar à casa dos 20, Gleeson Paulino abraçou o mundo e partiu do Brasil cheio de dúvidas. Foi nessa jogada de corpo e alma que ele desenvolveu seu olhar, focando na espontaneidade dos momentos que vão e vêm com o tempo. Queria lembranças guardadas em imagens coloridas para o futuro.

Gozando de seus 27 anos, atualmente Gleeson vive como cidadão do planeta, pingando de lugar em lugar fazendo suas fotos. Recentemente, fechou uma parceria com o fotógrafo Rafael Perez Evans, dando origem a Saints And Evans. Os dois já trabalhavam juntos desde que se conheceram, há oito anos.

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Enquanto Gleeson estava em Nova York, conversamos sobre o seu passado, presente e futuro via redes sociais.

VICE: Como começou seu contato com a fotografia?
Gleeson Paulino: Fui morar em Viena com 17 anos. Sempre tive vontade de ir pra fora [do país], na real. Comecei "comércio exterior" no Brasil, estava um ano adiantado. Tranquei a faculdade, porque não sabia se era isso mesmo que eu queria. Foi daí que surgiu a oportunidade de ir pra Viena, onde fiquei cinco meses aprendendo alemão. Depois, fui morar em Londres, onde fui au pair de um golden retriever; basicamente, eu tinha de ser babá do cachorro. Nos primeiros meses, minha adaptação foi difícil, eu não conhecia absolutamente ninguém. Mas aí conheci as pessoas certas e nunca mais quis sair de lá. Fiquei morando lá até 2011, sete anos que mais parecem uma semana. Foi tudo muito intenso!

Fiz um curso de verão na Central Saints Martins, de fotografia. Faculdade era praticamente impossível, 15 mil libras na época. A libra tinha outro valor, equivalia a 4, 5 reais. Sem condições.

E o curso foi seu primeiro contato com a foto ou você já acumulava experiência antes?
Sim, eu sempre gostei de fotografia. Aos 12 anos, eu já curtia fotografar, mas nunca havia pensado que poderia levar isso como carreira. Em Londres, tudo mudou. Tenho sete anos registrados de Londres. Fotografava cenas do cotidiano, amigos, festas.

Quando exatamente o hobby virou profissão?
Em 2009, me chamaram pra expor em um bar Shoreditch chamado Favela Chic e na vernissage compareceu muita gente, foi bem inesperado. Vendi várias fotos naquela noite. Foi a partir daí que eu comecei a achar que minhas fotos tinham valor e que poderia levar isso mais a sério.

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A fotografia passou a ser uma coisa meio banal na vida das pessoas, né? Muito mais ligada ao egocentrismo do que à lembrança.
A maioria das pessoas que eu fotografo são pessoas próximas. Acho importante fotografar, quero sempre [me] lembrar dos momentos importantes, sabe? Tudo passa tão rápido, são tantas informações que você acaba [se] esquecendo dos momentos. Quando eu ficar velho, vai ser interessante [me] lembrar de todos esses momentos. Sounds cheesy (risos)! Acho que a fotografia perdeu um pouco o seu valor, não é mais como antigamente. A fotografia é algo mágico!

Algum artista (escritor, fotógrafo, pintor) que te influenciou muito no começo?
Edwin Henry Landseer, suas obras e esculturas são incríveis. Conheci o trabalho dele em Londres. Scene from Midsummer Night's Dream é meu favorito, a obra é de 1848.

Fonte: Wikimedia Commons.

O seu trabalho comercial se relaciona bastante com moda e comportamento. Por que você acha que foi para esse caminho da fotografia?
Aconteceu organicamente. Tenho vários amigos que trabalham com moda: [eles] sempre me chamaram pra fotografar, pois gostam da minha estética. Quando voltei ao Brasil, trabalhei com o estilista João Pimenta, fui assistente dele por um ano. Quando ele descobriu meu trabalho como fotógrafo, comecei a fotografar as campanhas – ele me deixava completamente livre pra criar as imagens. Trabalhando com ele, eu conseguia compor arte e moda.

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O último trabalho de vocês saiu há pouquíssimo tempo, né? Um editorial para a FFWMAG no CEU Paraisópolis.
Sim, essa foi nossa última colaboração. Ele foi fazer um desfile nessa comunidade e me ligou perguntando se eu não tinha interesse em fotografar o editorial. Já fazia um tempo que queríamos fazer algo do tipo. A experiência foi demais!

Você está dando um novo passo agora, com o Sants And Evans. Como surgiu a parceria e como está sendo o processo pra você?

O Rafa é um amigo fotógrafo que conheci em Londres, em 2008. Trabalhamos juntos na Espanha, em UK e no México. Ele acabou se mudando para o Rio de Janeiro; então, decidimos nos unir para fazer trabalhos comerciais. Gosto muito do trabalho dele; juntos, acho que nosso trabalho terá mais força.