Do Brooklyn a Beverly Hills, a vida em um conjunto habitacional no Leblon

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Do Brooklyn a Beverly Hills, a vida em um conjunto habitacional no Leblon

Inaugurada há 60 anos, a Cruzada São Sebastião, no Rio de Janeiro, passa por transformações com a valorização dos imóveis no local.

As mesas dispostas ao lado dos janelões da praça de alimentação do Shopping Leblon, no Rio de Janeiro, permitem aos visitantes observar a lagoa Rodrigo de Freitas ao fundo e no primeiro plano, o topo dos dez blocos da Cruzada São Sebastião, conjunto habitacional inaugurado há 60 anos. A primeira construção da Igreja Católica inserida em um projeto da instituição para acabar com as favelas do Rio de Janeiro foi encabeçada por Dom Helder Câmara. Para isso, o arcebispo auxiliar do Rio conseguiu apoio financeiro do presidente da República Café Filho (1954-1955), a cessão do terreno da Marinha e recursos dos moradores do já nobre Leblon ao criar uma fundação com o nome do conjunto. Na Cruzada, a prioridade de vagas seria para moradores da favela da Praia do Pinto, uma das maiores da região e vítima de constantes incêndios.

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A contemplação da vista é interrompida por uma voz feminina saída dos alto-falantes que pede ao motorista do Jaguar que se dirija ao estacionamento. Nesse momento, uma moça vem ao meu encontro. Em uma troca de olhares rápidos, nos reconhecemos sem nunca termos nos encontrado. Raquel Martins senta à mesa e sem demonstrar cansaço após o dia de estágio como advogada em um escritório, fala sobre as mudanças na Cruzada nos quase 20 anos que mora no conjunto.

"Aprendi tudo aqui. O que a gente aprende na rua, morando nesses lugares de comunidade, eu não aprendi em lugar nenhum, nem na faculdade. É lei da sobrevivência. Vivi muita coisa aqui. Vi um antigo dono do tráfico ser baleado na minha frente em uma troca de tiros dentro do condomínio. Hoje o tráfico não está tão exposto, antigamente era uma coisa surreal", lembra.

Das janelas do Shopping Leblon é possível ver os 10 blocos da Cruzada. Foto: Thaiane Barbosa/VICE

Raquel, hoje com 24 anos, era criança quando saiu da comunidade Parque da Cidade para morar na Cruzada. Primeiro, a família conseguiu alugar um apartamento no segundo bloco e, em seguida, um financiamento de R$ 25 mil pela Caixa Econômica Federal permitiu a ela, aos pais e a irmã se mudarem para o quinto, um pouco maior. Nos três primeiros blocos do condomínio, os apartamentos são quitinetes de 20 metros quadrados, do quarto ao sétimo há um dormitório e os últimos têm dois quartos. Cada bloco tem suas dificuldades na arrecadação da taxa do condomínio e essas diferenças levam a comparação que corre entre os moradores de que do primeiro ao décimo bloco é como ir "do Brooklyn a Beverly Hills". O contraste é maior no décimo bloco, o que mais realiza obras, tem portão e interfone. "Tem gente que mora nesses blocos que não diz que mora na Cruzada, diz que mora no Leblon", comenta Raquel.

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A construção do shopping há uma década levou à valorização dos imóveis e muitos moradores antigos optaram por vender ou alugar seus imóveis. "Hoje, em um apartamento de quarto e sala como o meu, tão pagando de R$ 350 a R$ 400 mil. Um dinheiro que o pessoal daqui nunca veria na vida. Meu pai é louco pra vender aqui e eu falo: de jeito nenhum. Daqui vou a pé pra faculdade, estou perto do trabalho".

