Música

Rica Pancita analisa os lançamentos da sexta #139

Moral da semana: artista que não respeita prazo atrasa o lado do trabalhador.
rica 25_10

Alô povo brasileiro.

Entrego-lhes a humilde lista de lançamentos da semana, um pouquinho atrasado porque tem que ver também que tem alguns artistas que não respeitam os prazos, e aí complica a vida do crítico musical.

Vamo agilizar então, pra todo mundo poder tar aproveitando a sexta melhor (ou o dia que você estiver lendo isso, ninguém é obrigado a ler só numa sexta). Introdução curta é a onda do futuro.

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Beleza? Beleza.

----AS TOPS----

Ariel Pink - Odditties Sodomies Vol. 2
Lo-fi no máximo do lo-fi, as vezes exageradamente lo-fi no nível “eu não acredito que vou ter que aumentar o volume ainda mais pra entender o que tá acontecendo aqui”. Mas fora isso são ótimas músicas que parece demo de banda gotiquera dos anos 80, incluindo uma cover de “The Night Has Opened My Eyes” do Smiths, com um vocal muito de Smiths. Só sucesso. A não ser que você seja desses “audiófilos” que precisa de som muito limpinho, que só baixa FLAC, que se incomoda com som mais abafadinho. Aí pode num curtir tanto. Pra mim tá show.

Rufus Wainwright - “Trouble In Paradise”
Meteu um Todd Rundgren aí que tá bem bonito o som. Sinceramente não acompanho o respectivo senhor pra saber se sempre foi essa a onda dele, mas gostei legal. Melodia vocal com o corinho de fundo bonito demais, guitarrinha entrando só pra dar uma moral na base de piano. Tudo top.

----AS BOAS----

Anna of the North - Dream Girl
Pop muito muito bom. Só som animadinho, altas influências de R&B, produção de qualidade, vocal muito do bonitinho. Tem uma e outra que é muito clichêzona, com grande potencial de ser “pula-faixa” (o bloquinho final é muito pula-faixa). Mas na maioria gostei bem.

Ronaldinho Gaúcho - “O Segredo do Feijão”
Fui pesquisar, e o Ronaldinho anunciou essa música em março, em parceria com o Xande de Pilares e Ederson Melão. Mas enfim, saiu agora só. Baita pagodão, eu sinceramente não consigo notar quando que é o Ronaldinho cantando, porque parece que ele dá uma forçada na voz pra ficar mais grave, mas enfim. Gostei bem.

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Selena Gomez - “Look At Her Now” e “Lose You To Love Me”
A primeira tem uma batida latina muito de leve, grudentinha, nada de grandes coisas mas é legal de ouvir esses barulhinho de boca “hum hum hum dabadabadaba”. Montaram legalzinho o som. A segunda é no piano. E aí artista pop no piano cê já se prepara pra vir a farofona na sua cara. Dessa vez veio pouca farofa, mas veio. Num dá pra ficar imune. Mas enfim, passa.

Courtney Barnett - “Keep On”
Rockzera, o famoso “calcado no blues”. Um tanto longa demais para uma rockzera calcada no blues, quando passou lá dos 3:30 eu já tava achando que já tava bom de rockzera calcada no blues, mas ainda tinha 1 minuto de refrão pra rolar. É bom, mas cabia um cortezinho aí, um radio edit.

Projota, Mario Bautista, Orishas - “Qué Pasa”
Eu não faço a menor ideia do que está acontecendo aqui, mas achei um latin pop bem bem legal. E isso que eu (nós) sou bombardeado com centenas de latin pop toda semana. Tem uma base maneira, batidinha que num inventa muita coisa também, vai só no necessário, tem lá seu groovezinho. Gostei, parabéns para os envolvidos.

----AS NÃO BOAS----

James Blunt - Once Upon A Mind
É exatamente um disco do James Blunt. Aí como você interpreta essa informação aí é com você. Não tem nada “nossa, jamais imaginaria que o James Blunt iria fazer um som assim”, não. É só os sons que óbviamente o James You Are Beautiful iria fazer. Aquela batidinha de violão lá, o vocal homem sensível carregadíssimo em certas faixas, tamanha a sensibilidade, uma e outra com batidinha eletrônica dedinho pro alto, etc. Num é muito a minha não.

Coldplay - “Orphans” e “Arabesque”
Bem sucinto, a primeira faixa é aquele pop rock deles lá, incluindo coralzinho “uhh uhh”, coralzinho no refrão, bem farofa. A segunda faixa dá uma enganada por ser mais longa (5 minutos), então quase não dá pra notar a melodia basicona de tudo, porque tem um solo de sax que dá um tchans na faixa. Mas enfim, melodia basicona de tudo. Tudo mediano.

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Mumford & Sons - “Blind Leading The Blind”
É quase um folk metal de banjinho. Eu sinceramente acho esses folk rock meio caído, mas tem lá o seu público né. Eu acho uma estrutura muito da manjada já. Tá bem feito, mas é isso aí que eu falei aí. Acho médio bem médio.

----O KANYE----

Kanye West - Jesus Is King
Então…. Obviamente não é a primeira vez que um disco do Kanye West aparece nessa coluna, então quem já viu antes deve ter percebido que eu não compartilho da mesma empolgação que boa parte da crítica especializadíssima em raps. Inclusive uma grande coincidência eles serem especializadíssimos em rap, enquanto eu só palpito sobre as coisas com base no meu conhecimento rasteiro acerca da música. Importante essa introdução acerca de mim mesmo pois:

Não compartilho da mesma empolgação de boa parte das opiniões que li (no Twitter) sobre esse disco. Não mesmo. Tudo bem que tem uns que emocionou demais, mas aí tá no direito também. Música é pra isso mesmo. Mas putz, li tanta opinião nessa última hora (faz 1h que foi lançado), que nem sei o que que sobrou pra falar.

Mas vamo lá, que eu tô aqui pra isso: é um bom disco, é bom também que é curtinho que aí num tem risco de cansar. A forma que foi organizada as faixas ficou legal também que é tipo louvor-coral-batida-discursinho-batida-um meio que barbershop-etc-etc. Pelo que chegava pra mim do Sunday Service eu tava esperando mais mass choir, mais música gospel, tipo o Bible of Love que o Snoop Dogg fez ano passado, só que com uma produção mais PÁ (o do Snoop num tinha umas batida pá). Logo as mais gospel foram as que eu gostei mais (“Selah”, “God Is”, essas onda). Também merece destaque a participação não-irônica do Kenny G, artista que é consumido ironicamente até pelo próprio Kenny G. Isso aí foi legal também. Disco bom, não tenho a menor vontade de ficar ouvindo mais vezes, aceito minha ignorância musical e é isso aí. Se eu não for cancelado, volto semana que vem.

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