Como o Estado Islâmico dribla os censores do YouTube

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Como o Estado Islâmico dribla os censores do YouTube

Propagandas jihadistas na plataforma de compartilhamento de vídeos são poderosas e traiçoeiras. ​

Tem uma passagem no especial do Netflix do comediante Dave Chapelle em que ele fala sobre clicar no botão "Não gostei" em um vídeo de decapitação do Estado Islâmico. "Como é possível que tenha um cara cortando cabeças no YouTube?", pergunta, chamando a atenção para o absurdo da situação.

Não curta. Clique nele.

Na realidade, relatos de conteúdo extremista espalhado pelo YouTube não são nenhuma novidade. Mas, quando centenas de grandes anunciantes começaram a suspender contratos com o YouTube e o Google nos últimos meses, as coisas ficaram pouco mais sérias.

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Os serviços do Google – a saber, o YouTube – são os links mais importantes e utilizados pelas organizações terroristas para disseminar propaganda. E apesar de todos os esforços do YouTube para mantê-los longe, esses grupos ainda conseguem colocar seu conteúdo furtivamente nos servidores.

A quantidade de links do YouTube e do Google criados para disseminar conteúdo terrorista é difícil de estimar. Tome como exemplo um vídeo de recrutamento do Estado Islâmico intitulado "E Você Será Superior", um dos muitos lançados em meio ao boicote.

O vídeo de 35 minutos, lançado 18 de março, incita pessoas de todas as idades a se juntarem ao EI apresentando homens-bomba de diferentes estilos de vida – um médico, um lutador inválido e uma criança – descrevendo suas vidas antes das gravações de suas respectivas operações suicidas.

Crédito: SITE.

Quando o EI publica um vídeo como esse, um conjunto de grupos a favor da mídia – tradutores, promotores, responsáveis por mídias sociais, criadores de links – imediatamente se põem a trabalhar para disseminá-lo pela internet. Um grupo de mídia muito importante, mas não tão conhecido, o "Fursan Al-Rafa" ("The Upload Knights", ou "Os Cavaleiros do Upload"), cumprem um papel importante na disseminação dessas publicações ao criar centenas de links para elas em vários sites de streaming e compartilhamento de arquivos diariamente.

A importância do YouTube para os "Cavaleiros do Upload" e outros grupos de mídia terrorista é evidente. No período de dois dias após o lançamento do "E Você Será Superior", o vídeo e seu banner promocional foram distribuídos com 136 links individuais de serviços do Google: 69 do YouTube, 54 do Google Drive e 13 do Google Photos.

Perceba que se trata de um único vídeo e um grupo de mídia. Nos 10 dias entre 8 e 18 de março – período de tempo imediatamente anterior ao lançamento do vídeo – o canal do Cavaleiros do Upload postou 515 links para serviços do Google: 328 do YouTube, 148 do Google Drive e 39 do Google Photos.

O YouTube é igualmente importante para a Al Qaeda (AQ) e suas afiliadas. Note a maneira como o canal midiático principal "Al Qaeda na Península Árabe" (em inglês, AQAP) prioriza o YouTube acima de todas as outras formas de disseminação de vídeos. Ao publicar em 3 de maio um vídeo sobre conflitos com as forças do cinturão de segurança no Iêmen, o canal compartilhou o vídeo por meio de três links: dois dos quais com compilações de quase 130 links para dois serviços de compartilhamento de informações, e um link do YouTube.

Leia o resto da reportagem em Motherboard.