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Música

Sesc Pinheiros abre espaço para o experimental na série Exploratório

Com shows de Acavernus e Thomas Rohrer & Phillip Somervell, o projeto abre sua série de apresentações nesta quarta (8).
Acavernus: Paula Rebellato (Foto por Carlos Issa)

A cena de música experimental em São Paulo encontrou, nos últimos anos, um equilíbrio confortável para seus poucos participantes. Com os festivais que dela surgiram – como o Festival de Música Experimental (FIME) e o Festival de Música Estranha – e as pequenas casas que acolhem esse tipo de shows já estabelecidas, não há muito espaço para a novidade. Querendo ou não, a música experimental na definição mais estreita do termo (que acopla o noise, o drone, gravações de campo e abordagens do ruído em geral) continua sendo um gênero de nicho, e é de se esperar que este chegue ao teto de seu potencial de crescimento em algum momento. Não é sempre, afinal, que novos espaços se abrem a esse tipo de linguagem.

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Mas um projeto de ampliar esses espaços foi tirado da gaveta em 2017. Idealizado por Frederico Finelli, cabeça da agência de booking de shows Norópolis e do selo Submarine Rec, e por Angela Novaes, à frente da produtora Brava, o projeto Exploratório, entusiasta das linguagens e abordagens experimentais, dá as caras no Sesc Pinheiros nessa quarta (8).

"Sugeri um recorte de música experimental, improviso livre, audiovisual e música exploratória em geral, daí o nome do projeto", conta Frederico, que enviou uma proposta ao Sesc há quase dois anos, juntamente com uma lista de sugestões de nomes para se apresentar no festival. Segundo Fred, os produtores foram receptivos, mas o projeto permaneceu parado até a entrada de Rômulo Inácio. "O projeto começou essa ideia no intuito de dar um espaço pra essa cena de música experimental em São Paulo porque é bem forte aqui, tem muitos movimentos e selos diferentes, e vem crescendo", me diz Rômulo, por telefone.

A série bimestral de concertos começa com apresentações do projeto Acavernus e da dupla Thomas Rohrer & Phillip Somervell. Os dois nomes já constavam na lista de Fred mas, segundo ele, é possível que o projeto trabalhe mais com a pesquisa musical de Rômulo a partir de sua segunda edição.

Thomas e Phillip começaram a trabalhar juntos em 2015, trabalhando com improvisação livre, e se encontraram uma vez por semana para ensaiar. As gravações desses ensaios foram o ponto de partida para rohrer/somervell, lançamento digital e em fita cassete via Submarine Rec que saiu ao final de 2016. "Variamos muito de instrumentos. O Phil ficou mais no piano, depois começou a usar alguns eletrônicos, pequenos sintetizadores, outras gravações de campo. Eu também usei saxofone soprano, rabeca como base, objetos amplificados diversos, gravações", diz Thomas. "Vi um concerto [quando eles começaram a tocar juntos] e um agora. É um trabalho que vem crescendo bastante. Pesquisas de timbre que o Thomas já desenvolvia tomam outro espaço ali com ele e o piano só", pondera Rômulo.

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Já Acavernus, trabalho solo da paulistana Paula Rebellato – que também toca no trio Rakta – surgiu em meados de 2013 como uma proposta audiovisual. O projeto começou como um blog em que Paula postava textos ("tentativas de poesias, fluxos de pensamento") e, mais tarde, como uma série de vídeos experimentais que Paula passou a sonorizar. "A primeira vez que eu toquei, eu projetei um desses vídeos que eu fiz e toquei um som ao vivo. Depois, nunca mais toquei [com vídeo]. E agora, no Sesc, eu estou fazendo um vídeo pra apresentar junto com o som", conta.

O Exploratório não é a primeira parceria entre a Norópolis e o Sesc. Segundo Fred, a produtora vem fazendo shows nos diversos Sescs desde 2003 (como Hurtmold, Matana Roberts, Tim Kinsella, Tortoise, etc). Trabalhar com uma série de concertos de artistas de uma cena tão fechada em si mesma, porém, pode ter um peso diferente.

"A partir do momento que as pessoas começam a colar, a coisa ganha força, e é mais um espaço aberto para esse tipo de expressão artística, o que a gente sabe que é difícil", diz Fred. "O Sesc enquanto instituição ainda não tem um espaço fixo pra essas propostas, [então] projeto está nascendo no intuito de virar um espaço pra essa aproximação afetiva do público com esse tipo de linguagem", conclui Rômulo.

Exploratório
Sesc Pinheiros
8/2, às 20h30
R$ 25