O futuro é maravilhoso, o futuro é assustador.O lema do Motherboard nunca pareceu tão atual a nós, brasileiros, quanto em 2017. Sofremos uma caralhada de revezes na área científica como cortes de orçamento, fim de bolsas e a cristalização de uma horda sem pensamento crítico. Ainda assim, vimos cientistas botarem seus jalecos e irem às ruas para protestar; testemunhamos experimentos inovadores na área de lisérgicos; falamos com caras empenhados em resolver problemas do futuro, como a criptografia quântica, e também imbróglios do presente, a exemplo da dependência química na Cracolândia, em São Paulo.
Publicidade
Foi um ano difícil, com muitas forças jogando contra, mas também foi um ano bom, cheio de esperança. Isso porque a ciência é e sempre será feita por pessoas que também vão na contramão do pensamento corrente. Um dos nossos orgulhos é divulgar algumas delas e, assim, trazer um pouco de luz ao prato de trevas e intolerância que se tornou o mundo pós-Trump. Com a ajuda de nossos irmãos motherboarders espalhados pelo globo, trouxemos, ao longo de 2017, muitas boas novas sobre o futuro ambíguo que se põe no horizonte.Poderíamos gastar parágrafos falando de matérias interessantes e que, modéstia à parte, pautamos antes de muitos veículos tradicionais, mas nossa retrospectiva é, além de um serviço, sobre o que tratamos todos os dias: o futuro.Nessa primeira parte de nossa exposição sobre o que passou – a outra, sobre tecnologias e hacks, sairá na semana que vem –, separamos os assuntos científicos que serão muito falados ao longo de 2018. Pode ser um bom caminho para você se inteirar e se aprofundar sobre os temas dentro e fora de Motherboard. Também pode ser ótimo para você relembrar e, quem sabe, nos sugerir mais explicações e reportagens.Ainda que algumas dessas áreas pareçam sombrias como um episódio daquela série que você sabe muito bem qual, vale lembrar que elas são feitas e analisadas por humanos. Sempre poderemos reverter a lógica das coisas, por maiores que sejam as forças contrárias. É o que esperamos para o futuro, por sinal.
Publicidade
Confira, abaixo, alguns temas bem cabeça para abordar com sua família nas festas de fim de ano. Ah, e continue assim, ok? Ok.Lembra daquele papo de que, no futuro, seria possível selecionar características genéticas humanos em um embrião humano? Pois bem, o futuro chegou em 2017. Cientistas estão começando a editar genes humanos em laboratório e, bem, estamos ainda atordoados com tantas possibilidades.
Agora ficou sério: cientistas fizeram edição genética com nanopartículas
Você gostaria de saber todas as doenças que seu filho poderiam ter?
Edição genética, o assunto da vez
A técnica que tornou isso possível é o CRISPR, que já foi várias vezes comparada à função de copiar e colar dos processadores de texto. Além de ser uma técnica extremamente poderosa, é tida como simples e pode realizar alterações no DNA de plantas e animais.Em teoria, ela pode ser a chave para a cura de doenças como o HIV e a distrofia muscular. Mas também pode criar uma indústria de seleção de certas características que julgamos desejáveis. O futuro, a partir disso, não seria tão animador. Deste modo, afinal, apenas os ricos teriam seus filhos perfeitos, enquanto as imperfeições e acidentes genéticos seriam destinados apenas aos mais pobres.Embora adoremos teorizar, não sabemos quais são as consequências reais que o uso desse tipo de técnicas em humanos pode gerar. Uma coisa é certa: esta vai ser uma das grandes discussões de 2018 — nem que seja na mesa do bar.Algumas histórias para você saber mais:
Agora ficou sério: cientistas fizeram edição genética com nanopartículas
Você gostaria de saber todas as doenças que seu filho poderiam ter?
