*Todas as fotos são da Camila Svenson e Pétala Lopes do Coletivo Amapoa.Para marcar o Dia Internacional das Mulheres, uma greve geral foi mobilizada em várias capitais brasileiras, convocando trabalhadoras a tomarem às ruas contra a desigualdade de gênero. Em São Paulo, as mulheres que puderam aderir à greve geral convocada nas redes sociais apareceram em peso na paralisação, que se dividiu em dois atos: um na Avenida Paulista, saindo do MASP e outro na Praça da Sé. Por volta das 18 horas, as duas marchas se encontraram no centro da cidade, na altura do Viaduto Maria Paula, e caminharam até a Prefeitura.
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Historicamente, convocações de greve geral no Brasil são aderidas por sindicatos de trabalhadores. E foi o que aconteceu na Paulista, onde contamos mais de três trios elétricos representando grupos que sempre marcam presença em manifestações com pautas familiares à esquerda. O próprio evento 8M (nome dado à greve geral do Dia Internacional das Mulheres) chegou a avisar que o ato seria casado com a manifestação do APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) cuja pauta principal era contra a reforma da Previdência, uma das medidas mais criticadas do governo Michel Temer. Porém, no dia ficamos sabendo que vários atos estariam concentrados no mesmo lugar, mas que não estavam ligados necessariamente à causa do Dia da Mulher. Foi isso que começou a causar confusão entre algumas pessoas que estavam presentes na Paulista.A maioria dos trios (senão todos) presentes na Av. Paulista apresentavam cartazes contra a reforma da Previdência ao lado do já familiar "Fora Temer". Foram pouquíssimas mulheres que lideraram o discurso nos trios elétricos, e pouquíssimas discursaram. As que conseguiram acesso ao microfone falaram por um breve período, dando rapidamente lugar aos sindicalistas do sexo masculino que elencavam o grande prejuízo que a reforma da previdência causará aos trabalhadores. Não se viu, pelo menos na avenida Paulista, nenhuma tentativa de explicar como as mulheres serão as mais prejudicadas pela reforma da Previdência.
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Durante o ato, algumas mulheres postaram nas redes sociais críticas contra a manifestação na Paulista e avisaram que estavam se dirigindo à Praça de Sé como forma de repúdio. De fato, não se via muitos cartazes direcionados às pautas feministas na Paulista e em algumas frentes eram homens que estavam liderando os carros. De praxe, vez ou outra um sindicalista mencionava as "mulheres" para não esquecer que estava em um ato do Dia das Mulheres, porém não convenceu. Parecia muito mais uma manifestação Fora Temer do que uma marcha feminista. Pouco lembrou a Primavera Feminista em 2015 onde estavam muito bem definidas as pautas feministas que foram levadas às ruas.Só quando a marcha da Paulista se encontrou com o ato da Sé, liderado pela CUT, que a manifestação se tornou majoritariamente feminista e dedicada a discutir pautas específicas que dizem a respeito às mulheres. Neste momento, vimos cartazes, palavras de ordem e gritos de guerra puxados por lideranças femininas. Vimos várias frentes lideradas por mulheres negras, indígenas e também mulheres mais jovens caminhando — o que nos aliviou um pouco. Com mais mulheres comandando a manifestação, o encontro dos dois atos acabou garantindo um saldo mais positivo pra o dia 8 de março.A dispersão ocorreu pacificamente por volta das 20 horas. E a presença da polícia militar foi muito menor do que o normal e só acompanhou as manifestantes em alguns trechos.
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Durante o ato da Paulista, as fotógrafas Camila Svenson e Pétala Lopes do Coletivo Amapoa registraram diversas mulheres que aderiram à paralisação em nome das pautas feministas contra a desigualdade de gênero.Siga a VICE Brasil no Facebook , Twitter e Instagram.