A estudante de direito da PUC atribui à valorização e à atração de novos moradores, a perda do sentimento de comunidade, uma maior cobrança pelo silêncio e o alto preço para alugar o salão de festas do seu bloco — atualmente em R$ 600. Essa taxa pôs fim ao cineclube que ela e vizinhos organizavam mensalmente entre 2013 e 2015. Também inviabilizou as festas dos bondes, grupos de amigos que rivalizavam entre si, como o bonde do Total 90, MBM (Bonde dos Moleques Bolados), o bonde das NAs (Novinhas Atrevidas) e as LPs também (Lindas e Perigosas).

"Uma vez ou outra tem um pagodinho no salão do primeiro bloco. É o que a gente fala: esse processo de gentrificação é tão grande que a Cruzada tá perdendo essa característica de comunidade. Não tem mais briga, a gente até fala brincando 'quanto tempo a gente não vê uma porradaria. Mó saudade de ver uma briga'", diz Raquel. A abertura da rua lateral aos carros acabou com o espaço onde mesas eram distribuídas aos finais de semana e diminuiu o lugar em que as crianças brincam. "Só no corredor do pátio que sempre tem festa. Todos os prédios proíbem, mas sempre tem", explica.

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Para tentar segurar o espaço do cineclube, Raquel se candidatou à síndica em 2014 e ganhou a eleição. "Sim, eu cometi essa loucura. Maior arrependimento. O prédio onde moro tem uma média, por baixo, de quatro pessoas para cada um dos 84 apartamentos. Assumi essa responsa que não foi fácil, pelo contrário, deu muita dor de cabeça. Domingo, 7h da manhã, as pessoas batiam na minha porta para fazer reclamação. Fora as pessoas que não me respeitavam pela minha idade, as intrigas, desavenças. Aguentei nove meses no cargo".

Com o fim do cineclube, o novo projeto que ela tenta organizar com outros colegas é o de uma biblioteca. Houve uma tentativa de negociação com a diretora da escola municipal Santos Anjos, mas sem acerto. A escola já abriga algumas escolinhas de esportes, que começou com o projeto "Basquete na Cruzada", há 17 anos. Antes de voltar pra casa, Raquel me leva até o treino para falar outro ex-integrante do grupo do cineclube e professor voluntário de basquete, Wagner da Silva.

Shirlei Silva e os netos que vivem no apartamento quarto e sala na Cruzada. Foto: Thaiane Barbosa/VICE

Na saída do shopping Leblon em direção à escola, passamos por uma concessionária de carros, onde antes funcionava uma balada muito frequentada pelo pessoal da Cruzada. "A gente ganhava desconto e ia bastante". Para Raquel, esse era o único lugar em que ela podia conhecer outros moradores do Leblon e estabelecer amizades.

O treino de basquete que acontece às terças e quintas à noite é misto, ainda que o número de meninas interessadas seja bem menor que o de garotos. Na sala ao lado, no mesmo horário, há a opção de praticar judô. "Não prometo aos garotos que eles serão atletas. As atividades que fazemos no basquete, judô, muaythai, handebol — que tá começando agora — é para ajudar aqueles pais que não tem como pagar uma escolinha ou não tem onde deixar as crianças. Aqueles que se sobressaem a gente manda para testes em clubes", explica Wagner.

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Atleta de alto rendimento da Aeronáutica, Wagner, com 36 anos, joga basquete desde os nove e teve inspiração nos familiares que também fizeram carreira no esporte. O Fluminense foi o primeiro clube onde jogou como profissional, em 2003, depois passou por outros times como o Mogi-Mirim, jogou por um ano nos Estados Unidos e por outro na Suíça. Ao analisar sua trajetória, Wagner é duro consigo mesmo. "Nunca tive talento para jogar basquete, mas eu sempre estava estudando. Tive que trabalhar duro dentro e fora da quadra também. As pessoas hoje não fazem nada e já querem ser profissional. E não querem trabalhar para ser esse superatleta que todos sonham".

