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As pedras no caminho de Zezé Perrella

Acusado de ter recebido o dinheiro para a defesa do senador afastado Aécio Neves, o político mineiro esteve envolvido no caso do “helicóptero do pó” em 2013.
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil.

No novo capítulo da Lava Jato, Aécio Neves e sua família se encontram no olho no furacão. Citado diversas vezes nas delações da operação, Neves agora está na berlinda por conta da divulgação dos grampos feitos pelo dono do frigorífico da JBS, Joesley Batista, na qual o senador pediria 2 milhões de reais para pagar sua defesa. O dinheiro foi colocado em uma mala chipada e na melhor tática de "seguir o dinheiro" a PF chegou no senador Zezé Perrella (PMDB-MG), um velho conhecido da política mineira e amigo de Neves.

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Os acusados de terem pedido, retirado e recebido o dinheiro supostamente pedido por Aécio para pagar sua defesa são, respectivamente, Andrea Neves (irmã e condutora política do senador afastado), Frederico Pacheco de Medeiros (primo de Aécio, conhecido como "Fred") e o secretário parlamentar Mendherson Souza Lima do gabinete do senador Zezé Perrella, que foi preso e exonerado pela Diretoria-geral do Senado Federal. A PF afirma que o dinheiro foi transferido em uma empresa de Perrella.

Foi um baque para Zezé. O senador gravou na quinta-feira (17) um vídeo se defendendo das acusações afirmando que "nunca" recebeu "um real sequer" da JBS. Assim como a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão nas residências de Aécio, também deu uma geral no gabinete de Perrella e do deputado Rocha Loures (PMDB-PR).

A delação dos irmãos Batista bateu tão feio que não sobrou para ninguém. Temer está sendo investigado por negociar o silêncio do deputado afastado Eduardo Cunha e por tentar obstruir as investigações da Lava Jato. Para Perrella, além da exoneração do seu secretário e a revista de seu gabinete, o caso de corrupção acabou até respingando na política do Cruzeiro. Mendherson e Frederico eram membros do conselho e Perrella era um nome bastante cotado para assumir a presidência do clube mineiro no lugar de Gilvan de Pinho Tavares. O senador tem uma relação de longa data com o time, ocupando o cargo de presidente em duas ocasiões em 1995 – 2002 e 2009 e 2011. O seu filho, o ex-deputado estadual em Minas Gerais Gustavo Perrella chegou a ser superintendente e depois vice-presidente do clube em 2009.

Não é a primeira treta que o clã dos Perrella se envolveu. Em 2013, um misterioso helicóptero carregando quase meia tonelada de cocaína refinada foi apreendido pela Polícia Federal no município de Afonso Cláudio (ES) em uma fazenda. O helicóptero pertencia a uma das empresas de Perrella filho, politicamente ligado à Aécio, que na época se preparava para entrar na disputa presidencial de 2014. Foi um escândalo. O piloto era funcionário do gabinete de Perrella e foi exonerado do cargo. A investigação do helicóptero do pó foi turbulenta, mas teve um final feliz para os Perrella: Gustavo foi investigado pela PF e posteriormente inocentado pela mesma ao concluir que o ex-deputado não tinha ligação com tráfico de drogas e que o piloto usou a aeronave sem o conhecimento da família. O delegado que apreendeu o helicóptero abastecido com os pacotes sisudos de cocaína revelou detalhes da investigação em 2014 à VICE numa entrevista com o escritor policial Roger Franchini.

Em 2016, Gustavo foi indicado para assumir o cargo de Secretário Nacional de Futebol após indicação do ministro dos Esportes. Mesmo ter sido citado ao lado do pai nas delações recentes da Lava Jato, o ministro afirmou que a ocupação do cargo por Perrella filho está garantido. Já Perrella pai contina até o momento representando a bancada da bola no Senado e agora se movimenta para se defender das acusações da Lava Jato.

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