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Noisey

O novo álbum do Desalmado foge dos padrões do grindcore

Estreia da banda no inglês, ‘Save Us From Ourselves’ mistura influências variadas do metal e critica as corporações.
Foto por: Diego Cagnato

Rolou muita coisa legal pra história do Desalmado desde que falamos da banda em 2016, na ocasião do lançamento do split com o Homicide. O grupo paulistano se deu bem na segunda turnê para a Europa, fez shows no SWR, um dos maiores festivais de metal portugueses, no KOPI, em Berlim — a maior ocupação do continente —, e ao que parece, a repercussão foi tão boa que eles estão de volta agora com um álbum berrado em inglês, depois de 14 anos de aposta no português. “Sempre pensamos em tocar muito, principalmente pra fora, não é à toa que fomos duas vezes pra lá”, diz o vocalista Caio Augusttus.

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“Nessa última sentimos que faltava algo. Quando chegamos aqui, passamos a discutir a questão de gravar um álbum em inglês. Não foi uma decisão fácil porque temos noção que alguns fãs podem torcer o nariz, mas decidimos arriscar.” O conteúdo político, no entanto, vem forte no discurso da banda: “Hoje as pessoas competem entre si como marionetes a serviço de grandes corporações. Independente do seguimento, é preciso urgente avançar contra esses conglomerados.”

Musicalmente, Save Us From Ourselves (Black Hole Productions/Helena Discos) foge do grindcore padrão e incorpora influências do metal em geral, do death ao post metal. “Passamos a ouvir muita coisa antiga que nos influenciou e ao mesmo tempo coisas novas que a gente gosta”, explica Caio sobre as referências. “Decidimos literalmente sair um pouco do comum, eu mesmo tava ouvindo muito Morbid Angel, que é minha banda favorita, e Entombed, mas ao mesmo tempo, tava pirado em Immortal e Deafheaven.”

As músicas foram gravadas entre março e novembro de 2017, em períodos vagos do estúdio Family Mob, do guitarrista Estevam Romero. “Isso nos ajudou muito a fazer a gravação com calma”, comemora Caio. “Acredito que esse tenha sido o principal diferencial porque tivemos tempo para cuidar das músicas individualmente, pensar em climas e timbres para cada uma, ao contrário dos discos anteriores que foram gravados ao vivo em dois ou três dias.”

Produzido com a ajuda de Hugo Silva, todo esse cuidado se traduz, por exemplo, nas dobras de guitarra, em alguns trechos com até cinco camadas, e nas bases emanadas da mistura de três amplificadores. “Mas sempre pensando em ter um resultado final que fosse possível de executar ao vivo, sem perder a característica do som”, Estevam faz questão de frisar.

A versão física de Save Us From Ourselves está à venda aqui.

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