Rodeada pelos clubes Monte Líbano e a AABB (Associação Atlética do Banco do Brasil) e a uma quadra do Clube de Regatas do Flamengo, a Cruzada é conhecida por ser um "celeiro de atletas". O nome mais conhecido é de Adílio, 60, ex-jogador do Flamengo nas décadas de 1970 e 80, que formou meio campo com Zico e Andrade.

No documentário sobre a Cruzada do jornalista Lúcio Castro, Adílio e Hernani contam que precisavam pular o muro para entrar no Flamengo e participar dos treinos. Depois viam o segurança que baixava a porrada neles vibrar com seus gols e iam lá comentar com o sujeito. Se o acesso aos clubes hoje está mais fácil — o Monte Líbano abre as portas toda segunda-feira, por exemplo —, o preconceito permanece. "Fomos participar de uma corrida da Nike e o ponto de encontro era a loja dentro do shopping Leblon. Quando cheguei com os garotos, todos uniformizados, os seguranças queriam nos barrar. Depois chamei um amigo para resolver a questão e ficou tudo certo. O argumento era de que achavam que era um 'rolezinho'. Mas não dá para achar que é racismo só quando a pessoa te chama de macaco. Não vejo negros trabalhando em lojas boas, só trabalham como seguranças ou serviços gerais. Se trabalha na loja, tá no estoque, se é no restaurante, tá na cozinha ", desabafa Wagner, um dos fundadores do "Basquete na Cruzada".

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O bar do Daniel, em uma quitinete no terceiro bloco da Cruzada. Foto: Thaiane Barbosa/VICE

O professor calcula que as escolinhas de esporte mantidas como expansão do projeto que iniciou com o basquete, atendam 400 jovens e crianças, não apenas na Cruzada como também em comunidades próximas. O basquete é o carro-chefe em atração de patrocínios e parcerias, como da NBA (Liga de basquete dos Estados Unidos), que não deixa faltar material. Mas eles também estão em busca de mais parcerias relacionadas à educação, ainda com pouco retorno. "Começamos a contatar algumas escolas particulares da região para concessão de bolsas de estudo. Não adianta a gente ficar aqui até os 18 anos, a gente tem que direcionar os garotos e garotas para estudarem".

Dias antes de encontrar Raquel e Wagner, conheci a Cruzada com uma ex-moradora. Thaiane Barbosa, 28, voltou ao Leblon para fazer as entrevistas que faltavam para terminar seu mestrado em planejamento urbano pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Há um ano ela precisou sair da Cruzada porque a proprietária do apartamento pediu o imóvel para colocá-lo à venda atraída pela valorização. Sua experiência é um exemplo do seu tema de estudo, a gentrificação, que ocorre quando há substituição de moradores de menor poder aquisitivo por outros com maior renda.

Em troca de guiar esta jornalista pela estrutura e histórias do condomínio construído para abrigar famílias que moravam na favela da Praia do Pinto — como alguns de seus parentes —, Thaiane teria nas impressões de uma recém-chegada ao Rio de Janeiro um objeto de estudo. E o olhar dela está nas fotografias dessa reportagem.

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A barbearia improvisada de Alessandro na Cruzada. Foto: Thaiane Barbosa/VICE

Na entrada pela avenida Borges de Medeiros, a duas quadras da praia, há lojas de roupas e salão de beleza, fechados naquele sábado à tarde, e um entra e sai da distribuidora de gelo que funciona ali. No pátio, Alessandro improvisa uma barbearia e quebra o galho dos amigos que querem cortar o cabelo. Seguimos pela rua lateral que dá acesso aos 10 blocos do condomínio com 916 apartamentos. Parte da área comum está ocupada com cadeiras e materiais dos ambulantes que moram em bairros mais afastados e alugam o espaço próximo a praia. No pátio do bloco 5, uma adolescente interrompe o jogo com bola para saltar em frente a câmera para uma foto, do outro lado, um soldador trabalha solitário.

