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Djonga segue colocando fogo nos racistas em "A Música da Mãe"

O rapper mais cru entre seus contemporâneos não morde a língua para denunciar racismo, machismo e tantos outros problemas em seu novo clipe.

Existe mote mais poderoso no rap nacional dos últimos anos que "fogo nos racistas"? Talvez só "bala nos inimigos, bala nos invejosos". Desde o lançamento de seu primeiro disco, Heresia, no ano passado, o Djonga parece ter se tornado o mais potente grito raivoso vindo do rap contra as injustiças que as pessoas negras sofrem no Brasil, com referências que vão de Emicida a Racionais, passando por Get Out. E ele continua nesse caminho com seu novo single, "A Música da Mãe".

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No maior estilo "This Is America" do Brasil, o rapper mineiro coloca sua afirmação como artista nos três versos e refrão do som, que brada: "Ô mãe, olha como me olham / Ô mãe, eles me pedem foto / Do fundo da leste eu cumpri a promessa e fiz o jogo virar". O clipe que acompanha o som segue os mesmos temas de desigualdade social e sucesso negro. Ao longo de seus quase quatro minutos, Djonga dá uma voadora em um menino branco que tenta tomar seu lugar ao começo do clipe e, depois, é assediado por fãs diversas vezes enquanto cenas bizarras acontecem ao seu redor: um homem desconhecido aborda uma criança, uma mulher é agredida durante uma briga, um homem negro é barrado por seguranças de entrar num estabelecimento.

Quase tão importante quanto a crítica de Djonga é o modo que ela é feita, e não só em "A Música da Mãe" — como ele mesmo diz no começo do terceiro verso, "Beethoven negro, cachorro e rimo com classe, com passe". O rapper mineiro, que vem de um cenário onde rap e funk se tornaram quase intrínsecos um ao outro, se destaca de seus contemporâneos (como Baco ou Coruja, por exemplo) por direcionar suas palavras de reprovação de modo agressivo, cru e quase obsceno — o que talvez pode causar uma perda de profundidade, mas aumenta imensuravelmente a identificação e tensão de suas falas.

"A Música da Mãe" é mais um tiro certeiro nos racistas, mais uma rajada de fogo nos que causam e perpetuam desigualdades. E de um jeito que, a essa altura, só Djonga sabe fazer. Se isso não é hip hop, o que é? Assista o vídeo acima.

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