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Sexo

Guia VICE para Ejaculação Feminina

Não é truque!

Até recentemente, ejaculação feminina era considerada um tipo de fetiche um tanto dúbio, tendo até mesmo ganho o seu subgênero no pornô hétero com títulos bem pouco apelativos, tipo Esguichando Orgasmos e (juro que não é brincadeira) Festa do Esguicho Fedido e Manchado e Perverso. Se assistir a esses vídeos, você provavelmente pensará que tudo é só uma grande fraude, como se essas minas colocassem uma mangueira lá dentro e estivessem jorrando água, ou talvez estivessem simplesmente mijando. Mas não é truque. É divertido, e você sabe mais sobre isso do que pensa.

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Provavelmente, se você alguma vez já sentiu que iria fazer xixi durante o sexo, o que você realmente sentia era o começo de uma ejaculação, que é precisamente porque ejacular pela primeira vez pode ser tão alarmante. Você fica toda, “Caralho, será que eu acabei de me mijar? Será que sou mega pervertida?”.  Bom, sim, você é pervertida, mas não porque se transformou na rainha da golden shower. Você é perva porque você curte esguichar.

Parabéns! Você agora poderá impressionar a família e amigos com sua nova habilidade de dar uma gozada como um cara. É até melhor do que a velha e chata ejaculação masculina, porque se você colocar o nariz na coisa, vai perceber que quase não tem odor nenhum e é tudo claro como água. Não sei de onde veio a reputação de “não sinta nojo” do negócio. Várias discussões sobre o assunto sugerem colocar um absorvente ou um daqueles seca-pipi (para treinar filhotinhos a fazer xixi em casa) embaixo de você para absorver toda a meleca. Isso soa como um grande corta-barato pra mim. O líquido é tão incolor que dá pra marinar o seu colchão inteiro nele e ninguém vai perceber.

Então o que é essa substância? Basicamente é como o sêmen, só que sem os espermatozóides. Não é exatamente claro do que é feito (os médicos estão ocupados demais inventando o Viagra e curando o câncer de próstata, em vez de simplesmente cortar a coisa fora como peitos infectados), mas ouvi dizer que tem proteína e glicose na mistura. É um fluido ejaculativo criado por dutos na glândula parauretral localizada dentro da esponja uretral, também conhecida como Ponto-G. O Ponto-G não é um lugar mágico cheio de mitos e mistérios que somente homens que usam roupa de couro e correntes douradas conseguem achar. Se você meter o dedo na sua vagina e fizer um gesto de “vem cá”, você vai notar uma área esponjosa e inchada na parede de cima da vagina, um dedo ou dois da entrada. É isso aí. Se você ou o seu parceiro massagearem essa área como se estivessem, gentilmente, tentando apertar o fluido (normalmente combinado ao estimulo convencional do clitóris), você pode definitivamente ejacular femininamente. Você só tem que relaxar, e se sentir que vai mijar, não segure. Use o seus músculos para empurrar pra fora. Você provavelmente vai sentir uma sensação meio aquosa saindo de você, que é diferente do seu exclusivo orgasmo clitorial. É diferente para todo mundo, mas se prestar atenção, logo vai perceber os sinais sozinha.

Ah sim, também ajuda a exercitar os seus músculos pubococcígeos (ou PCs). Sabe, acontece que o clitóris é na verdade maior do que aquela pontinha que todos nós curtimos e amamos. O tecido erétil do clitóris se estende completamente em volta da uretra, e exercitando seus músculos PCs (que são os que cortam o fluxo da urina), você pode aprender a controlar a sua ejaculação. Mesmo que você ignore completamente esses músculos, ainda vai conseguir ejacular, mas provavelmente não vai esguichar muito longe. Vai ser mais como um gotejamento, ou um vazamento, o que é normal também. Você já notou como ocasionalmente depois de uma trepada forte aparece uma pocinha embaixo de você? Aquilo não é suor de cu. Você provavelmente ejaculou e nem percebeu.

Não se sinta desencorajada com essa conversa de esguichos mirabolantes. São provavelmente as mais experientes que relatam que fazem competições de quem esguicha mais longe ou mais alto (leia os relatos do especialista em sexo lésbico Tristan Taormino sobre tal evento em Pucker Up). Os profissionais sugerem fazer 100 flexões diárias, que parece ser muito, mas uma vez que isso é invisível aos outros, você pode fazer a qualquer hora – enquanto dirige, espera na fila do pão, falando com sua mãe no telefone etc. Pessoalmente, eu não consigo fazer mais de 20 sem ficar molhada.

Isso soa confuso? Talvez valha a pena pegar um vídeo institucional chamado Como Ejacular Femininamente. Provavelmente o sex-shop só de mulheres do seu bairro tenha uma cópia desse guia da ejaculação feminina. Além disso, o vídeo é hilário. Ele é narrado por uma doida chamada Fanny Fatale, que é a editora sapata do jornalzinho On Our Backs [Nas Nossas Costas, em português] e é diretora da Fatale Videos, que faz vídeos lésbicos de qualidade. Ela usa óculos daqueles modelos aviador e um blazer roxo enquanto dá dicas com uma voz mansa, como: “Dançar exercita os músculos PCs, especialmente as danças africanas, striptease e dança do ventre!”. Ela fala como uma professora de sexualidade malucona que está realmente feliz com o trabalho, e podemos ver um close da sua vagina, bem aberta com um espéculo, enquanto calmamente aponta para o Ponto-G para a gente e faz a demonstração de como flexioná-lo. Eu deveria enfatizar que esse vídeo é bem pouco erótico, a menos que sua definição de erótico seja quatro mulheres mais velhas que se parecem com sua mãe enroladas em uma toalha discutindo os aspectos sócio-políticos da ejaculação feminina, enquanto uma moça amedrontadora sadô-masô magrela mostra a língua e esguicha até o outro lado da sala. Minha parte favorita é quando essa mulher descreve o gosto da ejaculação como uma mistura de pipoca de manteiga e alga seca. As outras mulheres ficam meio: “Hm, acho que não”.

Com apenas um pouco de pesquisa e esforço, você vai distribuir colares de pérola pela vagina como um magnata italiano. Seja pioneira! Pegue uns vídeos. Meta os dedos lá dentro e abrace o emocionante futuro do sexo.