No caminho entre blocos, Thaiane comenta sobre a quantidade de apartamentos com portas abertas, que costumavam ser em maior número, um hábito que tem se modificado com a chegada de novos moradores. Ela também fotografa os inúmeros anúncios de apartamento para alugar, como prova das transformações e da gentrificação no local.

Em uma base entre degraus uma cadeira de rodas está estacionada. Ao ouvir o comentário sobre a dificuldade de um cadeirante em um prédio sem elevador, Shirlei Silva se junta à conversa. "O que Dom Helder fez de bom foi nos dar uma moradia decente com água potável, luz, só esqueceu do elevador e que a gente ia envelhecer. Mas eu não tenho nada do que reclamar, ele fez a igreja, fez a escola e nos deu um patamar de vida diferente, né". A auxiliar de serviços gerais está com 59 anos e mora desde que nasceu no mesmo apartamento de quarto e sala para o qual seus pais se mudaram assim que se casaram. "Meus pais saíram da igreja e foram abençoados com a chave do apartamento, como todos naquela época", conta sobre a distribuição das moradias feita pela igreja católica que tinha como critério de prioridade entregar apartamentos para famílias com filhos.

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Shirlei não gosta de praia e sonha em morar em uma casa com piscina no mesmo bairro da nora, Santa Cruz, para ter mais espaço para os oito netos que moram com ela em um apartamento de quarto e sala. "Eu gosto daqui por necessidade. Mas um dia eu vou ter uma casa para os meus netos ficarem, fazer um churrasco, tomar banho de piscina, porque aqui é muito pequeno. Ainda mais que eles tão crescendo".

Perguntada se ainda há moradores vindos da favela da praia do Pinto no condomínio, Shirlei diz que a maioria se mudou ou já morreu. Mas vai nomeando vários vizinhos por andar, a filha do fulano, aquele que é casado com ciclana. Um deles é Manoel Camilo, ou Seu Manel, sempre ativo na associação de moradores, seja na demanda por escritura, que saiu no governo de Leonel Brizola (1991-1994), quanto no convencimento do padre para liberar o dinheiro para a realização do bloco Império da Cruzada, que desfila às segundas-feiras de Carnaval há quatro anos. Com 85 anos, ele conta com riqueza de detalhes o percurso de Dom Helder Câmara para construir a Cruzada.

"Dom Helder sempre falava em suas pregações que aqueles que moram no Leblon teriam na Cruzada a empregada doméstica, a cozinheira, o eletricista, o pedreiro sem que precisasse pegar condução. Ele queria aproximar as pessoas, aproximar os trabalhadores especializados sem que tivessem que pegar condução", relembra Manoel e comenta que as coisas mudaram um pouco ao longo das décadas. Viúvo, ele acompanhou a mulher dar duro na vida de doméstica. "Hoje em dia ninguém mais quer trabalhar de doméstica. Tem que vir lá do subúrbio para trabalhar aqui. Tem outros empregos melhores. Melhor, quero dizer, é em supermercados, farmácia, melhor do que no batente…porque a mulher ficar nesse batente de casa não é brincadeira, não. Não é mole, não".

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Manoel Camilo, 85, se lembra com detalhes do processo de construção da Cruzada. Foto: Thaiane Barbosa/VICE

Foi por conta do casamento que Seu Manel passou a morar na Cruzada, embora seja antigo morador da favela da Praia do Pinto. Na época que as assistentes sociais fizeram o levantamento, ele trabalhava em Copacabana e morava provisoriamente com um amigo em Austin, em Nova Iguaçu, pois a moradia no canteiro de obras do futuro conjunto era pequena para abrigar o primo, a mulher e a enteada dele. Com o retorno para o Leblon, SeuManel e a mulher pagavam 12% do salário mínimo para a Igreja. Aqueles que moravam até o terceiro bloco pagam 8% e do oitavo ao décimo, 15%. A contribuição, segundo explica, era para financiar os próximos conjuntos e durou 15 anos.

