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Pessoas explicam as piores tatuagens caseiras que já fizeram

Ingleses nos mostraram suas tattoos “ilegais” e contaram as histórias por trás de cada desenho.

Esta matéria foi originalmente publicada na VICE US .

Em agosto deste ano, uma organização representando governos locais do Reino Unido disse que tatuadores "ilegais" deveriam sofrer uma punição mais severa por marcar crianças com rabiscos para sempre. Justo, né. Pessoas sem conhecimento ou experiência com tatuagem provavelmente deveriam ficar longe de crianças.

Na Inglaterra esses tatuadores são conhecidos como "scratchers", e geralmente trabalham em "estúdios" em casas, quartos de hotel, parques públicos e outros locais pouco higiênicos, sem licença – ou seja, ilegalmente – e anunciam seus serviços nas redes sociais. Mas só porque eles não avisam o governo local que estão tatuando, significa que o trabalho deles é inerentemente ruim?

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Alguns amigos ingleses nos mostraram suas tattoos "ilegais" – qualquer uma feita por "artistas" que não eram tatuadores – para saber qual é a real da história.

DENTE MEIA-BOCA

Foi em 2008, eu tinha 18 anos. Eu e uns amigos fomos para a casa do Ste bebendo Zeppelin, uma cidra vagabunda horrível que é a mais barata do mercado. Minha amiga Stacie tinha feito uma tatuagem caseira usando henna indiana e uma agulha de costura presa na ponta de um lápis, e a gente decidiu que todo mundo precisava fazer uma também. Acabei ficando por último, na hora em que todo mundo estava mais bêbado. Eu disse que queria um dente porque era minha forma favorita (também era uma referência ao meu blog da época, rs). Acontece que dentes são difíceis de desenhar três litros de cidra na cabeça, e quando vi que o desenho não estava saindo como eu queria, peguei a agulha da mão da Stacie e corrigi o erro sozinha, com tinta. Acordei morrendo de vergonha daquela porcaria no meu tornozelo, mas aprendi a amar essa tattoozinha e hoje ela é provavelmente uma das minhas tatuagens favoritas.

– Rhiannon

SKATISTA MACONHEIRO

Ano passado, numa tour de skate em Barcelona, nos escondemos da chuva na casa do meu amigo Paul. Paul, que não é tatuador, já tinha fumado uns becks antes de chegarmos, aí pegou sua máquina de tatuagem e perguntou o que a gente queria fazer, e eu respondi "inventa alguma coisa, cara". Ele rabiscou num papel um bong andando de patinete com o texto "SK8 OR DIE" embaixo. A gente quase se mijou de rir, então meu amigo Pete e eu tatuamos o mesmo desenho.

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- Kyle

VAMOS TODOS MORRER

Meu amigo me disse que conhecia um cara do trabalho que tatuava de graça na casa dele, então decidi aparecer lá. Ele não conseguia fazer a agulha funcionar, o que me deixou ligeiramente preocupado. Ele tinha um caderno de desenhos, então basicamente fechei os olhos e apontei qualquer coisa. Escolhi essa tatuagem: "NOPE", escrito numa lápide. Achei que era legal porque "é, cara, eu nunca vou morrer!" Duas semanas depois, a tinta inchou e a tattoo começou a coçar demais. Isso foi oito meses atrás. Ela ainda coça pacas, e agora estou com medo de morrer mesmo.

- Tom

BOLOTA CAOLHA

Quando eu tinha 17 anos, arranjar uma máquina de tatuagem parecia a melhor ideia do mundo para os meus amigos e eu. Não como empreendimento; a gente só queria desenhar pintos e palavrões uns nos outros mesmo. Como o único da turma que já tinha tatuagem, me voluntariei a ser a cobaia quando a máquina finalmente chegou na casa dos meus pais. Depois de pegar a primeira figura que vi na frente – um livro infantil do Mr. Men que eu ainda tinha – desenhamos a imagem da capa na minha perna e começamos a furar.

Não sei o que deixou a tattoo mais tremida – meus amigos não terem a menor ideia do que estavam fazendo ou meu medo de que meus pais chegassem e pegassem a gente no flagra. Resumindo a história: meu amigo não terminou o trabalho e eu tive que acabar o serviço sozinho. Nossa carreira como tatuadores não durou muito mais, fora escrever "Cuida da tatuagem que eu cuido dos negócios" na bunda de um amigo nosso.