Publicidade
O terror e a esperança quântica
Estes brasileiros querem salvar nossos computadores do caos quântico
A China está cada vez mais perto da internet quântica
Publicidade
Renascimento psicodélico
Começamos a entender melhor como elas afetam nosso cérebro, como podem ser utilizadas para tratamento de transtornos alimentares. Também pudemos sacar um pouco melhor porque a famosa bad trip acontece — coisa bastante importante importante se vamos usá-las como medicamento algum dia.Apesar do destaque dos alucinógenos, a maconha não ficou esquecida e caminhamos para entender porque ela pode não bater legal. E, sim, tivemos mais confirmação de que cocaína te fode mais dos que você gostaria de admitir.Algumas histórias para você saber mais:
Estudo com secreção de sapo ajuda a entender efeitos positivos de alucinógenos no cérebro
O longo caminho rumo à ciência das bad trips
A ansiedade causada pela maconha é ainda um mistério para os cientistas
Vibrações do espaço
Publicidade
Quando estávamos felizes com a detecção das ondas geradas pelas fusões de buracos negros, eis que a colisão duas estrelas de nêutrons há 130 milhões de anos-luz da Terra, produziram ondas detectáveis aqui no nosso planeta. Diferente dos buracos negros, que não emitem nenhuma forma radiação visível, as estrelas de nêutrons emitem tanta luminosidade quanto a explosão de uma supernova. Com isso foi possível visualizar pela primeira vez a relação entre luz e ondas gravitacionais de um fenômeno desse porte. O mais animador: ainda estamos começando a explorar as possibilidades da pesquisa com este tipo de onda.A expectativa é que 2018 deve reservar boas novidades para quem curte olhar para as estrelas. Enquanto o ano novo não chega, você pode curtir a jam do sistema Trappist-1, com 7 exo-planetas com tamanho aproximado ao da terra.Algumas histórias para você saber mais:
O prêmio Nobel de Física reconheceu o início de uma nova astronomia
Dois buracos negros se comeram e ondularam o tecido do espaço-tempo
Nova observação de ondas gravitacionais pode mudar os rumos da astrofísicaEnquanto esperamos a singularidade acontecer e nos preparamos para o possível apocalipse robótico, vamos curtindo as promessas de que robôs vão melhorar a nossa vida — até em coisas que realmente não estamos precisando de ajuda —, em especial em relação aos algoritmos que estão sendo desenvolvidos.Infelizmente ainda não chegou o momento em que carros e o petróleo serão aposentados, mas começaram a surgir os algoritmos que prometem colocar um pouco de ordem na bagunça do nosso sistema viário. Até coisas mais mundanas como reconhecimento facial de atores e atrizes porno também estão na lista de coisas que começamos a ver este ano e logo menos vão estar disponíveis. (Isso sem contar no cara que usou aprendizado de máquina para colar a cara de famosas em filmes adultos numa mistura de surpreendente e assustador. Alguns debates sobre isso rolarão ano que vem, e sim, isso vai ser bom para botarmos ordem nas coisas.)
O prêmio Nobel de Física reconheceu o início de uma nova astronomia
Dois buracos negros se comeram e ondularam o tecido do espaço-tempo
Nova observação de ondas gravitacionais pode mudar os rumos da astrofísica
Robôs para o bem, robôs para o mal
Publicidade
Também vimos em 2017 que têm um monte de gente usando robôs para o pior lado. E não estamos falando dos deprimentes robôs sexuais. Citamos aqueles algoritmos que fazem você pagar mais caro pelas coisas e que manipulam a opinião política por meio das redes sociais. Esses aproveitadores, infelizmente, não vão desaparecer. Nossa missão, claro, é ficar em cima deles para mostrar o quão perversa algumas tecnologias podem ser.Este também foi o ano de sacar que as máquinas estão ficando bem mais inteligentes. Algumas até aprenderam física quântica e, segundo muitos levantamentos, estão prestes a roubar muitos empregos, incluindo o de hackers. Mas talvez isso seja algo bem menos terrível do que você imagina.Algumas histórias para você saber mais:
Os robôs estão ganhando a guerra contra humanos na internet do Brasil
Em 13 anos, a revolução robótica aposentará carros e todo petróleo mundial
O Uber está usando inteligência artificial para cobrar o máximo possível
A luta para entender a relação entre tecnologia e ansiedade
Se entender o problema é uma parte importante para a sua resolução, 2018 têm tudo pra ser um ano melhor do que este.Algumas histórias para você saber mais:
Isso é o que compartilhar tudo no Facebook faz com seus níveis de estresse
Os cientistas que buscam decifrar o gene do suicídioLeia mais matérias de ciência e tecnologia no canal MOTHERBOARD.
Siga o Motherboard Brasil no Facebook e no Twitter.
Siga a VICE Brasil no Facebook , Twitter e Instagram .