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O escândalo da carne brasileira cresce no mundo

Até agora, União Europeia, África do Sul, México, Japão, Chile, Suíça, China e Hong Kong e Chile anunciaram restrições à importação de carnes brasileiras.

Esta matéria foi originalmente publicada no MUNCHIES US.

Vários países estão fechando seus portos para a carne brasileira, depois da revelação que inspetores sanitários eram rotineiramente subornados para permitir a venda de carne vencida e adulterada para os mercados doméstico e internacional. A polícia federal diz que 38 mandados de prisão foram expedidos em seis estados brasileiros e em Brasília depois de uma investigação de dois anos, que começou com uma dica de um informante.

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Dois gigantes do processamento de carne – JBS e BRF – estão entre os acusados de misturar químicos, água, carne adulterada, farinha de mandioca, ácido e até cabeças de porco com carne contaminada para disfarçar aparência e cheiro. A carne podre então era vendida para consumidores no Brasil e no mundo.

A promotoria diz que as investigações revelaram um esquema onde os inspetores eram subornados para permitir que a carne ruim fosse vendida. Parte do dinheiro seria canalizada para dois dos maiores partidos políticos brasileiros – o PP e o PMBD do presidente Michel Temer. Depois da revelação do escândalo, China, União Europeia e o Chile tomaram medidas para barrar a importação de carne brasileira.

LEIA MAIS: Quais são as implicações políticas da operação Carne Fraca

O Brasil é um dos maiores exportadores de carne do mundo, com US$12 bilhões em exportações anuais para aproximadamente 150 países. Num discurso na segunda, durante o qual ele esperava acalmar o ultraje internacional, Michel Temer disse para a Câmara Americana de Comércio: "O agronegócio é muito importante para nós e não deve ser prejudicado por um pequeno núcleo [de malfeitores]". Ele chamou o escândalo de "coisa pequena".

A Polícia Federal afirma que os produtores de carne tinham o Ministério da Agricultura na lista de pagamentos. As empresas pagavam pelo direito de escolher inspetores, e tinham certificados positivos praticamente garantidos, independente da qualidade da carne. O juiz Marcos Josegrei da Silva chamou o envolvimento do Ministério da Agricultura de "chocante" e disse que "O ministério foi feito refém de indivíduos que traíram repetidas vezes suas obrigações de servir a sociedade".

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Tanto a JBS quanto a BRF negaram qualquer irregularidade. A JBS é uma das maiores processadoras de carne do mundo, com 150 fábricas ao redor do globo; a BRF se chama de "uma das maiores produtoras de proteína refrigerada e congelada do mundo".

A VICE entrou em contato com a JBS e BRF para comentários, mas ainda não recebeu uma declaração da JBS. A BRF forneceu o seguinte comentário: "A BRF nunca vendeu carne podre e nunca foi acusada disso. A menção de produtos não especificados, sob a investigação, são em relação a outras empresas, o que fica evidente no material liberado pela polícia federal brasileira. A BRF lamenta que parte da imprensa erroneamente tenha incluído o nome da empresa em reportagens que discutem a questão, confundindo consumidores e a sociedade". A BRF acrescentou que "apoia a inspeção do setor e o direito à informação baseada em fatos, sem generalizações que podem prejudicar a reputação de empresas sérias e gerar alarme desnecessário entre a população".

A JBS divulgou uma declaração na segunda onde a empresa afirma ter sido "ligada indevidamente à história". Ela afirma que "Não há alegações nas ordens do juiz de que a JBS ou seus executivos violaram a segurança de alimentos ou padrões de qualidade, ou se envolveram em qualquer irregularidade. A investigação é focada nas ações dos inspetores federais de carne brasileiros".

Michel Temer tentou garantir aos governos estrangeiros que as exportações brasileiras são seguras, mas o porta-voz Enrico Brivio disse que a UE vai "garantir que qualquer estabelecimento envolvido com a fraude seja suspenso". A China seguiu o exemplo e suspendeu o descarregamento de carne brasileira nos portos chineses. O Chile fez o mesmo.

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Até ontem, o Brasil tinha fechado três fábricas e estava barrando a exportação de carnes de outras 21 sob investigação. As vendas de carne para consumo interno no Brasil não teriam sido afetadas, mesmo que uma alegação no esquema de subornos envolva crianças no Panamá, que receberam "carne vencida, podre e com muitos produtos cancerígenos".

Enquanto isso, Michel Temer estava tentando pôr panos quentes sobre a proibição de importações do Brasil. E que jeito melhor de fazer isso que convidar os ministros para um churrasco?

Sim, isso aconteceu: As câmeras foram levadas para uma churrascaria, onde o presidente Temer comeu ostensivamente na companhia de vários embaixadores internacionais.

Fica por sua conta e risco, amigos.

Atualização - Um porta-voz da JBS deu a seguinte declaração para a VICE: "A ordem do tribunal federal que desencadeou a operação não menciona qualquer problema afetando a segurança ou qualidade de nenhum produto da marca JBS. A lamentável notícia de adulteração de produtos relatada pela mídia não envolve nenhuma marca JBS. Nenhuma unidade da JBS foi fechada pelas autoridades. Apesar do que foi reportado por alguns meios de comunicação, nenhum executivo ou funcionário da empresa recebeu qualquer ordem judicial".

Tradução do inglês por Marina Schnoor.

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