​Executivos da Sony Discutiram Sobre “Torrents Falsos” Para Combater a Pirataria

Uma conclusão fácil de perceber ao ler emails vazados da divisão de TV e cinema da Sony é que a empesa, como resto do estabelecimento de Hollywood, absolutamente abomina pirataria digital e tudo associado a isso – tanto que o plano de circular uma versão falsa de um programa de televisão foi elogiado por ser "esperto" mas criticado por causa de uma política rígida contra o uso de sites de torrent.

"Pessoalmente, eu adoro… infelizmente o posicionamento do estúdio é que nós não podemos absolutamente postar conteúdo (nem promocionais) em sites de torrent", escreveu Pamela Parker, uma executiva sênior da divisão responsável por conteúdo de televisão internacional, em um email que vazou para o público depois que hackers atacaram a Sony Pictures Enter​tainment.

"O estúdio gastou milhões de dólares lutando contra pirataria e não passa uma boa mensagem se então começar a usar esses mesmos sites de pirataria para promover nossos programas."

Além disso, o departamento jurídico da Sony estava preocupado que o uso oficial de sites torrent poderia complicar qualquer processo que a indústria possa querer fazer contra eles no futuro.

"A segunda parte tem algo a ver com os esforços coordenados com a MPAA [Motion Picture Association of America] e preocupações de que fazer qualquer coisa poderia inibi-los em um futuro processo atrás desses sites", Paula Askanas, vice-presidente executiva de comunicação de televisão internacional, disse em outro email vazado.

A questão surgiu de novo em março, logo depois que a segunda temporada da série de suspense "Hannibal" – que a Sony diz ser uma das mais pirateadas na Europa – estreou nos EUA e estava começando a aparecer em sites de compartilhamento ilegal.

O plano, que era defendido por uma funcionária de marketing polonesa Magda Mastalerz, era subir uma propaganda temática antipirataria de "Hannibal" de 60 segundos em um site de torrente popular na Europa Central para parar o download e assistir o programa no canal da Sony, AXN.

Em um email com o assunto "torrents falsos – Hannibal", Mastarlerz tentou convencer seus superiores a superar o estigma de usar sites de torrent:

Do ponto de vista legal, em muitos países [da Europa Central] os sites de torrent são legais. Apenas compartilhar e baixar coisas ilegais por lá não é.

Esse projeto é para apoiar uma estratégia antipirataria, não o contrário.

Da minha perspectiva, isso seria algo realmente não convencional, algo para ser compartilhado e apresentado em apresentações de estudos de casos. Ótima história para ser apresentada em painéis de discussão.

Sites de torrent são populares pela pirataria, mas eles também são usados para circular conteúdo legal, não pirata. Baseado na Califórnia, o BitTorrent, por exemplo, tem trabalho com artistas como Diplo para ter suas músicas lançadas por lá.

A executiva de comunicação Askanas estava entre aqueles que apoiaram o plano de "torrent falso". Se nós conseguíssemos fazer isso acontecer, seria uma grande vitória e algo que poderíamos até repetir pelo mundo", escreveu Askanas.

No entanto, os advogados da Sony e o vice-presidente responsável por propriedade intelectual rapidamente o derrubaram. A decisão final: "ninguém tem permissão de usar esses sites de pirataria como ferramentas de marketing", como escreveu Askanas.

A decisão pode ter sido uma reação automática, mas é difícil imaginar que o truque teria dado certo apesar da nota de Mastarlerz de que "o sucesso desse projeto é mais de 100% de certeza". Um único episódio de TV em qualidade decente terá mais ou menos 400 MB, enquanto 60 segundos de propaganda é perto de 2MB – algo que piratas costumam pegar de primeira.

Claro, agora a Sony tem outro motivo para odiar sites de torrent: eles são onde os hackers têm circulado os dados confidenciais da empresa, pré lançado filmes e emails internos.