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Observação: Um dos olhos ficou tosco porque briguei com uma mina numa festa enquanto a tatuagem estava cicatrizando, e ela me deu um chute na canela, bem no olho do meu Mr. Bumb. Foi triste.

– Mitch

A RESSACA DO MARINHEIRO

Isso foi em 2008. Eu tinha ido para a balada na noite anterior e estava acordado a mais de 24 horas. Alguém me ligou lá pelas 11 da manhã perguntando como eu estava e eu só respondi "Nunca mais". Eu estava sentindo a sétima cerveja Red Stripe bater e precisava de companhia, então quando meu amigo – um moleque straight-edge clássico – me ligou perguntando se eu não queria ir para a casa dele em Caledonian Road para fazer uma pequena tattoo do "Marinheiro Jerry" na perna, que iria combinar com meu humor e ajudar o portfólio dele, me pareceu uma boa ideia.

O contorno já estava estranho, mas perdi a consciência algumas vezes durante o processo e não pensei realmente no resultado. Quando ele terminou, percebi que a "pequena tatuagem" tomava quase um lado inteiro da minha batata da perna. Eu era praticamente um alcoólatra e percebi então que era portador de uma tatuagem irônica. Olhei para minha perna sangrando e para a cara de orgulho do moleque e fui correndo para o banheiro para vomitar. Nunca mais.

Continuei fazendo coisas assim todo mês nos dois anos seguintes.

– Oliver

COBAIA DE TATUAGEM

Eu estava em Budapeste com amigos, ficando num hostel com um cara grande e barbudo de lá que prometeu levar a gente para conhecer a cidade se pagássemos uma cerveja para ele. Quando paramos para comer alguma coisa horrível, mencionei que queria fazer uma tatuagem na cidade, e nosso amigo gordo bêbado disse que conhecia o cara perfeito para o trabalho.

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Naquela tarde, o cara nos levou para o que parecia ser um armazém. Quando ele bateu na porta de ferro, um homem com uma cicatriz enorme na cara abriu e nos deixou entrar. Lá dentro, nos disseram que era lá que uma gangue local guardava dinheiro e drogas, e que o meu futuro tatuador – que não era um tatuador de verdade, mas tinha todo o equipamento – tinha acabado de sair da cadeia por porte ilegal de arma de fogo. Ele pegou um revólver para demonstrar. Era a primeira vez que eu via uma arma pessoalmente. Comecei a suar pacas.

Bom, eu disse para ele que queria um trem, porque eu e os meus amigos estávamos viajando de trem pela Europa na época, e ele tinha o contorno de um trem do Monopólio no computador dele. Eu disse "É, tipo isso, mas com uma vibe mais tatuagem, sabe?" Ele me ignorou e fez exatamente o que tinha impresso, bem mal, aí tentou convencer meu amigo a fazer um Frankenstein nas costas. Foi uma experiência bizarra, assustadora e bem pouco higiênica, mas já faz quase dez anos e continuo vivo. Então, se não peguei uma doença sanguínea que está só esperando para se manifestar, acho que deu tudo certo!

- Jamie

NOPE DE NOVO

Cheguei a Londres no final de agosto de 2015, juvenil e inocente. No segundo dia no emprego, sentei perto de alguém que parecia um cara OK. A gente tinha alguns interesses em comum, como música, e pronto, ele estava começando a tatuar na casa dele. Perfeito. Discutimos o desenho, ele fez um monte de rascunhos e a gente combinou de fazer o trabalho no domingo seguinte.

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O que era para ser uma sessão civilizada de tatuagem acabou num caos completo depois de algumas cervejas e telefonemas. Imagine só, eu ainda achava que era uma boa ideia continuar, e acabei com uma tatuagem de lápide com "NOPE" escrito por volta da uma da manhã. Acordei no dia seguinte sem lembrar de nada e com um sentimento curioso de que tinha alguma coisa errada.

Coisas profissionais: Eu vi plástico filme em algum lugar – e ele tinha aquelas garrafas de esguichar que os tatuadores profissionais usam.

Coisas menos profissionais: Ele dava uma risadinha sempre que a agulha chegava perto da minha pele e fez exatamente a mesma tatuagem em outra pessoa alguns dias depois.

Mas não foi tão ruim assim, já que voltei lá depois e pedi para ele tatuar suas iniciais embaixo do desenho. Obrigado, RDF.

– Tim

Tradução: Marina Schnoor

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