Tachado de comunista e perseguido pelo governo estadual e federal, o então bispo auxiliar do Rio de Janeiro foi nomeado arcebispo do Recife em abril de 1964. Seu Manel lamenta a nomeação, que para ele significou a expulsão do religioso, com a certeza de que Dom Helder poderia ter coordenado a construção de muitos outros conjuntos similares, que infelizmente não puderam receber todas as famílias das favelas no entorno, como era o projeto da Igreja Católica. "Depois disso, [o governador Carlos] Lacerda criou a vila Kennedy em Bangu, em um local que ficava a três, quatro quilômetros da estação de trem e onde não passava ônibus. Depois, Negrão de Lima criou a Cidade de Deus em Jacarepaguá e a Cidade Alta em Cordovil", recorda.

Para expressar a gratidão de famílias da favela da praia do Pinto a Dom Helder, o antigo presidente da associação de moradores por mais de uma década e pastor afastado por opção, Joel Nonato lembra o samba "Obrigado, Reverendo" que narra a mudança de vida dos moradores. "A gente vivia em cativeiro, era uma situação tremenda. Ele foi nosso Moisés". Joel, de 64 anos, tinha apenas cinco quando se mudou para Cruzada com sua mãe solteira. Apesar de um lado da família ser espírita e outro umbandista nunca se sentiu discriminado. "Ela [a Igreja Católica] jogou um pouco do legalismo dela? Claro que jogou. Mas eu não me vi discriminado. Pelo contrário, fui muito bem aceito".

Joel, de 64 anos, tinha apenas cinco quando se mudou para Cruzada. Foto: Thaiane Barbosa/VICE

Alguns registros da presença das regras da Igreja na Cruzada estão presentes no estudo feito pela Sociedade de Análises Gráficas e Mecanográficas Aplicadas aos Complexos Sociais (Sagmacs) a pedido do jornal O Estado de S. Paulo. No trabalho, há registro da existência do toque de recolher mantido pelas assistentes sociais e a reclamação de um morador quanto ao regime de internato no qual eram mantidas as moças do bloco.

Como ex-presidente da associação, ele sente falta do apoio dos moradores para melhorar a estrutura do condomínio, exigir as reformas prometidas pelo governo e pelo shopping Leblon em TAC (Termo de Ajuste de Conduta). "A Cruzada está perdendo a essência dela e eu vejo como um problema. Dom Helder sempre falou que a gente deveria ser o modelo. Nós éramos pra ser modelo. Porque hoje nós temos pessoas formadas já. Pessoas que nasceram aqui, moram aqui e poderiam dar continuidade. Vejo como comunidades bem avançadas, como a Rocinha e a Mangueira. Uma vez que a pessoa é formada aqui, ela se esconde, ela fica individualista. Como é o nome da pessoa que briga? Ativista! Não tem ativistas aqui". Ele em seguida lembra do projeto do cineclube, mas acha político demais.

Uma das últimas paradas daquele sábado de dezembro foi o bar do Daniel, em uma quitinete no terceiro bloco, para dividir uma cerveja. Aproveitamos o trajeto para cumprimentar o antigo vizinho de porta da Thaiane. Depois de ouvir um resumo do dia, Edson relembra o incêndio ocorrido em 1969 que destruiu a favela da Praia do Pinto. "Minha mãe me chamou para ver aquela tragédia e eu achei que era só uma fatalidade. Foi com a monografia da Thaiane que soube que o incêndio era criminoso e entendi o motivo dos meus parentes terem sido enviados para bairros tão distantes, como a Cidade de Deus e Cidade Alta. É um conhecimento que vou repassar para os meus filhos e netos". Logo após o incêndio, as famílias que ainda moravam na favela da Praia do Pinto foram deslocadas para outros extremos do município. Em seguida, no local devastado, começou a construção de um condomínio de classe média alta, apelidado de "Selva de Pedra".

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